Intel não conseguirá acompanhar a Lei de Moore em sua próxima linha de processadores
A empresa anunciou que não conseguirá dobrar o número de transistores na linha 2016 de seus chips
Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2015 às 07h27.
Antes de fundar a Intel nos anos 1960, o engenheiro Gordon Moore fez uma previsão ousada sobre o crescimento exponencial do número de componentes eletrônicos nos circuitos integrados: o número de transistores iria dobrar a cada dois anos.
A previsão se mostrou bastante precisa, sendo batizada de Lei de Moore. Nas últimas décadas, a Intel conseguiu acompanhar o ritmo de crescimento previsto por seu criador, lançando processadores cada vez menores a cada dois anos. Mas, pela primeira vez, a empresa anunciou que não irá dobrar a densidade de transistores na próxima geração de seus processadores.
Para conseguir acompanhar a Lei de Moore, a Intel usa um processo chamado de "tic-tac", que alterna a diminuição dos processos de fabricação (os "tics") com melhorias na arquitetura dos transistores (os "tacs").
No ano passado, a Intel conseguiu instalar transistores de 14 nanômetros nos processadores Broadwell (um "tic"). No final de 2015, a linha Skylake terá transistores com o mesmo tamanho, mas com melhorias em sua arquitetura (um "tac"). Dessa forma, se a Lei de Moore fosse seguida, era de se esperar que processadores com transistores ainda menores fossem lançados em 2016.
Mas a Intel anunciou que essa linha de chips, batizada de Kaby Lake, irá continuar a usar transistores com 14 nanômetros. A empresa afirmou que a próxima diminuição de tamanho desses componentes irá acontecer apenas na segunda metade de 2017, quando a Intel irá instalar transistores de 10 nanômetros na família de processadores Cannonlake.
Durante uma conversa com acionistas da empresa, realizada na quarta-feira (15), o CEO da Intel, Brian Krzanich, disse que chegou a hora da Lei de Moore sofrer uma pequena interrupção.
O executivo explicou que "as duas últimas transições tecnológicas mostraram que nosso ritmo atual de crescimento está mais perto de dois anos e meio do que de dois anos". Segundo Krzanich, os processos de fabricação não conseguiram manter o ritmo de crescimento das últimas décadas, obrigando a empresa a fazer uma parada técnica no aumento exponencial da densidade dos seus transistores.
Mas o executivo prometeu que os chips da família Cannonlake irão ampliar as fronteiras do que pode ser feito com silício puro. Qualquer outro tipo de avanço, neste momento, iria exigir a mudança do material com o qual os transistores são fabricados.
Na semana passada, a IBM anunciou que conseguiu criar transistores de 7 nanômetros. Mas a empresa irá usar um composto de silício-germânio no processo de fabricação dos transistores, e não silício puro. Segundo a IBM, o novo chip é capaz de carregar até quatro vezes mais poder computacional do que os modelos de silício atuais.
Krzanich afirma que a Lei de Moore está mais viva do que nunca e diz que a história recente da Intel refutou várias vezes as previsões de que a Lei de Moore havia morrido. Mas tudo indica que, se alguma empresa irá seguir a Lei de Moore nos moldes como ela foi formulada, não será a Intel. Pelo menos até 2017.
Fonte: Ars Technica / Intel