Os jornais buscam uma caminho para escapar dos 30% de comissão cobrados pela Apple na App Store (Chris Graythen / Getty)
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2011 às 14h44.
São Paulo -- Atualmente, a distribuição das versões digitais para tablets dos grandes jornais do Brasil acontece separadamente, dentro do aplicativo móvel desenvolvido por cada um desses diários. E se fosse criada uma espécie de banca de jornais virtual, dentro da qual fosse possível encontrar as edições digitais de O Globo, Estadão, Folha, Lance etc? Essa ideia está em discussão no âmbito do Comitê de Estratégia Digital da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a expectativa é de que se torne realidade até o fim do ano.
"É melhor vendermos juntos do que separados. A união faz a força", explica o vice-presidente da diretoria de circulação da ANJ e presidente do grupo Lance!, Walter Mattos Jr. Será também uma maneira de não depender exclusivamente da App Store, da Apple, para as vendas digitais no iPad, já que a empresa retém 30% da receita obtida com essas transações.
Serão criados uma marca para essa loja digital unificada e um website, que servirá como ponto de acesso para os dispositivos móveis. A receita publicitária oriunda dos banners nesse ambiente será compartilhada. Tecnicamente, será possível, também, oferecer pacotes com assinaturas ou exemplares avulsos de jornais de grupos editoriais diferentes. Os membros da ANJ que aderirem à iniciativa definirão em conjunto regras de governança para esse ambiente virtual.
Ainda não foi escolhida a empresa que cuidará do desenvolvimento da loja. Um dos requisitos é que a plataforma consiga dialogar com os sistemas dos jornais e os aplicativos móveis já lançados, independentemente da tecnologia utilizada. Não está descartada uma parceria eventual com revistas mensais e semanais.
Apple e Google x jornais
Os jornais brasileiros não serão os primeiros a se unirem no mundo digital. Experiências similares estão em andamento na Espanha e na França. "Os jornais acreditam que é preciso articular os esforços para se beneficiarem mutuamente neste momento em que se valoriza cada vez mais o conteúdo digital, principalmente nos tablets, mas também nos smartphones e laptops", explica Mattos Jr.
Em uma época em que Apple e Google dão as cartas no jogo mundial de conteúdo móvel, tornam-se cada vez mais importantes iniciativas como essa da ANJ, unindo um setor em prol de seus interesses comuns. Os primeiros efeitos serão sentidos quando os jornais forem negociar em conjunto a inclusão dessa loja unificada em novos tablets, em vez de manter conversas separadas com os fabricantes, como acontece atualmente.
Vale lembrar que algumas das grandes editoras de livros do Brasil – Record, Rocco, Planeta, Sextante, Objetiva e outras – seguiram um caminho parecido ao criar a DLD, uma distribuidora unificada de livros digitais.