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Classe D vai impulsionar pagamentos móveis, diz empresário

Startup brasileira deseja por fim à desconfiança e disseminar, em pouco tempo, a tecnologia do mobile payment pelo país

Marco Bueno, CEO da startup Akatus, que criou sistema com leitor de cartões e apps: ele aposta em vendedores autônomos para impulsionar o mobile payment no Brasil (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2013 às 11h02.

São Paulo – O mobile payment sempre desperta mais preocupação do que curiosidade, tanto para consumidores quanto para empresários. Há uma razão para o medo: a tecnologia, que usa celulares para efetuar e receber pagamentos, não parece ser efetivamente segura, já que funciona em qualquer lugar, desde que haja uma conexão de internet ou de celular. A Akatus, uma startup brasileira, deseja por fim a essa desconfiança e disseminar, em pouco tempo, a tecnologia pelo país.

Comandada por Marcos Bueno, a Akatus criou um sistema – formado por um pequeno leitor de cartões e um aplicativo para iOS e Android – que transforma o smartphone ou tablet numa máquina para transações com cartões de crédito e débito, como as tradicionais encontradas em estabelecimentos comerciais. “Com a tecnologia, o vendedor não precisa levar uma maquininha para cobrar os clientes, basta sair de casa com o smartphone a tiracolo e usá-lo para receber os pagamentos”, diz.

Bueno demorou cerca de um ano e meio para desenvolver a tecnologia. A maior parte desse tempo foi gasto para testar os recursos de segurança, como a avançada criptografia usada para evitar que os dados sejam interceptados por um software espião. “A gente analisou e fechou todos os riscos possíveis, para garantir o máximo de proteção para o comprador e o vendedor”.

A solução da Akatus, diz o empresário, pode ser usada por pequenas empresas, mas tem como alvo principal as pessoas físicas que vendem produtos porta a porta ou em pequenos comércios. “É junto a eles que eu quero popularizar a tecnologia do mobile payment no país”, afirma.

Em entrevista, Bueno explica como vai fazer para essa estratégia dar certo; e, ainda, como conseguiu criar a tecnologia que pode ajudar os vendedores informais.

Por que você vai apostar nos vendedores das classes C e D para popularizar o mobile payment?

Existe um batalhão de pessoas físicas que todos os dias saem vendendo vários tipos de produtos pelas ruas, e em várias partes do país, como as vendedoras de Natura e Jequiti, por exemplo. Esse pessoal negocia produtos com amigos, colegas de trabalho, transeuntes e até em empresas; e recebem o pagamento em dinheiro ou cheque. Por conta disso, corre o risco de ser assaltado ou perder o dinheiro em algum canto. Se essas pessoas são importantes para a economia do país, eu pensei: por que não apostar nelas? Com a nossa tecnologia, elas podem aceitar cartões na hora de vender o seu produto. Além de correr menos riscos por não andar com o dinheiro no bolso. Se o produto se popularizar entre elas, é quase certo que se popularize em outros segmentos da sociedade.

Como funciona a tecnologia Akatus Mobile?

Para usar o serviço, o cliente precisa instalar no seu Android ou iOS o nosso aplicativo, chamado Akatus Mobile. Na sequência, deve abrir uma conta e enviar cópias de alguns documentos e de um comprovante de endereço para realizar movimentações financeiras. Assim que a gente recebe os documentos, uma auditoria trabalha para confirmar os dados e autorizar o usuário. Esse processo dura mais ou menos 48 horas. Feito isso, o usuário pode usar nosso aplicativo para realizar as transações eletrônicas – mas deve, neste caso, digitar os dados do cartão manualmente. Nossa ideia, no entanto, é que eles tenham o nosso leitor de cartões, que custa 99 reais. O leitor se acopla ao celular pela saída de áudio (onde se conecta o fone de ouvido) e transforma o aparelho numa maquininha de cartões, aumentando a segurança – já que os dados não precisam ser digitados.


Como convencer este tipo de vendedor que o serviço serve para ele?

Explicamos que quando se aceita um pagamento com cartão de crédito ou débito, ele vai ter o dinheiro na conta com certeza. Ou seja, ele não terá a insegurança comum de quem aceita pagamento em cheque. Além do mais, o nosso serviço permite parcelar as vendas em até 12 vezes. Uma comodidade que os vendedores autônomos não conseguem oferecer, na maioria das vezes. As vendas também podem ser monitoradas pelo site da Akatus, onde há um relatório das transações.

E como chegar aos vendedores das classes C e B?

A empresa montou um quiosque na Galeria Pajé, em São Paulo. Lá, há uma grande concentração de vendedores, que nos procuram para saber como funciona o serviço de mobile payment. A ideia é replicar esse quiosque em outros centros de comércio parecidos. A Akatus tem feito ainda seminários para grupos de vendedores, nos quais explica as funcionalidades do serviço.

