Semicondutores: fabricantes da Ásia sinalizam queda na demanda (mailsonpignata / 500px/Getty Images)
O nível de demanda por semicondutores preocupa exportadores de alta tecnologia do norte da Ásia, historicamente vistos como um termômetro da economia internacional.
As gigantes sul-coreanas Samsung Electronics e SK Hynix sinalizaram planos para reduzir investimentos, enquanto no Mar da China Oriental, a Taiwan Semiconductor Manufacturing, maior fabricante de chips para terceiros do mundo, indicou expectativa semelhante.
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A diminuição da demanda por tecnologia destaca um quadro sombrio, já que a guerra da Rússia contra a Ucrânia e o aumento das taxas de juros esfriam a atividade.
Nas últimas semanas, grandes fabricantes de chips como Micron Technology, Nvidia, Intel e Advanced Micro Devices alertaram que as encomendas de exportação estão mais fracas.
A Gartner prevê o fim abrupto de um dos maiores ciclos de expansão do setor. A empresa de pesquisa reduziu a estimativa de crescimento da receita para apenas 7,4% em 2022, abaixo dos 14% projetados três meses antes. A Gartner prevê queda de 2,5% em 2023.
Chips de memória estão entre os segmentos mais vulneráveis ao desempenho econômico global no mercado de semicondutores, que movimenta US$ 500 bilhões. E as vendas de memória dinâmica de acesso aleatório - ou DRAM, um chip que armazena bits de dados - da Samsung e da SK Hyinx são fundamentais para o comércio coreano.
No próximo ano, a demanda por DRAM deve aumentar 8,3%, o ritmo mais fraco já registrado, diz a consultoria de tecnologia TrendForce, que prevê expansão de 14,1% da oferta. O crescimento de bits refere-se à quantidade de memória produzida e serve como importante termômetro para a demanda do mercado global.
As exportações da Coreia do Sul aumentam quando a demanda supera a oferta em crescimento de bits. Mas, com a probabilidade de a oferta crescer quase o dobro da demanda em 2023, as exportações podem estar a caminho de uma forte desaceleração.
Crescem os sinais de que o comércio já começa a encolher. As exportações de tecnologia da Coreia do Sul caíram em julho pela primeira vez em mais de dois anos, e os chips de memória lideraram a queda. Os estoques de semicondutores subiram em junho no ritmo mais rápido em mais de seis anos.
Entre as vítimas em potencial está a Samsung, a maior produtora de chips de memória do mundo e um pilar da economia da Coreia do Sul, dependente do comércio.
A Samsung registrou rápido crescimento de vendas quando a demanda era forte em relação à oferta. Com a deterioração do cenário de semicondutores, as ações da Samsung acumulam baixa este ano, com rebotes ocasionais impulsionados por lucros acima do esperado.
A Samsung e a SK Hynix controlam cerca de 66% do mercado global de memória. Isso significa que essas empresas conseguem diminuir a diferença entre oferta e demanda.
A memória está relativamente vinculada a outros tipos de semicondutores, fabricados por empresas como a TSMC, que produz chips para iPhones, e a Nvidia, cujas placas gráficas são usadas em diversas aplicações, como jogos, mineração de criptomoedas e inteligência artificial.
O Índice de Semicondutores da Filadélfia, que inclui essas empresas, perdeu força e tem flutuado de acordo com a demanda por memória nos últimos anos.
A Micron Technology, terceira maior fabricante de chips de memória do mundo, divulgou um alerta na semana passada sobre a demanda mais fraca, o que provocou uma onda de vendas de ações no setor de semicondutores.
“A tendência é importante para a Ásia, pois seu ciclo econômico depende muito das exportações de tecnologia”, disse Alicia Garcia Herrero, economista-chefe para Ásia-Pacífico do Natixis. “Com o menor número de novos pedidos e grande acúmulo de estoque, o setor de tecnologia da Ásia verá um longo ciclo de desestocagem e margem de lucro cada vez menor.”