Rachel Delphin, Chief Marketing Officer (CMO) da Twitch: plataforma cada vez mais relevante entre as grandes marcas
Repórter
Publicado em 6 de dezembro de 2023 às 17h27.
Última atualização em 6 de dezembro de 2023 às 22h04.
Entre as megaproduções da Netflix e as gravações caseiras do TikTok, as transmissões ao vivo são um produto audiovisual que corre pela tangente das plataformas. Nessa seara, ainda que todas permitam iniciar em poucos cliques uma live, a Twitch é o player mais bem-sucedido e que tem proporções homéricas no quanto consegue gerar de conteúdo. Nesse momento, a plataforma de streaming ao vivo da Amazon tem cerca de 2,5 milhões de usuários sintonizados. Ao longo do mês, essa audiência poderá escolher entre 7 milhões de transmissões, que ao fim de 30 dias, somarão algo próximo de 1,86 bilhão de horas de exibição.
Entre os streamers mais assistidos do mundo, os brasileiros Gaules e Casimiro acumulam 4 e 3,8 milhões de inscritos, respectivamente – e já evoluíram do sucesso na Twitch para outras vertentes dentro e fora da internet. A plataforma se mostra cada vez mais apropriada para negócios especializados que escolhem a produção de vídeos como produto. Em suma, a Twitch não é mais para amadores.
Em uma conversa exclusiva à EXAME, Rachel Delphin, Chief Marketing Officer (CMO) da Twitch, definiu iniciativas como a CazéTV como exemplo perfeito do que deve acontecer com conteúdo da plataforma – apoiados por marcas e ainda mais profissionalizados. “Estamos falando de um conteúdo que antes era reservado para as grandes redes, agora indo para streamers em acordos individuais”.
Apesar de que a maioria se concentra em transmissões de jogos, a Twitch também oferece vídeos em categorias como “Só Conversando”, “Podcasts” ou “Arte”. É como se qualquer usuário virasse o protagonista do seu próprio programa de TV – é só escolher o canal e assistir. E o público, em sua maioria, é da geração Z: quase 75% dos espectadores da Twitch têm entre 16 e 34 anos.
Segundo Rachel, os planos da Twitch para 2024 envolvem aumentar o número de encontros presenciais; promover a colaboração entre streamers dentro da plataforma e trazer mais usuários para publicar no feed (página inicial) ou via Stories, e ganhar aqueles que não possuem tantas horas disponíveis para acompanhar uma transmissão inteira.
O que há de diferente na Twitch em comparação com outras plataformas?
O aspecto de comunidade na Twitch foi o que me atraiu. Quando entrei, a plataforma era relativamente desconhecida fora da comunidade de jogos, mas vi o potencial para um impacto mais amplo. Conteúdo na Twitch é de formato longo. Você senta, assiste a um streamer e interage com ele por até horas. O que escutamos dos streamers é que é uma experiência diferente, sabe? Os fãs criam uma comunidade e querem estar lá como se estivessem no sofá com um amigo ou no bar favorito assistindo ao jogo. Há algo diferente em consumir, assistir e compartilhar essa experiência com um monte de outras pessoas.
Comunidades podem acabar virando um ambiente tóxico ou violando as diretrizes da plataforma. O que a Twitch faz para impedir isso?
Não somos apenas uma marca que fornece um serviço, temos que ser participantes da comunidade. Portanto, temos nosso próprio canal no qual falamos da mesma maneira que nossos streamers sobre o que estamos construindo, por que estamos construindo e mais. Algumas perguntas que temos que responder são difíceis, mas não podemos permitir que haja uma distância entre a nossa marca e o nosso público. Não está no espírito da empresa.
De forma mais prática, a Twitch implementou ferramentas e regras para lidar com o assédio online. Temos o modo Shield, por exemplo, um conjunto de ferramentas que permite que os streamers gerenciam seus canais de maneira eficaz. É só apertar um botão durante a live que o modo de proteção é ativado.
O que é necessário para ser um streamer de sucesso na Twitch?
Eu acho que é como uma carreira no entretenimento em muitos aspectos. Mas também acredito que as pessoas definem o sucesso de maneiras diferentes. Eu estava conversando com um streamer recentemente e ele estava dizendo que, no começo, o objetivo dele era apenas pagar pela lata de energético Monster. Mas, se vamos falar sobre o que é necessário para estar no topo do jogo, acredito que envolvimento com o público, consistência, oferecer entretenimento de qualidade e ser criativo contribuem para o sucesso. A colaboração com outros streamers também é crucial.
E o Brasil é um ‘player’ importante nesse mercado? Para as marcas, há valor em colaborar com um streamer da Twitch?
O Brasil é um dos nossos principais mercados globais e, como você provavelmente sabe, alguns dos nossos maiores streamers em todo o mundo são brasileiros. Gaulês e Casimiro expandiram-se para além dos jogos, interagindo com conteúdo licenciado e eventos esportivos. No caso de Casimiro, você está falando sobre conteúdo que antes era reservado para grandes redes, e que agora está indo para streamers em acordos individuais. Para as marcas, você tem um parceiro criativo único. Oferecendo público, estratégia e conteúdo, é quase como se fosse uma agência que trabalhasse só para aquela empresa. Diga para eles “este é o meu público, é isso que meu produto oferece e essa é a história que podemos contar juntos”.
Quais os planos para a Twitch em 2024?
Olhando para o futuro, a Twitch quer ver mais criadores de conteúdo usando a plataforma para aprofundar conexões com seus públicos. Hoje a Twitch é uma plataforma que é usada por horas contínuas por quem assiste. Recursos como o Stories, que foi lançado em outubro deste ano, oferecem oportunidades para os usuários se atualizarem rapidamente, promovendo o envolvimento contínuo na plataforma. Quando você está mexendo no celular na fila de um banco, por exemplo, você tem 5 minutos que não seriam gastos assistindo a uma live ao vivo. Isso significa que há uma oportunidade para nós aí, entre esses 5 e 10 minutos, para nos tornarmos um lugar onde as pessoas podem se atualizar sobre seu criador favorito, sem se dedicar a um conteúdo longo.