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"Brasil é repleto de criatividade e inovação", diz diretor do Internet.org

Desenvolvedores brasileiros podem criar soluções que ajudarão pessoas em todo o mundo, acredita Ime Archibong

Ime Archibong (Getty Images)

Ime Archibong (Getty Images)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 18 de julho de 2015 às 09h38.

Neste final de semana, o Facebook realiza em São Paulo um hackathon, maratona para desenvolvedores de aplicativos, que visa a criação de soluções para conectar a população mundial que hoje não tem acesso à rede. A iniciativa faz parte do projeto Internet.org, que tem o objetivo de levar a web a regiões remotas do mundo.

No hackathon, os desenvolvedores brasileiros terão o desafio de criar aplicativos compatíveis com a plataforma da Internet.org para que a população desconectada tenha acesso a serviços básicos gratuitos na internet para que descubram o valor da conectividade. Além de São Paulo, Belo Horizonte sediará um hackathon no dia 21 de julho.

Ime Archibong, diretor de parcerias de conteúdo do Internet.org, estará presente no evento deste final de semana. INFO conversou com ele sobre o ousado projeto de conectar o mundo.

Como você espera que os desenvolvedores brasileiros colaborem com o Internet.org? 

A minha expectativa é que eles construam algo que seja ótimo, criativo e inovador para a comunidade local. Os desenvolvedores regionais são muito importantes para o Internet.org. Eles são importantes para toda a plataforma e ponto. Porque eles têm o contexto local, têm o conhecimento e sabem onde encontrar oportunidades criativas e geram valor para a comunidade do seu país, de uma maneira que nenhuma multinacional ou que uma empresa que não seja do próprio país poderia fazer, Então, na minha opinião, os desenvolvedores e empreendedores locais são extremamente importantes nessa iniciativa de gerar valor para pessoas ao redor do mundo, para as próximas 4 bilhões de pessoas que entrarão na internet. Por isso, estou empolgado com o que vou ver amanhã. Já vi algumas coisas interessantes acontecerem, por exemplo, na área de educação e de saúde. Também há aplicativos que estimulam o engajamento civil… Enfim, vamos ver o que acontece amanhã. Já estivemos em Recife nesta semana e passei algum tempo com desenvolvedores. Conversei com o pessoal do Colab, app que permite que cidadãos se comuniquem com a prefeitura para informar problemas da cidade. É difícil prever o que pode acontecer nesse hackathon. O que sei é que, seja o que for, será algo relevante para a população brasileira e isso me deixa feliz.

O que os desenvolvedores brasileiros têm a oferecer ao mundo, na sua opinião?

Ah, provavelmente muita coisa (risos). O Brasil é um país que tem 200 milhões de pessoas e há muita criatividade e inovação nos brasileiros pelo que pude notar nas duas viagens que fiz para cá neste ano. Fico contente em voltar a ter contato com esses desenvolvedores locais, porque estive aqui em fevereiro…

Sim, você esteve aqui para a Campus Party 2015, correto?

Sim, na Campus Party eu pude ter contato com o ecossistema de desenvolvimento brasileiro. Pude notar muita empolgação e energia vindo daqueles 8 mil jovens hackers, desenvolvedores ou empreendedores. Foi algo bem impressionante de se ver. Estou otimista em ver inovações globais sendo criadas no Brasil, esta é a outra coisa linda sobre o que a Internet.org está fazendo, como qualquer outra iniciativa de levar internet para os que estão historicamente desconectados. Não apenas veremos inovações locais, mas também veremos os desenvolvedores levando suas ideias para o resto do mundo. Uma das participantes em Recife foi a Livox. Eles fizeram uma ferramenta fascinante que permite que pessoas com deficiências mentais possam se comunicar e aprender de maneira mais eficaz. O fato de que eles estejam interessados em descobrir como eles podem levar esse recurso não só para as pessoas do seu país, mas para todo o mundo. O legal é que isso foi algo feito por um pai e uma mãe que estavam tentando resolver um problema muito pessoal com sua filha. E eles estão levando isso para centenas de pessoas. A questão agora é como elas podem levar isso para milhões de pessoas em todo o mundo que enfrentam problemas similares. Tenho esperança de que as pessoas não vão somente resolver problemas locais, mas também questões macro.

Por que foram escolhidas as cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Recife para o roadshow do Internet.org?

A escolha das cidades dependeu de alguns fatores diversos, mas buscamos as cidades em que vimos atividades voltadas para o desenvolvimento de aplicativos. Por isso escolhemos Recife, São Paulo – claro que aqui temos um escritório e, com isso, temos uma vantagem em termos de infraestrutura, podemos chamar as pessoas para a sede do Facebook e ajudá-las a entender a nossa iniciativa – e Belo Horizonte. Tentamos encontrar os pontos com forte atividade desenvolvedora nesse país enorme. Mas também tomamos o cuidado de não escolher somente as maiores cidades. 

Podemos esperar que o Internet.org seja lançado no Brasil?

Estou esperançoso. Mas ainda não temos nada para anunciar, nada para lançar agora. Mas estamos conversando com alguns parceiros e, definitivamente, vamos lançar o Internet.org no Brasil. Quando fizemos a lista dos países prioritários do projeto, pode ter certeza de que o Brasil está lá. O tamanho, a população, a adoção e a penetração dos dispositivos móveis e o grande número de pessoas que ainda estão sem acesso à internet por aqui… Se você suprir essa necessidade, toda a inovação e a criatividade que veremos dos brasileiros será massiva. Por isso o Brasil é uma prioridade para nós e por isso que estou de volta ao país, para promover esses eventos pelo país.

Qual é o estågio atual do Internet.org?

Estamos nos primeiros dias. Temos esse ditado interno no Facebook, acho que é mais algo como um mantra, algo para nos manter estimulados. Dizemos que temos 1% do total feito. Quando dizemos que queremos dar conexão de internet para as pessoas, dar a elas a possibilidade de compartilhar ideias, dizemos que queremos dar isso para todo o mundo e isso significa que não vamos parar com 1,4 bilhão de pessoas. Quando você olha a missão do Internet.org, que é conectar os dois terços do mundo que estão fora da internet. ela está diretamente conectada com a missão do Facebook. Mas estamos no começo, apesar de estarmos em 16 países, apesar do fato de que nesses países, há potêncial para mais 1 bilhão de pessoas acessar a web e serviços online pela nossa plataforma. Vimos 9 milhões de pessoas usando a internet pela primeira vez. Esse é um número enorme, quando você pensa que pudemos fazer isso em cerca de um ano. Mas nossas ambições claramente são os 4 bilhões que não estão na web. Então, temos muito trabalho a fazer, por isso continuamos a trabalhar duro, melhorar o ecossistema e garantir que estamos passando algum tempo em diferentes regiões ao redor do mundo. E também garantindo que as pessoas entendam o poder que a internet tem.

Podemos esperar que a Internet.org chegue a países da América Latina este ano?

Com certeza. Lançamos na Guatemala e na Colômbia. A América Latina, pela perspectiva da região, é muito importante. Então, vamos continuar a investir e a passar tempo nesta região para continuar a levar o projeto de país a país.

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