Matt Damon em campanha da Water.org (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2015 às 21h40.
Londres - A Califórnia pode ter apenas mais um ano de água restante em seus reservatórios, segundo a NASA.
Os brasileiros sedentos estão abrindo poços em busca de água.
E o Irã vive uma escassez de água, de uma ponta à outra, com o encolhimento de seus lagos e pântanos.
Nesses dias de seca, mudança climática e gestão ruim da água, este não é um cenário bonito.
O diretor da Water.org, Gary White, ajudou 2,8 milhões de pessoas na Índia e outros 11 países a terem acesso a água potável e a um melhor saneamento e, mesmo fazendo todos esses esforços, ele aceita jogar um papel secundário em relação ao ator Matt Damon, cofundador de seu grupo sem fins lucrativos.
“Eu sempre serei ofuscado por Matt, mas por mim está tudo bem”, disse White, que é engenheiro, em entrevista por telefone no mês passado. “Ele não é uma celebridade porta-voz. Ele é um parceiro estratégico” que “proporciona muitos benefícios”.
Os parceiros fazem um trabalho necessário para o bem maior de um mundo em que 14 por cento da população ainda defeca ao ar livre.
Cerca de 35 por cento dos 7 bilhões de habitantes do planeta vivem sem saneamento, como banheiros e latrinas, e cerca de 1,8 bilhão tomam água contaminada com fezes, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Com a Terra prestes a aumentar sua população em mais uma Índia, ou cerca de 1,2 bilhão de pessoas, nos próximos 15 anos, “até 2030 precisaremos de 30 por cento mais de água, 40 por cento mais de energia e 50 por cento mais de alimentos”, segundo a Dow Water Process Solutions, uma unidade da Dow Chemical Co.
O Dia Mundial da Água, das Nações Unidas, que será comemorado neste domingo, é um sério lembrete sobre o que é importante, quando problemas como água, saneamento e higiene nas comunidades e os âmbitos institucionais, especialmente os serviços de saúde, têm sido responsabilizados pela exacerbação da propagação do ebola na África Ocidental.
Possíveis soluções
O grupo de White oferece microcréditos para os necessitados, onde 93 por cento dos beneficiados do WaterCredit são mulheres, enquanto a dessalinização continua sendo uma opção para ajudar a resolver “o desafio da escassez de água do mundo”, que afeta um total estimado de 700 milhões de pessoas em 43 países, disse Avshalom Felber, CEO da IDE Technologies Ltd.
Enquanto a área de San Diego tem uma instalação de dessalinização de 50 milhões de galões (189 milhões de litros) por dia com conclusão prevista para este ano em Carlsbad e uma proposta semelhante para Huntington Beach, a Califórnia e o Brasil continuam sofrendo o efeito cascata da seca.
O número de edifícios em São Paulo que estão pedindo permissão para a abertura de poços artesianos na maior cidade do Brasil deu um salto em meio à pior seca vivida pela metrópole em oito décadas.
A Sabesp concedeu 1.058 permissões para a abertura de poços em 2014, 17 por cento a mais que no ano anterior, segundo a TV Globo.
Projeção de demanda
Até 2050, a demanda global por água deverá aumentar 55 por cento, a maior parte por causa do uso na fabricação, na geração de eletricidade térmica e nas residências, o que inclui a crescente urbanização nos países em desenvolvimento, disse o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento de Recursos Hídricos.
Quase metade da água usada pelos americanos vai para a geração de energia termoelétrica, segundo os dados.
Os lençóis freáticos estão diminuindo, com uma estimativa de 20 por cento dos aquíferos do mundo sendo atualmente superexplorados, segundo um relatório da ONU divulgado nesta sexta-feira.
“A água e o saneamento precisam ser prioridades claras se quisermos criar um futuro que permita que todos vivam vidas saudáveis, prósperas e dignas”, disse Michel Jarraud, que preside a ONU-Água, antes do Dia Mundial da Água.