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França, Alemanha e Itália querem vetar a Libra, moeda virtual do Facebook

O G20 disse que a moeda digital representa riscos "sérios", incluindo lavagem de dinheiro, fraude e finanças ilícitas

Libra: prioridade da empresa é trabalhar com os reguladores para "responder a perguntas legítimas e dar todas as garantias necessárias" (Dado Ruvic/Reuters)
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AFP

Publicado em 18 de outubro de 2019 às 19h34.

França , Alemanha e Itália estão preparando uma série de medidas para impedir que a criptomoeda do Facebook, a Libra , entre na Europa, anunciou o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, nesta sexta-feira (18), em Washington, listando as inúmeras ameaças que este meio de pagamento representa para os países.

"A Libra não é bem-vinda no território europeu. Vamos agir com os italianos e com os alemães porque nossa soberania está em jogo", disse em entrevista coletiva às margens da reunião anual do FMI e do Banco Mundial.

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O ministro francês assegurou que não aceitará que "uma empresa multinacional privada tenha o mesmo poder, o mesmo poder monetário que os estados soberanos que estão sujeitos ao controle democrático".

O G7, grupo dos sete países mais industrializados do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália e Japão), concordou em uma reunião em Washington na quinta-feira que a condição sine qua non para o lançamento de criptomoedas é o estabelecimento de um quadro jurídico estável.

Na sexta-feira, o G20 disse que a moeda digital representa riscos "sérios", incluindo lavagem de dinheiro, fraude e finanças ilícitas.

"Esses tipos de riscos precisam ser avaliados e tratados de maneira apropriada antes que esses tipos de projetos possam começar", afirmou a presidência japonesa do G20 em comunicado.

Os europeus, entretanto, parecem querer ir além, banindo a moeda do Facebook.

Também de Washington, o ministro das Finanças alemão, Olaf Scholz, se pronunciou no mesmo sentido e disse que é muito "cético" sobre Libra.

"Sou a favor de não permitir que um tipo de moeda global seja estabelecido, porque essa é uma tarefa dos Estados democráticos", afirmou a repórteres.

O alemão reconheceu que há uma "necessidade de reforma" para tornar os pagamentos internacionais transfronteiriços mais simples, mais convenientes e mais baratos, indicando que ao mesmo tempo é necessário "salvaguardar a autonomia dos Estados democráticos".

Perguntas legítimas

O ministro das Finanças italiano não estava imediatamente disponível para comentar sua posição.

Bertrand Perez, diretor geral da Associação Libra, disse que a "prioridade" é trabalhar com os reguladores para "responder a perguntas legítimas e dar todas as garantias necessárias".

A Associação Libra, criada para lançar a criptomoeda, foi apresentada na segunda-feira em Genebra, com pesos pesados como Uber, Spotify e Vodafone, mas sua estreia foi marcada pela ausência de aliados como Visa, Mastercard, Ebay e PayPal.

Le Maire reiterou nesta sexta-feira que um das principais divergências é fato de que a Libra estará associada a uma cesta de divisas.

"Basta que o Facebook decida ter mais euros ou mais dólares para ter um impacto na taxa de câmbio entre o euro ou o dólar e depois ter um impacto direto no comércio, na indústria, nos Estados que têm o euro ou o dólar como moeda de referência", disse.

Para o funcionário, isso afetaria a eficácia dos estados e enfraqueceria a independência da política monetária, ressaltou.

"É desejável que a política monetária esteja nas mãos de uma empresa privada como o Facebook? Para mim, a resposta clara é não", concluiu.

Le Maire, contudo, afirmou não ser contra o estabelecimento de uma moeda pública única, para a qual a França está disposta a trabalhar "em um quadro europeu".

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