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Designers cariocas transformam restos de madeira em óculos

Nas hastes dos óculos, fabricados artesanalmente com estas sobras de madeira, está registrado o nome da rua onde a matéria-prima foi encontrada

Restos de madeira (Divulgação)

Restos de madeira (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2014 às 07h26.

Poesia e sustentabilidade. Da união destes dois conceitos nasceram os óculos de madeira da Zerezes, criados por quatro jovens amigos – e idealistas - do Rio de Janeiro, que estudavam juntos na mesma faculdade. “Tínhamos referências parecidas e saberes complementares”, conta Luiz Eduardo Rocha, um dos fundadores da marca.

A história da produção dos óculos começou pelas ruas da cidade. “Foi um acaso. Encontrávamos madeiras em abundância em caçambas e entulho de obras. Com o tempo fomos entendendo o valor delas, muitas eram nobres”, relembra Luiz Eduardo. “Percebemos que poderíamos trabalhar com o que estava sendo descartado”.

Nas hastes dos óculos, fabricados artesanalmente com estas sobras de madeira, está registrado o nome da rua onde a matéria-prima – que teria o lixo como destino – foi encontrada. Quem comprar o produto, saberá exatamente de onde ele surgiu porque ali estará gravado: rua do Ouvidor, rua São Sebastião . “É a oportunidade de contar um pouquinho mais da história daquela madeira e levar isso para o produto”, diz Luiz Eduardo.

A coleção ganhou o carinhoso nome de Madeiras Redescobertas. As edições são limitadas, já que com as sobras só é possível produzir uma pequena quantidade de peças. Todas são marcadas com o número de série. Há modelos feitos com madeiras como peroba, jacarandá ou pinho de riga, por exemplo.

A Zerezes chegou ao mercado em 2012, durante a realização da Rio+20 na cidade carioca. As coleções são nomeadas pela origem da madeira. Além da Redescobertas, os designers criam óculos com madeiras certificadas, as Documentadas.

Eles não possuem ainda loja própria. Nem sabem se querem ter. Atualmente os óculos podem ser comprados online no site da empresa ou em lojas parceiras que compartilham a mesma pegada alternativa e sustentável.

Outro projeto que vem empolgando os quatro sócios é o da coleção Restus. Ao longo do processo de manufatura das peças na marcenaria, os jovens perceberam que havia muita geração de resíduos. Conceberam então uma forma de reutilizar esta sobra. Foi desenvolvido um compósito feito da união da serragem com resina de base vegetal.

Victor Lanari, Luiz Eduardo Rocha, Henrique Meyrelles e Hugo Galindo, os criados dos óculos da Zerezes (Divulgação)

Com o apoio de doadores através de sistema de financiamento coletivo, os sócios da Zerezes arrecadaram dinheiro para viabilizar o projeto. Depois de muitas experimentações e pesquisas para assegurar a qualidade do material, tiveram sucesso em produzir óculos feitos com esta nova matéria-prima. Conseguiram assim reduzir o desperdício e dar vida nova a algo que seria descartado.

O preço dos óculos não é barato, varia entre 300 e 500 reais, mas os jovens empresários apostam em conquistar os clientes pela sustentabilidade da marca e o enorme apelo emocional que certamente ela oferece. Além do mais, o design é lindo. “Assumimos uma prática de comércio justo. Os óculos têm custo alto porque queremos pagar bem nossos parceiros”.

Criatividade, inovação e uma boa dose de persistência. Os cariocas mostram que é possível mudar a forma como enxergamos o mundo e produzimos – ou melhor, recriamos nossos bens. “Estamos fazendo uma coisa em que acreditamos, traçando nosso caminho e fazendo nossas escolhas”, diz Luiz Eduardo.

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