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Google diz que vai parar de usar dados de navegação de usuários para vender publicidade

Mudança afeta coleta de identificadores de usuários na internet e navegadores, mas não no celular, por exemplo

Google: empresa estuda alternativas para o modelo de publicidade na web (SOPA Images/Getty Images)
TL

Thiago Lavado

Publicado em 3 de março de 2021 às 12h51.

Última atualização em 3 de março de 2021 às 21h27.

O Google vai acompanhar e rastrear o que as pessoas acessam na internet. A empresa disse em uma publicação em seu blog oficial nesta quarta-feira, 3, que planeja deixar de coletar identificadores de usuários a partir do ano que vem.

A decisão aponta para mudanças aceleradas no mercado de venda de publicidade digital. Atualmente, o Google coleta informações de usuário para criar perfis digitais e direcionar publicidade que sejam mais alinhados com os interesses dos usuários.

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A prática tem sido alvo de intenso escrutínio por parte de reguladores e de defensores da privacidade, que apontam para a quantidade de informações e dados que empresas como o Google e Facebook, gigantes do mercado de publicidade digital, coletam.

"Se a publicidade digital não evoluir para lidar com as preocupações crescentes que as pessoas têm sobre privacidade e sobre como suas identidades pessoais estão sendo usadas, nós arriscamos o futuro da internet livre e aberta", disse David Temkin, diretor de produto do Google e autor do texto publicado no blog da empresa.

A decisão do Google não vale para o sistema de publicidade da empresa, ou identificadores únicos usados em smartphones. É uma mudança apenas para sites na web. Apesar disso, o abandono dessa tecnologia tem o potencial de transformar a indústria. Cerca de 40% do dinheiro da publicidade flui na internet aberta — a parcela que não está em plataformas como o Facebook, o YouTube ou o Google Search —, segundo informações da empresa de dados Jounce.

No ano passado, o Google já havia anunciado mudanças na política de anúncios do navegador Chrome, com bloqueio de cookies de terceiros. Agora, a nova postura indica que a empresa não pretende desenvolver alternativas de coleta de identificadores de usuários.

A empresa disse que está se posicionando para lançar novas ferramentas, que agregariam as pessoas em conjuntos, ao invés de realizar o direcionamento para perfis específicos.

"Avanços em agregação, anonimização, processamento no dispositivo e outras tecnologias que preservam a privacidade oferecem um caminho limpo para substituir os identificadores individuais. Na realidade, nossos últimos textos com FLoC [ Federated Learning of Cohorts ] mostram um caminho para efetivamente tirar cookies de terceiros da equação da publicidade e esconder os indivíduos em grandes multidões de pessoas com interesses em comum", escreveu Temkin.

Mudanças de privacidade na Apple

As mudanças de política de privacidade estão acontecendo também na Apple .A empresa irá permitir que usuários escolham se querem ter um número de identificação — chamado de IDFA — divulgado para os aplicativos que são baixados nos iPhones.

Essa identificação é especialmente importante para apps que não cobram uma quantia financeira dos usuários e as utiliza para anúncios direcionados na internet. Sabendo quem é o usuário, é possível traçar um perfil para ele e fornecer publicidade de maior impacto e com custo mais elevado.

Com a mudança de postura da Apple, os usuários receberão um aviso, perguntando se querem compartilhar ou não essa identificação com os aplicativos — e a expectativa no mercado é que haja menor compartilhamento. Apesar de dar a opção de encerrar a coleta das informações, isso não deve levar a publicidade a sumir dos dispositivos da Apple, apenas deve ter menor segmentação e ficar mais genérica para os usuários.

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