Tecnologia

Governo dos EUA estuda 'separar' Android do Google, diz Bloomberg

As autoridades também estão tentando forçar uma possível venda do Google Ads, plataforma que a empresa usa para vender publicidade

Android hoje é utilizada em cerca de 2,5 bilhões de dispositivos no mundo todo (Google/Divulgação)

Android hoje é utilizada em cerca de 2,5 bilhões de dispositivos no mundo todo (Google/Divulgação)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 14 de agosto de 2024 às 06h18.

Após decisão da Justiça norte-americana que classificou o Google como monopólio dos mercados de pesquisa e propaganda online (a Alphabet, dona do Google já disse que vai recorrer), o governo dos EUA está pensando no que fazer para evitar que novas práticas como essas ocorram no futuro.

Segundo reportagem da Bloomberg, uma corrente quer forçar a big tech a compartilhar mais dados com concorrentes e medidas para evitar que ele obtenha uma vantagem injusta em produtos de IA. Essa seria uma saída mais "leve".

Na opção mais "dura", o Departamento de Justiça pode pedir a "separação" de algumas unidades da empresa. As vistas como as mais problemáticas no sentido de monopólio hoje são o Android e o Chrome.

O Android hoje é utilizada em cerca de 2,5 bilhões de dispositivos no mundo todo. Em sua decisão, Mehta descobriu que o Google exige que os fabricantes de dispositivos assinem acordos para obter acesso a seus aplicativos, como o Gmail e a Google Play Store.

A decisão de Mehta segue um veredito de um júri da Califórnia em dezembro que concluiu que a empresa monopolizou a distribuição de aplicativos Android. O Google pagou até US$ 26 bilhões a empresas para tornar seu mecanismo de busca o padrão em dispositivos e navegadores da web, com US$ 20 bilhões indo para a Apple.

As autoridades também estão tentando forçar uma possível venda do Google Ads, a plataforma que a empresa usa para vender publicidade.

A decisão de Mehta também descobriu que o Google monopolizou os anúncios que aparecem no topo da página de resultados de pesquisa para atrair usuários para sites, conhecidos como anúncios de texto de pesquisa. Eles são vendidos por meio do Google Ads, que foi renomeado de AdWords em 2018 e oferece aos profissionais de marketing uma maneira de veicular anúncios em determinadas palavras-chave de pesquisa relacionadas aos seus negócios. Cerca de dois terços da receita total do Google vêm de anúncios de pesquisa, totalizando mais de US$ 100 bilhões em 2020.

Essas discussões sobre o que fazer com o Google se intensificaram após a decisão do juiz Amit Mehta em 5 de agosto de que o Google monopolizou ilegalmente os mercados de pesquisa online e anúncios de texto de pesquisa. O Google disse que vai apelar dessa decisão, mas Mehta ordenou que ambos os lados comecem os planos para a segunda fase do caso, que envolverá as propostas do governo para restaurar a concorrência, incluindo um possível pedido de separação de unidades da big tech.

As ações da Alphabet chegaram a cair 2,5% no pregão desta terça-feira.

O plano do governo precisará ser aceito por Mehta, que orientaria a empresa a obedecer. Uma separação forçada do Google seria a maior de uma empresa dos EUA desde que a AT&T foi desmantelada na década de 1980.

Os advogados do Departamento de Justiça, que têm consultado empresas afetadas pelas práticas do Google, levantaram preocupações em suas discussões de que o domínio de pesquisa da empresa lhe dá vantagens no desenvolvimento de tecnologia de inteligência artificial, segundo a Bloomberg. Como parte de uma solução, o governo pode tentar impedir a empresa de forçar sites a permitir que seu conteúdo seja usado para alguns dos produtos de IA do Google para aparecer nos resultados de pesquisa.

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