Wylie: "Existem motivos razoáveis para suspeitar que a Cambridge Analytica pode ter sido alvo da Inteligência dos serviços de Segurança russos" (Toby Melville/Reuters)
AFP
Publicado em 16 de maio de 2018 às 20h30.
Última atualização em 22 de maio de 2018 às 19h12.
A consultora política Cambridge Analytica compartilhou dados com companhias vinculadas à Inteligência russa e usou pesquisadores deste país, disse um informante em audiência no Congresso sobre a ingerência de Moscou na campanha eleitoral dos Estados Unidos de 2016.
Christopher Wylie, que vazou informações sobre o sequestro de dados privados de milhões de usuários do Facebook pela empresa britânica, assegurou a uma comissão do Senado que acredita que a Inteligência da Rússia teve acesso a esses dados.
Ex-funcionário da consultora britânica, Wylie apontou que o pesquisador russo-americano Alexander Kogan, criador de um aplicativo para obter dados de usuários do Facebook, trabalhava ao mesmo tempo em projetos financiados pela Rússia.
"Isso significa que, além dos dados do Facebook aos quais a Rússia teve acesso, existem motivos razoáveis para suspeitar que a CA (Cambridge Analytica) pode ter sido alvo da Inteligência dos serviços de Segurança russos, e que os serviços de Segurança russos podem ter sido informados da existência dos dados do Facebook da CA", informou Wylie em seu depoimento escrito.
Acrescentou que a Cambridge Analytica "usou pesquisadores russos para coletar seus dados, abertamente compartilhou informações sobre 'campanha de rumores' e 'inoculação de atitude' com companhias e executivos vinculados à agência de Inteligência russa FSB".
A audiência faz parte de uma ampla investigação dos dois lados do Atlântico sobre o uso indevido de dados do Facebook pela consultora britânica que trabalhava para a campanha de Donald Trump durante as eleições de 2016.
Segundo informou o New York Times na terça-feira, o FBI e a Justiça americana investigam a Cambridge Analytica por um possível crime penal.
Contudo, o jornal não esclareceu se essa investigação está relacionada com a que é realizada pelo procurador especial Robert Mueller sobre se houve conluio entre a equipe de campanha de Trump e a Rússia.