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Governos manipulam Facebook e Twitter, segundo estudo

Os pesquisadores da Universidade de Oxford descobriram que 29 países usam as redes sociais para orientar opiniões, dentro e fora de seus países

Facebook: “As redes sociais tornam as campanhas de propaganda muito mais fortes e possivelmente mais efetivas do que antes” (Getty Images/Getty Images)

Facebook: “As redes sociais tornam as campanhas de propaganda muito mais fortes e possivelmente mais efetivas do que antes” (Getty Images/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2017 às 17h55.

Londres - Governos de todo o mundo estão recrutando “soldados cibernéticos” que manipulam o Facebook, o Twitter e outras redes sociais para direcionar a opinião pública, disseminar desinformação e minar críticos, segundo um novo relatório da Universidade de Oxford.

Em estudo que amplia as evidências cada vez maiores sobre esforços promovidos por governos para utilizar ferramentas on-line para influenciar a política, os pesquisadores descobriram que 29 países usam as redes sociais para orientar opiniões, tanto localmente quanto do público estrangeiro.

As táticas são empregadas por regimes autoritários, mas também por governos eleitos democraticamente, segundo os autores.

“As redes sociais tornam as campanhas de propaganda muito mais fortes e possivelmente mais efetivas do que antes”, disse Samantha Bradshaw, autora principal do relatório e pesquisadora do Projeto de Pesquisa de Propaganda Computacional da Oxford.

“Eu acho que as pessoas não percebem o quanto os governos estão usando essas ferramentas para chegar até elas. Trata-se de algo muito mais escondido.”

O comportamento on-line dos grupos apoiados pelo governo varia amplamente, desde comentários em postagens no Facebook e no Twitter até o foco individual em pessoas.

Jornalistas são assediados por grupos governamentais no México e na Rússia, e na Arábia Saudita soldados cibernéticos inundam as mensagens negativas sobre o regime publicadas no Twitter com conteúdo e hashtags não relacionados, para que a postagem ofensiva seja mais difícil de encontrar.

Na República Checa, é mais provável que o governo poste um trabalho de checagem de fatos em resposta a algo que considere impreciso, segundo o relatório.

Os governos também utilizam contas falsas para mascarar a origem do material. Na Sérvia, contas falsas são usadas para promover a agenda do governo e no Vietnã blogueiros disseminam informações favoráveis.

Enquanto isso, atores governamentais na Argentina, no México, nas Filipinas, na Rússia, na Turquia, na Venezuela e em outras partes utilizam softwares de automação -- conhecidos como “bots” -- para propagar postagens nas redes sociais de uma maneira que imita usuários humanos.

“Os soldados cibernéticos são um fenômeno onipresente e global”, disse o relatório publicado pelo grupo, que estuda como as ferramentas digitais são usadas para manipular a opinião pública.

A propaganda é uma arte obscura usada há tempos pelos governos, mas as ferramentas digitais estão tornando as técnicas mais sofisticadas, segundo Bradshaw.

Ela disse que nos últimos anos os governos perceberam a maneira em que os ativistas têm usado as redes sociais para disseminar uma mensagem e construir apoio e estão adotando alguns métodos semelhantes.

Ferramentas on-line como softwares de análise de dados permitem que os governos adaptem uma mensagem de forma mais efetiva a grupos específicos de pessoas, maximizando seu impacto.

Bradshaw afirmou que apesar de a Rússia e os regimes autoritários receberem a maior parte da atenção sobre a manipulação das redes sociais, as democracias ocidentais têm usado técnicas similares.

No Reino Unido, o Exército Britânico criou a 77ª Brigada em 2015 em parte para realizar operações psicológicas usando redes sociais. Bradshaw disse que os governos democráticos não são transparentes em relação aos esforços de propaganda digital.

“Eles estão usando as mesmas ferramentas e técnicas que os regimes autoritários”, disse ela. “Talvez os motivos sejam diferentes, mas isso é difícil de afirmar sem transparência.”

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