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Inspirado no YCombinator, fundo Big Bets quer investir em até 35 startups

Criado por Luiz Manzano e Alexandre Mello, o fundo conta com o apoio de cerca de 70 investidores, incluindo os fundadores da 99 e o fundo Spectra

Empreendedorismo: o fundo Big Bets tem o apoio de cerca de 70 investidores (Web Summit/Divulgação)
FS

Filipe Serrano

Publicado em 7 de julho de 2020 às 06h36.

Última atualização em 7 de julho de 2020 às 12h59.

A parceria começou há pouco mais de dois anos, quando Luiz Guilherme Manzano (ex-Endeavor) e Alexandre Mello (ex-Tarpon e ex-Advent) decidiram desenvolver um modelo novo de investimento em startups .

Em vez de apenas aplicar os recursos em uma empresa iniciante, os dois sócios do novo fundo Big Bets atuam como mentores e trabalham próximos dos empreendedores desde a concepção da startup. A ideia é ajudar os fundadores a definir o mercado em que vão atuar e ajustar o modelo de negócio. O aporte de recursos só vem depois, quando a empresa está madura o suficiente para levantar capital e realizar uma série A, a primeira rodada de investimentos com diversos fundos.

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De acordo com os fundadores, o modelo do Big Bets é inspirado na aceleradora americana YCombinator, uma das mais importantes empresas do segmento de tecnologia dos Estados Unidos que investem em startups. Outra inspiração é o fundo de venture capital Endeavor Catalyst.

 

 

“A gente quer que os empreendedores nos vejam como um sócio de longo prazo que os ajuda a construir o negócio seja trazendo mais ferramentas e mais recursos, seja ajudando a pensar e a encontrar rotas para fazer o negócio acontecer”, diz Luiz Manzano, sócio do Big Bets. “É um modelo que combina bem com o momento do Brasil e das empresas, onde há mais escassez de capital do que nos Estados Unidos.”

Ao todo, o Big Bets trabalha com cerca de 100 empreendedores, segundo Manzano. Eles são acompanhados e orientados ao longo de alguns meses. Quando chega a hora de levantar capital, o Big Bets decide se entra ou não na rodada de investimentos, podendo contribuir com um terço ou um quarto do valor, junto de outros fundos e investidores.

Luiz Manzano e Alexandre Mello, do fundo Big Bets (Big Bets)

Seis empresas já receberam investimentos desde o ano passado. As mais recentes foram a Croct, que desenvolveu um algoritmo de personalização de sites de lojas online; e a Conta Simples, uma fintech que oferece um serviço de conta bancária digital para micro e pequenos empreendedores.

As demais empresas investidas pelo Big Bets são a Lemon, que ajuda empresas a contratarem o fornecimento de eletricidade diretamente das fornecedoras de energia solar; a Apartio, que oferece apartamentos para hospedagens; a Voe Tranquilo, uma lawtech que atua no segmento de ações de pequenas causas do setor de aviação; a Festa Lab, uma startup que tem uma ferramenta que ajuda a planejar e organizar eventos para amigos e festas de família.

De acordo com os fundadores, o plano é investir em 35 startups em cinco anos. O primeiro cheque costuma ser de pelo menos 1 milhão de reais, podendo chegar a 4 milhões de reais em alguns casos. Se a empresa evoluir, o valor dos aportes tende a aumentar nas rodadas de investimentos seguintes, na casa das dezenas de milhões de reais.

Para formar o Big Bets, Luiz Manzano e Alexandre Mello tiveram o apoio de cerca de 70 investidores que aplicaram recursos para investir nas startups. Entre eles estão o empresário Fersen Lambranho, presidente do conselho da gestora GP Investimentos, e o “fundo de fundos” Spectra, que tem investimentos em uma série de fundos que investem em empresas de tecnologia e de outros setores.

Também estão na lista de investidores os fundadores da 99, Ariel Lambrecht e Renato Freitas, Diego Martins, da Acesso Digital, e Daniel Wjuniski, da Sallve.

Manzano e Mello não abrem o valor total do fundo, mas dizem que menos de 10% dos recursos levantados foram investidos até agora.

“O que a gente está olhando é quais empresas estão antenadas com esse novo mundo digitalizado da pandemia e que vão continuar sendo quando a crise passar”, diz Alexandre Mello, sócio do fundo. “São empresas com mais preocupação em reduzir custos, em digitalizar a sociedade, e em auxiliar as pessoas a fazer as tarefas de forma remota.”

O trabalho de orientação e mentoria com os empreendedores ajuda a preparar melhor as startups antes de elas receberem um investimento. Na visão dos fundadores, isso faz com que as empresas tenham mais chance de dar certo – e potencialmente de trazer mais retorno.

“Postergar um pouco o prazo para a startup pegar o primeiro cheque, para ajudar o empreendedor, é uma maneira de reduzir a mortalidade das empresas e viabilizar que aquela startup de fato possa receber recursos de uma maneira coerente e consistente”, diz Mello. “Tem empreendedor que acerta na mosca, mas é muito raro. Por isso a gente entra na fase em que a empresa ainda está formando as suas máquinas.”

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