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Já comeu (lixo) plástico? Metade das tartarugas marinhas já

A poluição dos oceanos tem ganhado proporções alarmantes, mostra estudo

Agonia: a ingestão de detritos plástico pode causar asfixia, ferir órgãos internos do animal e até levá-lo à morte por inanição. (Getty Images)

Agonia: a ingestão de detritos plástico pode causar asfixia, ferir órgãos internos do animal e até levá-lo à morte por inanição. (Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 20 de setembro de 2015 às 08h20.

Última atualização em 5 de abril de 2021 às 16h29.

São Paulo - A poluição dos oceanos por resíduos plásticos tem ganhado proporções inimagináveis, com consequências catastróficas para a vida nesse ecossistema. Um das vítimas desse tipo de poluição é a tartaruga marinha.

Um estudo internacional liderado pela Universidade de Queensland, na Austrália, revelou que mais da metade das tartarugas marinhas do mundo já ingeriram plástico e outros detritos produzidos por humanos. A pesquisa, divulgada esta semana, foi publicada no periódico científico Global Change Biology.

"Atualmente, os plásticos estão sendo produzidos a uma taxa de crescimento exponencial, mas globalmente a nossa tecnologia e capacidade de eliminação de resíduos não está aumentando no mesmo ritmo", disse a líder da pesquisa Qamar Schuyler ao jornal The Washington Post.

Estima-se que de 4 a 12 milhões de toneladas de plástico são despejados em nossos oceanos anualmente.

A ingestão de detritos plásticos pode ferir e até matar tartarugas, bloqueando seu intestino, perfurando sua parede intestinal e liberando produtos químicos tóxicos nos tecidos da criatura.

E mesmo que o plástico não cause feridas internas, o animal ainda corre risco de morrer de inanição - algumas tartarugas simplesmente param de se alimentar porque sentem o volume "indigesto" no estômago.

Para investigar esse problema, a equipe usou modelos preditivos em combinação com dados de autópsias de tartarugas mortas. Mapas da população de tartarugas marinhas foram sobrepostos às distribuições de plástico nos oceanos, e, em seguida, foram incluídos os dados de necropsias dos animais.

Estes dados, em combinação com outros fatores, como observações de encalhe das espécies, deram aos pesquisadores as informações necessárias para modelar o risco de ingestão de detritos das tartarugas.

Eles descobriram que as tartarugas marinhas sob maior risco de ingerir lixo plástico localizam-se na costa leste da Austrália e América do Norte, Sudeste Asiático, África do Sul e Havaí, regiões que concentram uma grande quantidade de detritos e alta diversidade de espécies.

Recentemente, um grupo de biólogos marinhos da Costa Rica encontrou uma tartaruga ameaçada com um canudo de plástico de 12 centímetros alojado na narina.

Os biólogos filmaram a operação de extração do detrito, que durou agonizantes 8 minutos. Veja no vídeo abaixo.

ATENÇÃO: IMAGENS FORTES

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