Boeing corre para buscar solução para seu avião 737 MAX
A fabricante americana começou a trabalhar em uma solução para o sistema MCAS após o acidente da Lion Air
AFP
Publicado em 18 de março de 2019 às 10h19.
Última atualização em 18 de março de 2019 às 10h56.
Antes de conhecer as causas do acidente do avião 737 MAX da Ethiopian Airlines, a fabricante americana Boeing se apressa em encontrar uma modificação para o sistema de estabilização deste modelo, que poderia estar envolvido em dois acidentes em cinco meses.
Espera-se que em cerca de 10 dias a fabricante modifique o sistema de estabilização MCAS dos aviões 737 MAX 8, apontado como responsável pelo acidente com este modelo da Lion Air que deixou 189 mortos, indicaram nesta sexta fontes próximas à investigação.
As fontes advertiram que ainda não se sabe a causa do acidente fatal de uma aeronave da Ethiopian Airlines também equipada com o Maneuvering Characteristics Augmentation System (MCAS), no fim de semana passado.
A fabricante americana começou a trabalhar em uma solução para o sistema MCAS após o acidente da Lion Air, disse uma das fontes à AFP. A modificação está próxima da conclusão e levaria apenas duas horas para ser aplicada.
Contactada pela AFP, a Boeing se recusou a comentar esta informação.
Caixas pretas muito danificadas
A Boeing realizou uma teleconferência nesta quinta-feira com três companhias aéreas que compraram algumas unidades do 737 MAX e apresentaram a solução, disse a segunda fonte.
A empresa deve informar outros clientes no início da próxima semana, declarou.
A delegação etíope liderada pelo chefe do Departamento de Investigação de Acidentes do país chegou ao Escritório Francês de Pesquisa e Análise (BEA, na sigla original) para iniciar a investigação.
Por enquanto, nada se sabe do conteúdo das caixas pretas, que foram danificadas após o incidente. Uma delas, a FDR, contém os parâmetros de vôo e a outra, a CVR, as conversas e alarmes da cabine.
O BEA disponibilizou dez técnicos do centro. O trabalho no CVR poderia ser estendido até sábado, escreveu o BEA no Twitter.
A Etiópia pediu à França que fizesse a análise, pois não tem laboratório para analisar essas caixas pretas.
Fabricadas pela americana L3 Technologies, as caixas pretas contêm novas tecnologias.
A BEA divulgou fotos da caixa FDR em que estava notavelmente danificada, embora esses dispositivos sejam conhecidos por resistir a impactos fortes.
Isso "não é bom para a integridade dos dados que elas contêm", explicou um ex-funcionário da BEA.
Se os dados contidos nas caixas forem afetados, a agência francesa poderia pedir ao seu fabricante para reconstruí-las total ou parcialmente.
O órgão norte-americano responsável pela segurança do transporte (NTSB) enviou três pesquisadores à França para participar da investigação, uma prática comum, já que a aeronave é da fabricante americana Boeing.
A Boeing anunciou na quinta-feira a suspensão das entregas do avião 737 MAX "até que uma solução seja encontrada", mas descartou a interrupção da produção da aeronave, o modelo mais vendido da empresa.