Big techs deixam de ser a preferência do Ocidente ao Oriente
Após 13 anos liderando os mercados de ações no mundo todo, as ações do setor de tecnologia entram no bota fora de fundos de investimento e de outras grandes empresas
André Lopes
Publicado em 12 de dezembro de 2022 às 14h01.
Última atualização em 12 de dezembro de 2022 às 14h38.
A liquidação das principais ações de tecnologi a pode sinalizar mais do que um mercado em temporada de baixa.
Para alguns analistas, é o fim de uma era para um punhado das gigantes do nível de Facebook (Meta) e Amazon.
Essas empresas — conhecidas junto de Apple, Netflix e Google (Alphabet) como FAANGs — lideraram a mudança para um mundo digital e ajudaram a fortalecer um mercado altista por 13 anos.
Mas o crescimento desacelerou ou evaporou para Netflix e Meta, enquanto o tamanho da Amazon, Apple e Alphabet torna improvável que elas ofereçam no futuro os enormes retornos que deram no passado.
“Achamos improvável que as FAANGs liderem o próximo ciclo de altas de tecnologia”, disse o gestor da Janus Henderson Investors Richard Clode à Bloomberg.
O movimento visto na bolsa americana acompanha o cenário das big techs listadas na Ásia e de fundos de investimentos asiáticos.
Nos últimos meses, o SoftBank reduziu suas participações na empresa chinesa de comércio eletrônico Alibaba e na empresa indiana de pagamentos móveis Paytm, em ambos os casos após quedas nos preços de suas ações.
A Berkshire Hathaway, empresa de Warren Buffett, vem reduzindo gradualmente sua participação na BYD, uma fabricante chinesa de veículos elétricos da qual possui ações desde 2008.
A Tencent, uma gigante da tecnologia que anteriormente acumulou participações em centenas de empresas de tecnologia, está se desfazendo de bilhões de dólares em ações de empresas listadas.
Para ser uma ideia, no casa do Tencent, a companhia vendeu uma participação de US$ 3 bilhões na empresa de internet Sea, listada em Nova York, este ano e disse recentemente que se desfaria de US$ 23,2 bilhões em ações da empresa de entrega de alimentos Meituan, da mesma forma que fez com uma participação de US$ 16,5 bilhões da varejista JD.com, por meio de um dividendo especial para os acionistas da Tencent.
O governo da China reprimiu o setor de tecnologia e multou a Meituan em mais de US$ 500 milhões no ano passado. Mas há uma lógica comercial e política nos desinvestimentos da Tencent, disse John Choi, chefe de pesquisa de internet na China da Daiwa Capital Markets.