Foi bom ou foi ótimo? Os resultados da Netflix na pandemia
A previsão é que a empresa de streaming, uma das campeãs da pandemia, aumente a receita em mais de 22% e a base de usuários em 7,8 milhões
Rodrigo Loureiro
Publicado em 16 de julho de 2020 às 06h45.
Última atualização em 16 de julho de 2020 às 06h47.
A Netflix revela nesta quinta-feira (16) seus resultados financeiros relacionados ao segundo trimestre deste ano. A expectativa do mercado se concentra em saber se a companhia conseguirá repetir os bons resultados obtidos no trimestre passado, quando ganhou quase 16 milhões de novos assinantes. A pandemia do coronavírus que acelerou o crescimento dos serviços de streaming pode ajudar neste plano.
A Netflix empolgou os investidores nos dois últimos trimestres com resultados bem acima do esperado. Em 2019, terminou o ano com faturamento de 20,15 bilhões de dólares – 27,6% maior do que em 2018. Somente nos últimos três meses do ano passado, a companhia aumentou sua base de usuários em 8,8 milhões de novos clientes e fez com que seu lucro disparasse 338% no período.
A boa fase se manteve no começo de 2020. Nos dados do primeiro trimestre deste ano, a companhia viu sua receita aumentar 27% no período, chegando em 5,77 bilhões de dólares, acima da previsão de Wall Street.
O número que mais impressionou foi o de novas assinaturas: 15,7 milhões. A previsão do mercado era de que a plataforma de streaming fosse conquistar apenas pouco menos de 8,5 milhões de novos clientes.
Assim, superar os resultados obtidos em 2019 não será uma tarefa difícil. No segundo trimestre do ano passado, a receita obtida cresceu 26% e foi de 4,92 bilhões de dólares e lucro líquido de 270,65 milhões de dólares. Durante os meses de abril, maio e junho de 2019, houve um aumento de 2,7 milhões de assinantes – inferior às 5 milhões de novas assinaturas projetas pela empresa.
Para este trimestre, a previsão do mercado é de que a companhia registre receita próxima de 6,05 bilhões de dólares, o que manteria uma média de crescimento acima de 22% ante ao ano passado. Em relação aos usuários, a Netflix previa aumentar sua base de assinantes com 7,5 milhões de novos clientes. O mercado estima que este número deve ficar um pouco mais próximo de 7,8 milhões.
Nos resultados do pregão desta quarta-feira (15), as ações da Netflix na Nasdaq fecharam em queda de 0,31%, cotadas em 523,26 dólares cada. A companhia está avaliada em 230 bilhões de dólares e já aumentou seu valor de mercado em 58% desde o começo do ano. Mesmo com a desvalorização dos papéis desta quarta-feira, os acionistas não têm motivos para reclamar.
Competição acirrada
Mesmo que a Netflix venha inflando cada vez mais seus números ao longo dos últimos trimestres, é impossível cravar que a companhia terá anos tranquilos pela frente. Seja pelas mudanças comportamentais que podem impulsionar ou enfraquecer o setor de streaming, seja pela rivalidade cada vez mais acirrada com os serviços de concorrentes como Apple, Amazon e Disney, que já têm suas próprias plataformas de streaming e, assim como a Netflix, também apostam em conteúdo original.
Dados da consultoria alemã Statista apontam que o mercado de serviços de streaming de vídeo, do qual a Netflix faz parte, deve ter receita próxima de 28,7 bilhões de dólares neste ano – 6% a mais do que o registrado em 2019. Depois de um pico de crescimento de 12% em 2020, o aumento da receita do setor deve desacelerar nos próximos anos. A previsão para 2022, por exemplo, é de alta somente de 4,6%.
Já empresa de pesquisas americana Grand View Research tem estimativas mais otimistas. Segundo a consultoria, o faturamento do mercado de streaming de vídeo foi de 42,60 bilhões de dólares em 2019 e a previsão é de que este número cresça em média 20,4% ao ano até 2027. A aposta é da adoção de tecnologias como blockchain e inteligência artificial para melhorar a experiência do usuário neste segmento.