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Bento XVI é o 1º papa na história a responder perguntas na TV

Sentado em seu escritório, vestido com uma batina branca, o papa Ratzinger, de 84 anos, respondeu a sete perguntas enviadas a partir de diferentes partes do mundo

Papa Bento XVI na missa de Páscoa (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de agosto de 2011 às 15h16.

Vaticano - Pela primeira vez na história um papa responde a perguntas em um programa de televisão, Bento XVI falou sobre a alma e a ressurreição de Jesus, assim como o terremoto do Japão nesta Sexta-Feira Santa em que a Igreja lembra a Paixão de Cristo.

Sentado em seu escritório, vestido com uma batina branca, o papa Ratzinger, de 84 anos, respondeu a sete perguntas enviadas a partir de diferentes partes do mundo, oportunidade em que aproveitou para pedir a pacificação da Costa do Marfim, o respeito aos cristãos no Iraque e a reconstrução desse país.

Com voz suave, o pontífice mostrou sua solidariedade a uma menina japonesa de sete anos que viveu a experiência do terremoto e do posterior tsunami que atingiram o Japão e reconheceu que "não é justo" crianças sofrerem enquanto em outras vivem com todo conforto, mas afirmou que sabe que Jesus sofreu como eles e tem a certeza de que está ao lado de todos".

Embora não tenha sido um programa ao vivo, tanto as perguntas quanto as respostas foram gravadas previamente, tratou-se de um formato sem precedentes envolvendo a participação de um papa, o que demonstra, segundo o jornal do vaticano "L'Osservatore Romano" que em questões de comunicação, a igreja e o papa estão "na vanguarda".

O formato da entrevista, realizada pelo programa da emissora pública italiana "RAI", "A sua immagine", seguiu o mesmo esquema adotado nas coletivas do papa aos jornalistas que o acompanham no avião nas viagens pelo mundo: as perguntas são enviadas anteriormente e depois respondidas diante de todos os repórteres.

Embora essa não seja a primeira vez em que o papa responde as perguntas de fiéis - já o fez em encontros com jovens, crianças e sacerdotes -, é a primeira que o faz na televisão e sem se esquivar de qualquer tema, explicando de maneira singela a ressurreição de Cristo e a relação fé-razão.

Garantiu a uma mãe italiana que tem um filho em coma vegetativo há dois anos que a alma do jovem continua presente em seu corpo, e que, apesar de parecer estar "escondida", sente em profundidade o amor dos pais, embora não demonstre em palavras.

Bintu, uma mulher muçulmana da Costa do Marfim, afirmou que a violência "nunca vem de Deus, mas é um meio destrutivo" e fez um chamado às partes em conflito nesse país para que renunciem à violência e busquem as vias da paz e do diálogo.

A entrevista foi transmitida horas antes de Bento XVI presidir na Basílica de São Pedro a Paixão de Cristo, nesta Sexta-Feira Santa, o único dia do ano em que não se oficia missa.

A homilia foi conduzida pelo frei da Casa Pontifícia, Raniero Cantalamessa, quem garantiu que os terremotos, furacões e outros desastres naturais não são um castigo de Deus, mas uma advertência: que não basta a ciência e a técnica para nos salvar.

O frade capuchinho acrescentou que se não soubermos impor limites as catástrofes "podem se transformar, como estamos vendo, nas ameaças mais graves de todas".

Cantalamessa denunciou a perseguição dos cristãos no mundo atual e afirmou que a ressurreição é o que dá sentido à vida, se tudo acabasse aqui milhões de seres humanos se desesperariam diante das injustiças sociais.

"Se a vida acabar neste mundo, seria preciso desesperar-se de verdade, diante do fato de que milhões, talvez bilhões de seres humanos seriam afetados pela pobreza, enquanto outros poucos continuariam vivendo no luxo, com as somas desproporcionais que ganham", disse o frade capuchinho.

Acrescentou que a morte "não só elimina as diferenças, como nivela tudo, e assinalou que o princípio "viva e deixa viver jamais deve transformar-se em viva e deixa morrer".

