Tecnologia

Entrevista de domingo: Futuro dos bancos está nos apps

“Como as pessoas estão trocando o computador pelo smartphone, temos que embarcar de cabeça nesta tendência”, diz vice-presidente de tecnologia do BB


	Gerlado Dezena: sistema financeiro, apesar dos problemas de segurança, não é frágil
 (ALAN MARQUES)

Gerlado Dezena: sistema financeiro, apesar dos problemas de segurança, não é frágil (ALAN MARQUES)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2013 às 12h40.

São Paulo - Geraldo Dezena, vice-presidente de tecnologia do Banco do Brasil, é um entusiasta de tecnologia: gosta de testar todo tipo de dispositivo eletrônico e sempre se inteirar das tendências do mercado de TI. Faz isso por hobby e por motivos profissionais: ao entender o que as pessoas usam, ele, em conjunto com a equipe de TI do banco, desenvolve novos serviços e tecnologias.

E foi por essa curiosidade que ele descobriu que os apps devem revolucionar os serviços bancários nos próximos anos. “Como as pessoas estão trocando o computador pelo smartphone, temos que embarcar de cabeça nesta tendência para reduzir custos e facilitar a vida das pessoas”, diz.

Em entrevista a INFO, Dezena explica a importância dos serviços em dispositivos móveis para o banco e, ainda, como a instituição está mudando para oferecer cada vez mais serviços para tablets e smartphones.

Como o banco vê a área de aplicações móveis?

Smartphones e tablets são os grandes dispositivos eletrônicos do momento. Grande parte dos consumidores prefere um smartphone ou tablet a um PC novinho quando vão comprar um novo gadget. Não podemos ignorar isso e fugir dessa tendência. Portanto, nossa obrigação é criar e oferecer o máximo de serviços móveis e apostar nos apps. Até porque a TI do banco sabe que o futuro do internet banking está na tela desses dispositivos.

Quais são as vantagens dos serviços para tablets e smartphones?

Eles facilitam a vida dos correntistas e reduzem muito o custo da operação do banco. Por isso que o Banco do Brasil pesquisa, estuda e desenvolve serviços para celulares há quase dez anos. A TI do banco foi pioneira e criou, no começo da década passada, alguns serviços, como confirmação de operações por SMS e consulta a dados de conta corrente via WAP. Mas a gente não conseguia evoluir rapidamente porque a rede de celular do Brasil era ruim e os celulares limitados. Com a evolução de ambos, a gente criou apps mais sofisticados. Tanto que, hoje, o cliente só precisa ir ao banco para depositar e sacar dinheiro. O resto dos serviços financeiros ele faz pelo dispositivo móvel ou os canais eletrônicos.


Quantas pessoas usam o banco pelo celular?

Atualmente, registramos 3,5 milhões de operações pelo celular. Em 2008, esse número era zero. E como o número de usuários cresce, mais a gente investe no desenvolvimento de novos serviços. Estamos com uma solução que vai identificar onde o cliente está, por meio do recurso de geolocalização, e indicar a ele estabelecimentos próximos que dão descontos para correntistas do Banco do Brasil.

Apps para tablets não aumentam o risco de fraudes e roubos?

A equipe de TI, segurança e risco estudam todos os riscos quando um novo serviço eletrônico é criado, não importa se ele será usado dentro ou fora da agência. Bancos não brincam com risco porque isso pode trazer enormes prejuízos. Com segurança, eu posso afirmar que os apps para celulares são seguros porque eles são usados, na maioria dos casos, apenas para transações de pequenos valores e pagamentos de contas, além de consultas e solicitação de serviços.

Uma pesquisa da Accenture disse que os bancos perdem 3,1 bilhões de reais anualmente; e grande parte dessa quantia é com fraudes digitais. Os apps não podem contribuir para aumentar as perdas?

O sistema financeiro, apesar dos problemas de segurança, não é frágil. Pelo contrário: a gente tem muita segurança nas transações e o Brasil é considerado um grande exemplo para o mundo. Até no modo que agimos quando há um problema somos considerados competentes: num problema eletrônico, como clonagem ou roubo de dados, geralmente o banco assume o ônus depois de uma investigação. Eu acredito que perdas sempre existirão, até porque o ladrão prefere fraudar  do que ir à agência roubar um caixa. O importante é estar preparado para reforçar a segurança do meio eletrônico toda vez que um problema aparece.

Como convencer os clientes que os apps são seguros?

Quando o internet banking surgiu, muita gente não o usava. Depois de um tempo, todo mundo viu que era seguro e passou a usá-lo. O mesmo vai acontecer com os apps para dispositivos móveis. Eu sei que ainda há muita discussão sobre o tema segurança e até clientes resistentes aos serviços digitais, mas a inovação tecnológica não pode ser ignorada, deixada de lado. Ela reduz custos, agiliza os processos, o banco ganha e o cliente também. Hoje, sem tecnologia, o Banco do Brasil, por exemplo, não teria como atender os seus 55 milhões de clientes somente nas agências. A tecnologia, não importa qual seja, é necessária para o bom atendimento do cliente.

Acompanhe tudo sobre:AppsBancosFinanças

Mais de Tecnologia

Número de profissionais em cargos de cibersegurança cresceu 4,5% entre 2023 e 2024

Anatel libera ativação do sinal 5G para mais 506 municípios

Intel tem queda de 21,5% no pré-mercado – e deve demitir até 15 mil funcionários

Apple prevê crescimento impulsionado por IA apesar do mercado chinês

Mais na Exame