Coronavírus derruba até 70% das corridas da Uber nos Estados Unidos
O presidente global da empresa americana disse que, por causa do novo coronavírus, as atividades da Uber foram reduzidas em Seattle e Nova York
Maria Eduarda Cury
Publicado em 19 de março de 2020 às 18h18.
Última atualização em 27 de março de 2020 às 14h39.
Integrando a lista de empresas que tiveram atividades reduzidas — ou até paralisadas temporariamente — por causa da pandemia do novo coronavírus, a Uber informou nesta quinta-feira, 19, que houve queda de até 70% nas corridas em algumas cidades dos Estados Unidos. Uma das mais afetadas é Seattle, que é um dos principais mercados da empresa no país.
Em uma teleconferência com os investidores, o presidente global da Uber, Dara Khosrowshahi, informou que a pandemia de coronavírus teve um efeito negativo em seus negócios.
Falando apenas sobre os Estados Unidos,Khosrowshahi informou que cidades como São Francisco, Los Angeles e Nova York também tiveram uma redução significativa em quantidade de corridas. O executivo não informou qual foi a redução percentual nessas cidades, mas afirmou que a queda é bastante similar à de Seattle.
De acordo comKhosrowshahi, não é possível prever o que irá acontecer daqui para a frente. O isolamento e o distanciamento social incentivados pelas autoridades de saúde em todo o mundo devem prejudicar financeiramente a companhia, e não apenas nos Estados Unidos.
Segundo reportagem do jornalThe Wall Street Journal, os gastos dos americanos com serviços de carona, como Uber e Lyft, caíram em média 21%.
Os motoristas dos aplicativos também notaram uma grande diminuição na demanda de seus serviços. Cerca de 80% dos motoristas da Uber e do Lyft disseram que estão recebendo menos em relação aos meses anteriores.
Khosrowshahi, porém, afirmou que a empresa tem um caixa de 10 bilhões de dólares, além de 1,5 bilhão de dólares reservado para fazer aquisições, e acredita que o dinheiro seja suficiente para atravessar o período de turbulênca até o final deste ano.
Ele acrescentou que a empresa está vivendo um caso extremo, e que direcionou 150 milhões de dólares — que geralmente são utilizados para pagamento de tarifas — para produzir ações publicitárias.
Além disso, a companhia está fornecendo assistência financeira aos motoristas que contraíram o vírus e congelou, por tempo indeterminado, a contratação de novos funcionários nos Estados Unidos.
Caso a Uber também sofra quedas similares em outros locais do mundo, as expectativas de analistas são que a companhia tenha resultados financeiros negativos no primeiro semestre, mas com chance de se recuperar no último trimestre de 2020.
Em 2019, a companhia informou que esperava se tornar lucrativa neste ano, após a perda de 8,5 bilhões de dólares no último trimestre do ano passado.
Para alcançar a meta, porém, a Uber dependerá de como os países lidarão, daqui para a frente, com a pandemia de covid-19.