Exame Logo

Como o Reino Unido pretende ensinar computação a todas as crianças

Governo investe alto para capacitar professores que vêm de outra geração

. (oatawa/Thinkstock)
AA

Ariane Alves

Publicado em 30 de novembro de 2018 às 09h28.

São Paulo - O Reino Unido está empenhado em incorporar de vez o ensino de programação ao currículo escolar, dando às crianças a chance de aprender a linguagem desde cedo. O governo britânico pretende investir alto na capacitação de professores para atingir a meta de educar todas as crianças do país na linguagem digital.

Segundo o jornal Financial Times, o Reino Unido mantêm, no momento, 40 mil professores do ensino primário e secundário em seu programa de capacitação. Como a maioria dos docentes não possui nenhuma formação na área de computação e não está familiarizado com linguagens de programação, a parceria com a Fundação Raspberry Pi, organização britânica sem fins lucrativos fundada em 2009 com o objetivo de facilitar e ampliar o ensino de programação nas escolas.

Veja também

A fórmula do governo

Para cumprir suas metas na área, o Reino Unido não usará fórmula mágica. A solução do país é investir. O governo prometeu um comprometimento orçamentário de 100 milhões de libras (cerca de 490 milhões de reais) nos próximos anos para aprimorar o ensino de programação em todas as escolas e intenciona se manter no posto de nação europeia que mais investe no ensino de computação.

"Nós não vimos nada dessa escala e abrangência no mundo por parte de um governo, o que é realmente emocionante", disse Philip Colligan, diretor executivo da Fundação Raspberry Pi, ao Financial Times. " A combinação de ênfase na formação de professores, compromisso com o assunto e disponibilização de recursos para alcançar os professores fora da sala de aula - isso é um incrível coquetel de investimento."

Nos próximos quatro anos, a Fundação vai administrar oficinas presenciais em 40 escolas de bom desempenho, que serão pagas para oferecer treinamento às escolas vizinhas.

Formação docente e parcerias são o diferencial britânico

Atualmente, nos países que pretendem desenvolver a área, a formação dos professores tende a ser agrupada com outros assuntos científicos ou financiada por meio da filantropia. Nos Estados Unidos, por exemplo, a organização sem fins lucrativos Code.org informa que 900 mil docentes aprendem com seus recursos, embora pouco mais de um terço das escolas do Ensino Médio ensinem computação de fato.

“Temos muitos professores que não possuem qualificações em ciências da computação, que estão tentando ensinar um currículo bastante desafiador. Uma grande parte do dinheiro vai para bolsas. Pagaríamos à escola a quantia de dinheiro que custaria a um professor em sala de aula ficar fora da escola por um dia”, disse Colligan. “Muitas escolas não podem enviar seus professores para treinamento, então isso é ótimo para as escolas em áreas de desvantagem.”

A escolha do Raspberry Pi não é por acaso. O sistema, que consiste em uma placa de hardware do tamanho de um cartão de crédito, pode ser usado tanto por crianças quanto por cientistas da Estação Espacial Internacional. Já vendeu 23 milhões de dispositivos e trabalha com parceiros como Google, Arm e Cisco. Os voluntários da Fundação trabalham com crianças para inspirar criatividade, resultando em projetos que incluem sistemas de voz do Google Home, experiências no espaço e chatbots.

Hoje, existem mais de 6 mil grupos de ensino no Reino Unido, e aproximadamente 110 mil crianças já recebem os conteúdos aprendidos pelos profes durante os workshops.

Acompanhe tudo sobre:EducaçãoProgramadoresReino Unido

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Tecnologia

Mais na Exame