Ken Jennings compete com o computador "Watson", da IBM, no programa Jeopardy! (Ben Hider/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de janeiro de 2011 às 13h24.
Yorktown Heights, EUA - Um computador da IBM venceu uma rodada de teste no popular programa de conhecimentos gerais Jeopardy!, diante de dois dos melhores participantes humanos da disputa, o que demonstra que a inteligência artificial avançou muito em sua capacidade de simular como os seres humanos pensam.
"Criamos um sistema de computação com a capacidade de compreender a linguagem humana natural, algo que é muito difícil para um computador", disse John Kelly, diretor da IBM Research.
"No campo da inteligência artificial, as pessoas passam suas vidas tentando conquistar avanços de alguns centímetros. O que o Watson faz e já provou é desenvolver uma capacidade de avançar o estudo da inteligência artificial na escala dos quilômetro", afirmou.
O computador, chamado de Watson em homenagem a Thomas Watson, lendário presidente da IBM, serve como demonstração da competência da empresa na computação e nas pesquisas científicas avançadas.
Também demonstra que a IBM, que chega aos 100 anos em 2011, deseja se manter na vanguarda da tecnologia, ainda que companhias como Google e Apple se tenham tornado as líderes do setor em termos de popularidade.
A IBM diz que a capacidade de compreender a linguagem humana faz do Watson uma máquina muito mais desenvolvida que o Deep Blue, o supercomputador da empresa que derrotou o campeão mundial de xadrez Garry Kasparov em uma série de partidas em 1997.
O maior desafio para os cientistas da IBM foi o de ensinar o Watson a distinguir entre expressões literais e metafóricas, e a compreender trocadilhos e gírias.
Alimentá-lo com conhecimento é fácil. O Watson não está conectado à Internet, mas dispõe de um banco de dados que cobre ampla gama de tópicos, entre os quais história e entretenimento.
Na sessão de treino conduzida quinta-feira no centro de pesquisa da IBM em um subúrbio tranquilo de Nova York, o Watson demonstrou sua familiaridade com filmes musicais.
"O filme Gigi deu a ele a canção tema, 'Thank Heaven for Little Girls'", perguntou o apresentador Alex Trebek. "Quem é Maurice Chevalier", respondeu o computador.
A máquina, que combina computadores Power7 da IBM do tamanho de refrigeradores, é muito grande para caber no estúdio do programa e estava conectada remotamente.
Watson respondeu corretamente questões sobre Agatha Christie e a cidade de Jericó. A máquina venceu a primeira parte do teste, ganhando 4.400 dólares, enquanto Ken Jennings, que venceu 74 vezes seguidas durante a temporada de 2004 e 2005 do programa, ficou com 3.400 dólares. Brad Rutter, que já acumula ganhos de 3,3 milhões de dólares no programa, ficou em último.
"Estou muito impressionado", disse Jennings, um ex-programador de computadores.
Uma vitória no show de verdade, que irá ao ar em 14, 15 e 16 de fevereiro, será um triunfo para a IBM, que investiu cerca de 6 bilhões de dólares no ano passado em pesquisa e desenvolvimento.
Uma parte desse investimento, não informada pela empresa, foi para o que a companhia chama de "grandes desafios" ou enormes projetos científicos de vários anos como o Watson e Deep Blue.
Apesar de Watson pode não se tornar um projeto comercial no curto prazo, executivos da IBM afirmam que suas capacidades linguísticas e analíticas podem eventualmente ajudar a companhia a desenvolver novos produtos em áreas como medicina diagnóstica.
Entretanto, Jennings, acredita que Watson pode ser vencido na competição de verdade. "Watson está sujeito a erros", disse ele.
Rutter concordou, citando a fraqueza da máquina em compreender humor, uma parte importante de algumas perguntas.
Em uma pergunta sobre o ator e músico Jamie Foxx, que aprendeu a tocar violoncelo, Watson deu como resposta "quem é Beethoven?"
"Eu confundo os dois sempre", brincou Rutter sobre o erro da máquina.
Watson não riu, mas acabou vencendo a sessão de treinamento.