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Japão aposta US$ 67 bilhões para voltar a ser potência global em chips

Empresa recém-criada, a Rapidus Corp., quer produzir em massa chips de 2 nanômetros de última geração em 2027, a partir do zero

Chips: governo japonês percebeu uma oportunidade de aproveitar a preocupação de Washington com a segurança da cadeia de suprimentos (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Publicado em 21 de fevereiro de 2024 às 06h16.

O Japão está investindo US$ 67 bilhões em uma aposta arriscada para reviver sua capacidade de produção de chips e isolar sua economia das crescentes tensões entre EUA e China, segundo informações da Bloomberg.

Uma empresa recém-criada, a Rapidus Corp., quer produzir em massa chips de 2 nanômetros de última geração em 2027, a partir do zero. Pelos padrões da indústria, é um desafio implausível para uma empresa de 18 meses em um país que ficou muito atrás dos rivais estrangeiros na produção de semicondutores.

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Mas, com os EUA e a China disputando o acesso à mais recente expertise e equipamentos de fabricação de chips, o governo japonês percebeu uma oportunidade de aproveitar a preocupação de Washington com a segurança da cadeia de suprimentos para voltar a entrar em um jogo que um dia dominou.

Chips avançados servirão como a base para uma dúzia de tecnologias críticas, incluindo inteligência artificial, sistemas de armas e veículos elétricos. Uma grande parte da produção global se concentra em Taiwan e Coreia do Sul, deixando os suprimentos vulneráveis a tensões regionais.

Em menos de três anos, o Japão reservou cerca de 4 trilhões de ienes (US$ 26,7 bilhões) para revitalizar sua capacidade de produção de semicondutores. O primeiro-ministro Fumio Kishida visa um apoio financeiro para a indústria de 10 trilhões de ienes com a participação do setor privado. Entre os objetivos, está triplicar as vendas de chips produzidos domesticamente para mais de 15 trilhões de ienes até 2030.

A nova estratégia de chips do Japão tem dois principais eixos. Primeiro, o país está buscando se estabelecer novamente como um local privilegiado para a fabricação de chips, atraindo para o Japão os maiores nomes da indústria com subsídios generosos de até metade dos custos de instalação.A segunda e mais ambiciosa parte da estratégia é o projeto Rapidus em Hokkaido, destinado a restaurar o lugar do Japão na vanguarda dos chips.

Já Tóquio pode dizer que obteve algum sucesso no primeiro eixo. A maior fabricante de chips do mundo, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co., tem uma fábrica de US$ 7 bilhões se aproximando da produção no sul do Japão, com outra a caminho e conversas sobre uma terceira. O gigante taiwanês percebeu rapidamente que os projetos de chips parcialmente financiados por Tóquio podem sair do papel muito mais rapidamente do que nos EUA ou em outros países.

Ao aproveitar a expertise dos principais fabricantes do mundo, o Japão espera recriar ecossistemas relacionados a chips que proporcionem emprego e crescimento para suas economias regionais.Ao mesmo tempo, esses movimentos ajudarão a fortalecer as credenciais do Japão como um aliado-chave em uma cadeia de suprimentos global liderada pelos EUA, comprometida em manter a linha de produção de semicondutores vitais em funcionamento para tudo, desde smartphones e carros até os mais recentes sistemas de mísseis.

A segunda parte da estratégia de Tóquio parece muito menos certa. O projeto Rapidus gerou tanto entusiasmo quanto dúvidas. Seu sucesso depende de alcançar um grande salto tecnológico sem ter ideia de quão caro ou confiável será o produto final - ou se haverá compradores.

Por outro lado, o Japão pode contar com os EUA como seu aliado desta vez, e não seu adversário tecnológico - como foi o caso em 1986, quando Washington pressionou Tóquio a limitar suas exportações de chips. Como parte do projeto Rapidus, a IBM está treinando cerca de 100 engenheiros japoneses veteranos em Albany, Nova York, para colocá-los a par da expertise em chips dos EUA.

"Somos parceiros, aliados, colaboradores para garantir que nossa segurança nacional, nossa segurança econômica estejam alinhadas, porque a ameaça vem de outro lugar. E esse outro lugar é a China", disse o embaixador dos EUA no Japão, Rahm Emanuel, à Bloomberg. "Estamos no mesmo barco e estamos remando na mesma direção."

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