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EUA questionam prescrição preventiva de remédios anticolesterol

EUA quer ampliar a prescrição de medicamentos anticolesterol a milhões de adultos para reduzir os ataques cardíacos

teste (afp.com)
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Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2013 às 13h58.

Um novo guia clínico publicado nos Estados Unidos, que recomenda ampliar a prescrição de medicamentos anticolesterol a milhões de adultos para reduzir os ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais, superestima o risco que corre grande parte da população.

A guia clínica atualizada do Colégio Americano de Cardiologia (ACC, na sigla em inglês) e da Associação Americana do Coração (AHA, em inglês), publicada em 13 de novembro, causa controvérsia.

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Segundo as novas recomendações, um em cada três americanos com mais de 40 anos (o que equivale a 33 milhões de pessoas) corre um risco suficientemente alto de desenvolver doença cardíaca para receber tratamento com estatinas, os remédios anticolesterol mais eficazes, explicou o ACC.

Por enquanto, estes medicamentos só são prescritos para reduzir taxas elevadas de colesterol ruim, a principal causa de aterosclerose.

Entre os fatores de risco, a ACC citou o envelhecimento, a diabetes do adulto (tipo 2), a hipertensão, um nível de colesterol ruim (LDL) elevado, o tabagismo e a origem étnica, sendo os negros particularmente vulneráveis.

No entanto, ao aplicar a fórmula de cálculo do ACC e da AHA a cinco grupos diferentes de pessoas, dois cientistas da Escola de Medicina de Harvard concluíram que "esta fórmula exagera o risco de 75% a 150% para 40% a 50% dos 33 milhões de americanos de 40 a 75 anos eventualmente afetados".

Em um editorial publicado online na revista médica britânica The Lancet, os doutores Paul Ridker e Nancy Cook dão dois exemplos.

O primeiro é o de um fumante de 55 anos, com hipertensão leve sem tratamento e com excelente taxa de colesterol ruim de 75 miligramas por decilitro de sangue, que normalmente deveria ser inferior a 100 mg/dL.

Segundo a fórmula matemática do ACC, este homem tem um risco cardiovascular de 9,6% nos próximos dez anos e deveria receber tratamento preventivo com estatinas, que estabelece o nível em 7,5%.

Em contraste, uma mulher de 60 anos, que não fuma, tem pressão normal e altos níveis de colesterol de 180 mg/dL, tem um risco de 3,8%. Portanto, não deveria receber tratamento preventivo com estatinas, usando-se a mesma fórmula.

Risco superestimando

Os dois cientistas ressaltam que este novo guia clínico é um "passo importante para simplificar e melhorar o tratamento de pacientes com alto risco, como a diabetes".

Mas, segundo eles, "depender apenas desta nova previsão do risco baseado na fórmula matemática poderia levar a tratar muitos pacientes sem indicações clínicas adequadas para a eficácia preventiva das estatinas (... ) e privar outros nos quais se sabe que este fármaco é eficaz".

"Uma má calibragem desta magnitude deve ser corrigida antes de que o novo modelo de prescrição de risco cardiovascular se implemente em larga escala, do contrário levará os médicos a sobrescrever estatinas", destacaram na nota Ridker e Cook.

O copresidente do grupo de trabalho que desenvolveu o novo guia clínico, David Goff, admitiu no jornal The New York Times "o potencial de superestimativa do risco, especialmente para as pessoas que estão no limite".

Para o doutor Kevin Marzo, diretor de cardiologia do Hospital Universitário Winthrop, no estado de Nova York, "a melhor forma de resolver este problema é que os autores do guia se reúnam com seus críticos e procedam a uma eventual revisão".

"Deve-se assegurar que as pessoas não pensem que estas novas recomendações estão motivadas por outras razões", de ordem comercial, por exemplo, "quando o propósito da Comissão do ACC é reduzir a principal causa de mortalidade dos americanos", declarou à AFP.

"A população pensa geralmente que as estatinas são muito receitadas e têm efeitos colaterais potencialmente perigosos", disse o cardiologista.

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