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Da Redação
Publicado em 12 de julho de 2010 às 10h06.
Tóquio - O iPad da Apple intensificou a concorrência no Japão pelo livro eletrônico, um mercado que espera duplicar seus lucros nos próximos quatro anos e se estender com novos conteúdos até os dispositivos móveis conectados a internet.
A feira de editoras digitais do Japão, que segundo seus organizadores é a maior reunião mundial sobre conteúdos para o livro eletrônico, mostrou até este sábado, dia 10 de julho, em Tóquio, as últimas ideias para relegar pouco a pouco o livro de papel para um segundo plano.
Coincidindo com esta reunião, englobada na tradicional Feira do Livro de Tóquio, a empresa de consultoria japonesa Impress R&D apresentou os dados de um mercado que movimentou em 2009 57,4 bilhões de ienes (512 milhões de euro) em conteúdos e espera alcançar os 130 bilhões de ienes (1,159 bilhão de euros) em 2014.
Os fabricantes japoneses veem grandes perspectivas de negócios no setor graças aos anúncios de novos dispositivos eletrônicos na onda da aparição do iPad da Apple, assim como pela difusão dos "smartphones", suportes que, na sua opinião, permitirão popularizar os livros digitais.
Por ocasião da feira, as companhias eletrônicas japonesas aproveitam para se reunir em um mesmo espaço com editoras, desenvolvedores de conteúdos e empresas de internet para dar forma a um novo conceito editorial que reúne os suportes digitais e os conteúdos.
Assim a Toshiba, um dos fabricantes japoneses mais ativos no setor de livros eletrônicos, está preparando a apresentação de um leitor, similar ao iPad, que será completado com um portal de publicações bibliográficas chamado "Book Apraz".
A nova invenção da Toshiba terá um preço similar ao iPad e integrará o sistema Android do Google, com o qual a rivalidade entre a Apple e o Google deve passar da telefonia celular para chegar também ao mundo editorial.
O gigante de internet Google, também presente na feira do livro eletrônico, anunciou, por sua vez, que entrará no mercado editorial a partir do próximo ano no Japão e que permitirá, com o pagamento de uma tarifa, o acesso a sua grande base de dados bibliográfica através da internet.
Isto ajudará que, através de possíveis associações com fabricantes japoneses de eletrônica, os novos concorrentes do iPad ofereçam serviços similares ao iBook, a aplicação de livro eletrônico da Apple.
Segundo os especialistas, a princípio a indústria editorial japonesa estava reticente em investir grandes quantias em livros digitais.
Perante a falta de conteúdo, nem sequer a Sony lançou seu "e-reader" no Japão, concorrente do Kindle da Amazon.
No entanto, segundo os dados do relatório da Impress R&D, o gosto dos japoneses pelo manga, um conteúdo fácil de ler, poderia ser um aliado para que as editoras aumentem suas apostas nas publicações eletrônicas.
Por enquanto, parece que as telas coloridas ganham dos livros eletrônicos em preto e branco, já que a Toshiba, NEC, Fujitsu e inclusive a Sony movimentaram suas fichas para produzir este tipo de aparelho, dos quais no ano fiscal de 2011, que começa em março, serão vendidos 800 mil unidades, segundo dados do MM Research.
Os organizadores da feira do livro eletrônico consideram este ano como o início da verdadeira revolução editorial do Japão pelo formato digital, algo que pode ser comprovado em um evento que reuniu mil companhias de mais de 30 países.
Até o momento, as empresas e o mercado se inclinaram pelos livros curtos e o manga para telefones celulares, mas cada vez com mais rapidez editoras investem para tomar de ataque este novo conceito de livro.
A Kosaido espera poder oferecer 300 títulos e vender cerca de 50 milhões de ienes (446.091 euros) no primeiro ano, em um dos países com mais leitores no mundo todo.