Durante a liturgia foram lidos todos os passos do Evangelho. Uma cruz coberta com uma tela vermelha estava presente na solene cerimônia, durante a qual Bento XVI, descalço, orou por alguns minutos de joelhos diante da cruz.

Nesta noite, Bento XVI irá ao Coliseu de Roma presidir a Via-Sacra no local que simboliza o sofrimento dos primeiros cristãos.

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Sentado em seu escritório, vestido com uma batina branca, o papa Ratzinger, de 84 anos, respondeu a sete perguntas enviadas a partir de diferentes partes do mundo, oportunidade em que aproveitou para pedir a pacificação da Costa do Marfim, o respeito aos cristãos no Iraque e a reconstrução desse país.

Com voz suave, o pontífice mostrou sua solidariedade a uma menina japonesa de sete anos que viveu a experiência do terremoto e do posterior tsunami que atingiram o Japão e reconheceu que "não é justo" crianças sofrerem enquanto em outras vivem com todo conforto, mas afirmou que sabe que Jesus sofreu como eles e tem a certeza de que está ao lado de todos".

Embora não tenha sido um programa ao vivo, tanto as perguntas quanto as respostas foram gravadas previamente, tratou-se de um formato sem precedentes envolvendo a participação de um papa, o que demonstra, segundo o jornal do vaticano "L'Osservatore Romano" que em questões de comunicação, a igreja e o papa estão "na vanguarda".

O formato da entrevista, realizada pelo programa da emissora pública italiana "RAI", "A sua immagine", seguiu o mesmo esquema adotado nas coletivas do papa aos jornalistas que o acompanham no avião nas viagens pelo mundo: as perguntas são enviadas anteriormente e depois respondidas diante de todos os repórteres.

Embora essa não seja a primeira vez em que o papa responde as perguntas de fiéis - já o fez em encontros com jovens, crianças e sacerdotes -, é a primeira que o faz na televisão e sem se esquivar de qualquer tema, explicando de maneira singela a ressurreição de Cristo e a relação fé-razão.

Garantiu a uma mãe italiana que tem um filho em coma vegetativo há dois anos que a alma do jovem continua presente em seu corpo, e que, apesar de parecer estar "escondida", sente em profundidade o amor dos pais, embora não demonstre em palavras.

Bintu, uma mulher muçulmana da Costa do Marfim, afirmou que a violência "nunca vem de Deus, mas é um meio destrutivo" e fez um chamado às partes em conflito nesse país para que renunciem à violência e busquem as vias da paz e do diálogo.

A entrevista foi transmitida horas antes de Bento XVI presidir na Basílica de São Pedro a Paixão de Cristo, nesta Sexta-Feira Santa, o único dia do ano em que não se oficia missa.

A homilia foi conduzida pelo frei da Casa Pontifícia, Raniero Cantalamessa, quem garantiu que os terremotos, furacões e outros desastres naturais não são um castigo de Deus, mas uma advertência: que não basta a ciência e a técnica para nos salvar.

O frade capuchinho acrescentou que se não soubermos impor limites as catástrofes "podem se transformar, como estamos vendo, nas ameaças mais graves de todas".

Cantalamessa denunciou a perseguição dos cristãos no mundo atual e afirmou que a ressurreição é o que dá sentido à vida, se tudo acabasse aqui milhões de seres humanos se desesperariam diante das injustiças sociais.

"Se a vida acabar neste mundo, seria preciso desesperar-se de verdade, diante do fato de que milhões, talvez bilhões de seres humanos seriam afetados pela pobreza, enquanto outros poucos continuariam vivendo no luxo, com as somas desproporcionais que ganham", disse o frade capuchinho.

Acrescentou que a morte "não só elimina as diferenças, como nivela tudo, e assinalou que o princípio "viva e deixa viver jamais deve transformar-se em viva e deixa morrer".

Durante a liturgia foram lidos todos os passos do Evangelho. Uma cruz coberta com uma tela vermelha estava presente na solene cerimônia, durante a qual Bento XVI, descalço, orou por alguns minutos de joelhos diante da cruz.

Nesta noite, Bento XVI irá ao Coliseu de Roma presidir a Via-Sacra no local que simboliza o sofrimento dos primeiros cristãos.

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