Existem dúvidas sobre segurança, ainda mais por ser um serviço de uma empresa iniciante?

Muitas. Mas ressaltamos os nossos recursos que ajudam a proteger tanto o vendedor quanto o comprador. Por exemplo, o leitor de cartão tem um sistema que o inutiliza caso o usuário tente abri-lo. Também explicamos sobre o recurso de criptografia, que dificulta que as transações eletrônicas sejam capturadas por um programa espião ou mesmo um hacker. E lembramos que o app permite capturar uma foto do comprador e, ainda, pegar a referência geográfica do local do negócio.

O vendedor que usa as máquinas de cartão paga um aluguel e uma taxa de serviço de até 7% por venda. Qual é a taxa da Akatus?

Cada transação custa 39 centavos. E como as tradicionais empresas de pontos de venda (ou seja, Visa e Mastercard), a Akatus recebe o dinheiro da venda e depois repassa para o usuário, na sua conta bancária. Cobramos uma taxa nessas operações de resgate.

E quais são as taxas de resgate?

Se o nosso usuário quiser pedir o dinheiro 48 horas depois da venda, a taxa é de 6,4% sobre o valor da transação. Se pedir para receber depois de 14 dias, o valor diminui para 4,99% sobre a transação. Se o resgate for em 30 dias, o resgate terá uma taxa de 3,99%.

O valor não é alto para um vendedor autônomo?

Considero que o valor do nosso serviço está abaixo do que as tradicionais empresas de cartão cobram. A Akatus sabe que o valor é considerável, por isso, estudamos sempre benefícios para os nossos clientes. O mais recente que lançamos é um cartão de crédito pré-pago. O nosso cliente pode pedi-lo em qualquer momento. Para usá-lo, basta cadastrá-lo para receber o dinheiro que vem de suas vendas feitas pelo Akatus Mobile. Ele é indicado para o vendedor que não tem conta em banco, mas deseja um cartão para fazer as compras.

As redes de celulares no Brasil nem sempre funcionam bem, ainda mais no interior do país. Como garantir para o cliente que seu serviço vai funcionar bem em qualquer lugar?

A gente pensou nesse problema durante o desenvolvimento do produto. Não dá para você construir uma tecnologia popular e, ao mesmo tempo, exigir que ela rode somente em redes 3G ou smartphones de última geração. Por isso, fizemos um app que roda em smartphones intermediários. O app consome poucos kilobytes durante a transação. O usuário do serviço Akatus, portanto, não precisa de uma conexão rápida, como o 3G, para usá-lo. Se a cidade tiver GPRS, por exemplo, tudo funcionará bem.

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São Paulo – O mobile payment sempre desperta mais preocupação do que curiosidade, tanto para consumidores quanto para empresários. Há uma razão para o medo: a tecnologia, que usa celulares para efetuar e receber pagamentos, não parece ser efetivamente segura, já que funciona em qualquer lugar, desde que haja uma conexão de internet ou de celular. A Akatus, uma startup brasileira, deseja por fim a essa desconfiança e disseminar, em pouco tempo, a tecnologia pelo país.

Comandada por Marcos Bueno, a Akatus criou um sistema – formado por um pequeno leitor de cartões e um aplicativo para iOS e Android – que transforma o smartphone ou tablet numa máquina para transações com cartões de crédito e débito, como as tradicionais encontradas em estabelecimentos comerciais. “Com a tecnologia, o vendedor não precisa levar uma maquininha para cobrar os clientes, basta sair de casa com o smartphone a tiracolo e usá-lo para receber os pagamentos”, diz.

Bueno demorou cerca de um ano e meio para desenvolver a tecnologia. A maior parte desse tempo foi gasto para testar os recursos de segurança, como a avançada criptografia usada para evitar que os dados sejam interceptados por um software espião. “A gente analisou e fechou todos os riscos possíveis, para garantir o máximo de proteção para o comprador e o vendedor”.

A solução da Akatus, diz o empresário, pode ser usada por pequenas empresas, mas tem como alvo principal as pessoas físicas que vendem produtos porta a porta ou em pequenos comércios. “É junto a eles que eu quero popularizar a tecnologia do mobile payment no país”, afirma.

Em entrevista, Bueno explica como vai fazer para essa estratégia dar certo; e, ainda, como conseguiu criar a tecnologia que pode ajudar os vendedores informais.

Por que você vai apostar nos vendedores das classes C e D para popularizar o mobile payment?

Existe um batalhão de pessoas físicas que todos os dias saem vendendo vários tipos de produtos pelas ruas, e em várias partes do país, como as vendedoras de Natura e Jequiti, por exemplo. Esse pessoal negocia produtos com amigos, colegas de trabalho, transeuntes e até em empresas; e recebem o pagamento em dinheiro ou cheque. Por conta disso, corre o risco de ser assaltado ou perder o dinheiro em algum canto. Se essas pessoas são importantes para a economia do país, eu pensei: por que não apostar nelas? Com a nossa tecnologia, elas podem aceitar cartões na hora de vender o seu produto. Além de correr menos riscos por não andar com o dinheiro no bolso. Se o produto se popularizar entre elas, é quase certo que se popularize em outros segmentos da sociedade.

