Exame Logo

Ferramenta da NSA vê “quase tudo” que você faz na internet

Edward Snowden descreve uma ferramenta de big data da NSA, o X-Keyscore, que é capaz capturar quase tudo que uma pessoa faz na internet -- inclusive no Brasil

Sede da NSA no estado americano de Maryland: a agência montou um formidávle conjunto de ferramentas para espionagem (Divulgação / NSA)

Maurício Grego

Publicado em 1 de agosto de 2013 às 09h28.

São Paulo -- Dois meses depois de começar a divulgar segredos dos espiões da NSA americana, Edward Snowden ainda tem o que contar. O delator passou ao jornal britânico Guardian detalhes sobre o que seria uma das mais poderosas ferramentas de espionagem da NSA, o X-Keyscore, que estaria sendo usada inclusive no Brasil.

Uma apresentação de 32 páginas, datada de fevereiro de 2008, explica o que é o X-Keyscore, ferramenta que, aliás, é mencionada em outros documentos da NSA vazados por Snowden. Algumas das páginas foram ocultadas, supostamente por descrever detalhes das operações da NSA que Snowden preferiu não revelar.

As páginas restantes dão uma ideia de como trabalha o X-Keyscore. Trata-se de um sistema de análise de big data que coleta informações da internet. Ele captura todo o conteúdo que trafega na conexão interceptada para, depois, analisá-lo e extrair os dados desejados.

Como o volume de dados é muito grande, eles só são mantidos nos servidores por cerca de três dias. Já as informações extraídas são guardadas de forma mais permanente em outro banco de dados.

Segundo a descrição, o X-Keyscore pode bisbilhotar os e-mails que as pessoas enviam e recebem, suas atividades em redes sociais e seus históricos de navegação na web.

Também pode obter dados técnicos, como o endereço IP do computador ou dispositivo móvel usado pela pessoa. Além disso, a apresentação da NSA menciona filtros que detectam eventos considerados anômalos pelos arapongas americanos.


Segundo o documento, se uma pessoa emprega linguagem diferente da habitual na região onde está, faz buscas na web sobre determinados assuntos ou usa criptografia em suas comunicações pessoais, por exemplo, ela pode ser marcada como suspeita.

O sistema teria 500 ou 700 servidores (os dois números aparecem na apresentação) em 150 locais ao redor do mundo, rodando o sistema operacional Linux. Um mapa traz esses lugares assinalados. Um deles aparece na localização aproximada de Brasília, indicando que o X-Keyscore também coleta informações no Brasil.

A apresentação da NSA diz que mais de 300 terroristas haviam sido capturados até aquele momento com base em informações obtidas pelo X-Keyscore. Segundo o Guardian, funcionários da agência americana não precisam de nenhuma permissão especial para usar a ferramenta.

Esse novo vazamento explica uma declaração de Snowden que causou polêmica em junho. Durante uma entrevista, ele disse que, quando prestava serviços à NSA, sentado em sua mesa, ele podia grampear qualquer um, até o presidente da república, se tivesse algum e-mail da pessoa.

O governo americano negou que isso fosse possível. Mas a apresentação sobre o X-Keyscore sugere que ele dizia a verdade. Snowden, pelo que se sabe, continua confinado num aeroporto em Moscou enquanto espera que a Russia atenda a seu pedido de asilo temporário.

Se o asilo for concedido, o delator terá tempo para organizar sua fuga para um dos países latino-americanos que ofereceram refúgio permanente a ele.

Veja também

São Paulo -- Dois meses depois de começar a divulgar segredos dos espiões da NSA americana, Edward Snowden ainda tem o que contar. O delator passou ao jornal britânico Guardian detalhes sobre o que seria uma das mais poderosas ferramentas de espionagem da NSA, o X-Keyscore, que estaria sendo usada inclusive no Brasil.

Uma apresentação de 32 páginas, datada de fevereiro de 2008, explica o que é o X-Keyscore, ferramenta que, aliás, é mencionada em outros documentos da NSA vazados por Snowden. Algumas das páginas foram ocultadas, supostamente por descrever detalhes das operações da NSA que Snowden preferiu não revelar.

As páginas restantes dão uma ideia de como trabalha o X-Keyscore. Trata-se de um sistema de análise de big data que coleta informações da internet. Ele captura todo o conteúdo que trafega na conexão interceptada para, depois, analisá-lo e extrair os dados desejados.

Como o volume de dados é muito grande, eles só são mantidos nos servidores por cerca de três dias. Já as informações extraídas são guardadas de forma mais permanente em outro banco de dados.

Segundo a descrição, o X-Keyscore pode bisbilhotar os e-mails que as pessoas enviam e recebem, suas atividades em redes sociais e seus históricos de navegação na web.

Também pode obter dados técnicos, como o endereço IP do computador ou dispositivo móvel usado pela pessoa. Além disso, a apresentação da NSA menciona filtros que detectam eventos considerados anômalos pelos arapongas americanos.


Segundo o documento, se uma pessoa emprega linguagem diferente da habitual na região onde está, faz buscas na web sobre determinados assuntos ou usa criptografia em suas comunicações pessoais, por exemplo, ela pode ser marcada como suspeita.

O sistema teria 500 ou 700 servidores (os dois números aparecem na apresentação) em 150 locais ao redor do mundo, rodando o sistema operacional Linux. Um mapa traz esses lugares assinalados. Um deles aparece na localização aproximada de Brasília, indicando que o X-Keyscore também coleta informações no Brasil.

A apresentação da NSA diz que mais de 300 terroristas haviam sido capturados até aquele momento com base em informações obtidas pelo X-Keyscore. Segundo o Guardian, funcionários da agência americana não precisam de nenhuma permissão especial para usar a ferramenta.

Esse novo vazamento explica uma declaração de Snowden que causou polêmica em junho. Durante uma entrevista, ele disse que, quando prestava serviços à NSA, sentado em sua mesa, ele podia grampear qualquer um, até o presidente da república, se tivesse algum e-mail da pessoa.

O governo americano negou que isso fosse possível. Mas a apresentação sobre o X-Keyscore sugere que ele dizia a verdade. Snowden, pelo que se sabe, continua confinado num aeroporto em Moscou enquanto espera que a Russia atenda a seu pedido de asilo temporário.

Se o asilo for concedido, o delator terá tempo para organizar sua fuga para um dos países latino-americanos que ofereceram refúgio permanente a ele.

Acompanhe tudo sobre:Big dataEdward SnowdenEspionagemNSAPrismPrivacidadeseguranca-digital

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Tecnologia

Mais na Exame