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Fiocruz encontra Zika em pernilongo doméstico pela 1ª vez

Pesquisa constatou a presença do vírus Zika em mosquitos Culex quinquefasciatus (nome científico da muriçoca ou pernilongo doméstico)

O mosquito Culex quinquefasciatus, também conhecido como muriçoca ou pernilongo doméstico: estudo foi conduzido pela Fiocruz Pernambuco (Jim Gathany/Wikimedia Commons)

O mosquito Culex quinquefasciatus, também conhecido como muriçoca ou pernilongo doméstico: estudo foi conduzido pela Fiocruz Pernambuco (Jim Gathany/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2016 às 19h26.

Pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) constatou a presença do vírus Zika em mosquitos Culex quinquefasciatus (nome científico da muriçoca ou pernilongo doméstico) coletados na cidade do Recife.

Esse achado confirma a espécie como potencial vetor do vírus causador do Zika, hipótese que, de acordo com a literatura científica, não havia sido comprovada até agora.

O estudo foi conduzido pela Fiocruz Pernambuco na região metropolitana do Recife, onde a população do Culex quinquefasciatus é cerca de 20 vezes maior do que a população de Aedes aegypti.

Os resultados preliminares da pesquisa de campo identificaram a presença de Culex quinquefasciatus infectados naturalmente pelo vírus Zika em três dos 80 grupos de mosquitos analisados até o momento.

Em duas dessas amostras os mosquitos não estavam alimentados, demonstrando que o vírus estava disseminado no organismo do inseto e não em uma alimentação recente num hospedeiro infectado.

A coleta dos mosquitos foi feita com base nos endereços dos casos relatados de Zika nas cidades do Recife e Arcoverde, obtidos com a Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco (SES-PE).

O número total de mosquitos examinados na pesquisa foi de aproximadamente 500. O objetivo do projeto é comparar o papel de algumas espécies de mosquitos do Brasil na transmissão de arboviroses.

Foi dada prioridade ao vírus Zika devido à epidemia da doença no Brasil e sua ligação com a microcefalia.

De acordo com a coordenadora do estudo, Constância Ayres “a pesquisa simula a condição de viremia de um paciente real. Em seguida, os mosquitos foram coletados em diferentes momentos: no tempo zero, logo após a infecção, três dias, sete dias, 11 e 15 dias após a infecção pelo vírus”, esclareceu a pesquisadora.

Um grupo controle, com mosquitos alimentados com sangue sem o vírus, também foi mantido. Cada mosquito foi dissecado para a extração do intestino e da glândula salivar, tecidos que representam barreiras ao desenvolvimento do vírus.

O procedimento se dá de maneira que, se a espécie não é vetor, em determinado momento o desenvolvimento do vírus é bloqueado pelo mosquito.

No entanto, se a espécia é vetor, a replicação do vírus acontece, se dissemina no corpo do inseto e acaba infectando a glândula salivar, a partir da qual poderá ser transmitido para outros hospedeiros durante a alimentação sanguínea, pela liberação de saliva contendo vírus.

Segundo Constância, a partir do terceiro dia após a alimentação artificial, já foi possível detectar a presença do vírus nas glândulas salivares das duas espécies de mosquito investigadas: “Após sete dias, foi observado o pico de infecção nas glândulas salivares o que foi confirmado através de microscopia eletrônica”.

A partir dos dados obtidos serão necessários estudos adicionais para avaliar o potencial da participação do Culex na disseminação do vírus Zika e seu real papel na epidemia.

O estudo atual tem grande relevância, uma vez que as medidas de controle de vetores são diferentes. Até os resultados de novas evidências, a política de controle da epidemia de Zika continuará pautada pelas mesmas diretrizes, tendo seu foco central no controle do Aedes aegypti.

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