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Google e empresas de anúncios financiaram sites de Fake News com US$ 25 bi

Dados da Global Disinformation Index mostram que 500 sites que geram desinformação receberam propagandas de marcas como Merck, L’Oreal e Canon

Google: de acordo com a Global Disinformation Index, dos 25 bilhões de dólares entregues aos sites de notícias falsas, cerca de 19 bilhões de dólares tem o Google como intermediador (Arnd Wiegmann/Reuters)

Google: de acordo com a Global Disinformation Index, dos 25 bilhões de dólares entregues aos sites de notícias falsas, cerca de 19 bilhões de dólares tem o Google como intermediador (Arnd Wiegmann/Reuters)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 18 de julho de 2020 às 08h00.

Última atualização em 21 de julho de 2020 às 16h17.

Os serviços de anúncios digitais gerenciados por empresas como Google, OpenX e Taboola têm financiado centenas de sites conhecidos por espalhar desinformação e notícias falsas sobre a covid-19 na internet.

De acordo com uma nova pesquisa do Global Disinformation Index (GDI), organização que combate boatos e Fake News, pelo menos 25 bilhões de dólares foram entregues a esses portais. O valor, que é uma projeção para este ano de 2020, é considerado conservador e pode ser maior. 

Ao contratar esses serviços de anúncios, as marcas abrem mão de acompanhar em detalhes em quais sites de notícias suas propagandas serão mostradas. Como o “cardápio” oferecido pelas companhias de tecnologia que fazem a intermediação leva em conta a audiência, sites que reproduzem desinformação acabam por entrar na cota. 

Na prática, marcas como Merck, L’Oreal e Canon dão dinheiro para quem divulga desinformação com a ajuda deste intermédio.

De acordo com a Global Disinformation Index, dos 25 bilhões de dólares entregues aos sites de notícias falsas, cerca de 19 bilhões de dólares tem o Google como intermediador. Logo depois, vem a empresa OpenX e a Amazon.

A pesquisa considerou cerca de 500 sites, que tem alta audiência, como American Thinker e Big League Politics, todos em inglês, baseados nos Estados Unidos e no Reino Unido. Todos os dois já foram apontados como divulgadores de desinformação.

No relatório, a GDI destaca que as marcas têm demonstrado preocupação com uma suposta falta de postura contra a desinformação da rede social Facebook, mas ainda não questionaram os serviços de anúncios, como o Google, sobre o destino da sua receita com publicidade.

A GDI também destaca a falta de coerência entre anúncios de marcas relacionadas à saúde, como a Merck, com o uso de publicidade em sites de desinformação. 

O relatório aponta que as reportagens com informações falsos causam danos à saúde e à ordem pública, além de a grupos específicos com publicações que abordam temas como superioridade judaica.

Um suposto colapso da União Europeia, uma guerra biológica e o envolvimento de Bill Gates com a origem do coronavírus também são pontos comuns na lista de sites financiadas.

Em nota enviada à Exame, o Google afirma que está "comprometido em proteger usuários contra a desinformação":

"Estamos extremamente comprometidos em destacar conteúdos de qualidade em nossas plataformas e isso inclui proteger nossos usuários contra desinformação sobre saúde. Nos últimos meses, removemos mais de 50 milhões de anúncios que buscavam capitalizar sobre a situação do coronavírus. Temos políticas rígidas que limitam os tipos de conteúdo em que exibimos anúncios e que proíbem a monetização de alegações prejudiciais ou enganosas sobre saúde. Sempre que uma uma página ou site viola nossas políticas, agimos imediatamente.”

Facebook

No fim de junho, grandes marcas anunciaram que interromperiam sua publicidade no Facebook até a empresa se comprometer a combater discursos de ódio e desinformação dentro da rede social, aderindo à campanha “Stop Hate for Profit”, iniciada por grupos de direitos civis dos EUA.

Depois do início do boicote, a rede social concordou em fazer uma auditoria que deve avaliar como o combate ao discurso de ódio é feito. Além disso, a rede social informou que dará prioridade a links de artigos respaldados, com base em informações de primeira mão e escritos por jornalistas identificados.

Apesar do boicote, os respingos na imagem da companhia foram a principal preocupação de Mark Zuckerberg, em vez da queda da receita. Hoje, a empresa depende muito mais de pequenos anunciantes espalhados pelo mundo.

De acordo com um levantamento feito pela Bloomberg, caso a rede perca 25 de seus 100 maiores anunciantes, a queda na receita em um trimestre seria de US$ 250 milhões. Pouco para uma empresa que fatura US$ 17 bilhões em três meses.

No Brasil, o Facebook derrubou no início de julho 88 páginas que disseminavam Fake News na plataforma e eram ligadas a grupos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro.

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