Como funciona a tecnologia Akatus Mobile?

Para usar o serviço, o cliente precisa instalar no seu Android ou iOS o nosso aplicativo, chamado Akatus Mobile. Na sequência, deve abrir uma conta e enviar cópias de alguns documentos e de um comprovante de endereço para realizar movimentações financeiras. Assim que a gente recebe os documentos, uma auditoria trabalha para confirmar os dados e autorizar o usuário. Esse processo dura mais ou menos 48 horas. Feito isso, o usuário pode usar nosso aplicativo para realizar as transações eletrônicas – mas deve, neste caso, digitar os dados do cartão manualmente. Nossa ideia, no entanto, é que eles tenham o nosso leitor de cartões, que custa 99 reais. O leitor se acopla ao celular pela saída de áudio (onde se conecta o fone de ouvido) e transforma o aparelho numa maquininha de cartões, aumentando a segurança – já que os dados não precisam ser digitados.


Como convencer este tipo de vendedor que o serviço serve para ele?

Explicamos que quando se aceita um pagamento com cartão de crédito ou débito, ele vai ter o dinheiro na conta com certeza. Ou seja, ele não terá a insegurança comum de quem aceita pagamento em cheque. Além do mais, o nosso serviço permite parcelar as vendas em até 12 vezes. Uma comodidade que os vendedores autônomos não conseguem oferecer, na maioria das vezes. As vendas também podem ser monitoradas pelo site da Akatus, onde há um relatório das transações.

E como chegar aos vendedores das classes C e B?

A empresa montou um quiosque na Galeria Pajé, em São Paulo. Lá, há uma grande concentração de vendedores, que nos procuram para saber como funciona o serviço de mobile payment. A ideia é replicar esse quiosque em outros centros de comércio parecidos. A Akatus tem feito ainda seminários para grupos de vendedores, nos quais explica as funcionalidades do serviço.

Existem dúvidas sobre segurança, ainda mais por ser um serviço de uma empresa iniciante?

Muitas. Mas ressaltamos os nossos recursos que ajudam a proteger tanto o vendedor quanto o comprador. Por exemplo, o leitor de cartão tem um sistema que o inutiliza caso o usuário tente abri-lo. Também explicamos sobre o recurso de criptografia, que dificulta que as transações eletrônicas sejam capturadas por um programa espião ou mesmo um hacker. E lembramos que o app permite capturar uma foto do comprador e, ainda, pegar a referência geográfica do local do negócio.

O vendedor que usa as máquinas de cartão paga um aluguel e uma taxa de serviço de até 7% por venda. Qual é a taxa da Akatus?

Cada transação custa 39 centavos. E como as tradicionais empresas de pontos de venda (ou seja, Visa e Mastercard), a Akatus recebe o dinheiro da venda e depois repassa para o usuário, na sua conta bancária. Cobramos uma taxa nessas operações de resgate.

E quais são as taxas de resgate?

Se o nosso usuário quiser pedir o dinheiro 48 horas depois da venda, a taxa é de 6,4% sobre o valor da transação. Se pedir para receber depois de 14 dias, o valor diminui para 4,99% sobre a transação. Se o resgate for em 30 dias, o resgate terá uma taxa de 3,99%.

O valor não é alto para um vendedor autônomo?

Considero que o valor do nosso serviço está abaixo do que as tradicionais empresas de cartão cobram. A Akatus sabe que o valor é considerável, por isso, estudamos sempre benefícios para os nossos clientes. O mais recente que lançamos é um cartão de crédito pré-pago. O nosso cliente pode pedi-lo em qualquer momento. Para usá-lo, basta cadastrá-lo para receber o dinheiro que vem de suas vendas feitas pelo Akatus Mobile. Ele é indicado para o vendedor que não tem conta em banco, mas deseja um cartão para fazer as compras.

As redes de celulares no Brasil nem sempre funcionam bem, ainda mais no interior do país. Como garantir para o cliente que seu serviço vai funcionar bem em qualquer lugar?

A gente pensou nesse problema durante o desenvolvimento do produto. Não dá para você construir uma tecnologia popular e, ao mesmo tempo, exigir que ela rode somente em redes 3G ou smartphones de última geração. Por isso, fizemos um app que roda em smartphones intermediários. O app consome poucos kilobytes durante a transação. O usuário do serviço Akatus, portanto, não precisa de uma conexão rápida, como o 3G, para usá-lo. Se a cidade tiver GPRS, por exemplo, tudo funcionará bem.

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