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Gigantes de gelo do Canadá podem encolher 70% até 2100

Famosos glaciares da costa leste canadense correm risco de desaparecer devido ao aquecimento global, mostra estudo publicado na Nature Geoscience

Banff National Park: glaciares da costa leste canadense correm risco de desaparecer devido ao aquecimento global (Wikimedia Commons)

Vanessa Barbosa

Publicado em 7 de abril de 2015 às 16h42.

São Paulo - Os grandes glaciares que compõe a paisagem gelada da costa leste do Canadá podem desaparecer dentro de três gerações.

Estudo publicado nesta semana na revista Nature Geoscience indica que, até 2100, os gigantes de gelo devem encolher 70% em relação aos níveis de 2005, em função do aquecimento global .

A retração de geleiras e glaciares contribui para o aumento do nível do mar e representa risco potencial para as populações humanas.

O degelo pode afetar a disponibilidade de água para os animais aquáticos e para a agricultura, bem como influenciar a qualidade da água e a geração de energia elétrica.

Para o cálculo, os pesquisadores usaram as previsões de aquecimento da Terra ao longo do tempo feitas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o mais completo diagnóstico sobre o estado climático do planeta.

Estudos anteriores já previram que os glaciares montanhosos têm diminuido ao longo dos anos, com verões cada vez mais quentes e invernos cada vez mais curtos. O ano de 2014, por exemplo, foi o mais quente da Terra desde que os registros começaram, em 1880.

Mas o derretimento do gelo também traz outros perigos.

O fenômeno pode intensificar o aquecimento global. Isso ocorre porque a neve brilhante e as camadas brancas de gelo têm um alto albedo, ou seja, elas refletem com eficiência a radiação solar de volta para o espaço.

Com o seu desaparecimento, uma grande parte do calor dessa reflexão é absorvida pela terra e pelo oceano.

Se a quantidade de energia absorvida muda, isso tem um efeito sobre o balanço de energia da Terra e, finalmente, afeta o nosso tempo e o clima, reforçando os fenômenos das mudanças climáticas.

Nem a mais alta estação de esqui do mundo resiste às mudanças no clima. A mais de cinco mil metros de altura, as pistas de Chacaltaya, ao norte de La Paz, na Bolívia, sucumbiram ao derretimento do gelo e, durante o verão de 2009, o glaciar onde estava a instalada a estação praticamente desapareceu. Hoje, restam apenas 5% da geleira, com algumas incidências de neve, mas raras. Os cientistas haviam previsto seu desaparecimento para 2015, mas o aquecimento global acelerou o processo. De acordo com o levantamento da Co+Life, além de frustrar aventureiros, o sumiço da geleira comprometeu o abastecimento de água em algumas regiões da capital naquele ano.
  • 2. Monte Tian Shan, Casaquistão

    2 /7(Wikimedia Commons)

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    Aos pés do monte Tian Shan, encontra-se Almaty, a maior cidade da República do Casaquistão, com uma população de 1,3 milhões de pessoas. A região é uma locomotiva econômica, respondendo por 20% da produção industrial e 30% da agricultura do país. Todo o fornecimento de água para consumo, irrigação e uso industrial é garantido pelos glaciares a dois mil quilômetros ao norte, nas montanhas de Tian Shan. Nos últimos 50 anos, no entanto, os glaciares perderam cerca de 35% de sua cobertura devido a elevação das temperaturas – processo que deverá se intensificar nos próximos anos.
  • 3. Parque Nacional de Sagarmatha

    3 /7(Wikimedia Commons)

  • Localizado no Nepal, o Parque Nacional de Sagarmatha é parte das montanhas do Himalaia e tem o monte Everest, o maior pico do mundo, como sua atração principal. Considerado Patrimônio Mundial pela Unesco em 1979 devido às suas características naturais e culturais únicas, o parque concentra a maior quantidade de gelo terrestre do mundo, um volume superado apenas pelas massa dos Pólos Sul e Norte. As geleiras da região são importante fonte de água para a população asiática, sendo vital para economia e subsistência das pessoas. O perigo do aquecimento global é constante e pode levar à extinção enormes pedaços das geleiras dos Himalaias, ameaçando o padrão de chuvas, o fluxo dos rios e a agricultura em toda a Ásia.
  • 4. Alpes de Kitzbühel, Áustria

    4 /7(Wikimedia Commons)

    Um estudo sobre mudança climática nos Alpes europeus realizado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) aponta que as famosas pistas de esqui podem estar com os dias contados por lá. A estimativa é de que 9% das estações já sofram com o aquecimento global. Uma da mais vulneráveis é a de Kitzbühel, na Áustria, cerca de 800 metros acima do nível do mar. Por falta de gelo, na última temporada de Natal, apenas 1/5 dos elevadores operaram e ainda foi necessário usar neve artificial para liberar o uso de algumas pistas.
  • 5. Calota de Gelo de Quelccaya

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    Como a maioria dos glaciares da Terra, a maior calota tropical do mundo, a Quelccaya, nos Andes peruanos, já perdeu desde 1978 cerca de aproximadamente 20% da sua área. A estimativa dos cientistas é de que ela recua ao menos 4 metros todos os anos, dez vezes mais depressa do que a cinco décadas atrás, segundo estudo do Instituto de Politicas para a Terra.
  • 6. Glaciar Franz Josef, Nova Zelândia

    6 /7(Wikimedia Commons)

    Ele desce de 3,5 mil metros até 240 metros acima do nível do mar no meio de uma floresta tropical. Seu nome popular, The Tears of Hinehukatere (As Lágrimas de Hinehukatere, no português) vem de uma antiga lenda local sobre uma menina que perde seu amado numa avalanche. Suas lágrimas correm então montanha abaixo e congelam, formando o glaciar. Como os demais monte gelados da Nova Zelândia, o Granz Josef sofre com o fenômeno do aquecimento global, que já reduziu 25% da área total dos alpes.
  • 7. Monte Chomolhari, Butão

    7 /7(Wikimedia Commons)

    Encravado entre a China e a Índia, o reino do Butão possui muitas montanhas e picos nevados, entre eles o Monte Chomolhari ou Jomolhari, com aproximadamente 7,3 mil metros de altura. O rápido derretimento do gelo que corre para os lagos nos vales é uma ameaça para as comunidades da região. Há o perigo das represas nos lagos romperem e causarem deslizamentos de terra e enchentes, destruindo assim vilarejos locais, mosteiros e plantações.
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