Dados de localização do Google mostram onde quarentenas são respeitadas
Dados foram coletados pelo Google de celulares Android do mundo inteiro, com recurso "Histórico de localização" ativado
Estadão Conteúdo
Publicado em 3 de abril de 2020 às 13h35.
Última atualização em 3 de abril de 2020 às 13h51.
O Google publicou gráficos mostrando como o coronavírus paralisou a Itália, causou uma corrida a supermercados de todo o mundo e provocou uma queda acentuada na movimentação de pessoas em feriados importantes.
A análise dos dados de localização de bilhões de smartphones dos usuários do Google é o maior conjunto de dados público disponível para ajudar autoridades de saúde a avaliar se as pessoas estão cumprindo as orientações de isolamento e distanciamento social em todo o mundo para conter o vírus.
A empresa divulgou relatórios para 131 países com gráficos que comparam a movimentação registrada de 16 de fevereiro a 29 de março em lojas, estações de trem e ônibus, supermercados e escritórios com um período de cinco semanas no início deste ano.
O Google informou que publicou os relatórios para evitar qualquer confusão sobre os dados que fornece a autoridades, dado o debate global que surgiu sobre o equilíbrio entre proteção à privacidade e a necessidade de evitar a disseminação do vírus.
Os dados frequentemente se correlacionam com a gravidade dos surtos e a intensidade e amplitude das restrições impostas pelos governos.
Itália e Espanha, dois dos países mais atingidos, viram a movimentação em lojas e locais de recreação, como restaurantes e cinemas, caindo 94%. Reino Unido, França e Filipinas tiveram quedas de mais de 80%, enquanto a Índia, que entrou em uma paralisação repentina de 21 dias em 25 de março, também foi notável a queda no fluxo das pessoas, em 77%.
Nos Estados Unidos, onde as respostas de governos variaram bastante, e na Austrália, onde o bom clima inicialmente levou muitas pessoas a irem à praia antes que as medidas de distanciamento social fossem aumentadas, as quedas foram menos acentuadas, de menos de 50%.
Por outro lado, no Japão e na Suécia, onde as autoridades não impuseram restrições severas, a movimentação caiu cerca de 25%. Enquanto na Coreia do Sul, que conseguiu conter a epidemia através da realização maciça de testes e rastreamento de contatos, o declínio foi de apenas 19%.
Os dados nos relatórios são de celulares Android com recurso "Histórico de localização" ativado. A empresa disse que adotou medidas técnicas para garantir que nenhum indivíduo pudesse ser identificado através dos levantamentos.
"Esses relatórios foram desenvolvidos para ajudar a cumprir nossos rigorosos protocolos e políticas de privacidade", escreveram Karen DeSalvo, vice-presidente de saúde do Google Health e Jen Fitzpatrick, vice-presidente sênior do Google Geo, em comunicado.
O Google também disse que não está relatando dados demográficos, mas está aberto a incluir informações e países adicionais nos relatórios de acompanhamento.
A empresa se recusou a comentar se recebeu alguma solicitação legal para compartilhar dados mais detalhados para ajudar nos esforços de combate da pandemia.