SÃO PAULO - A associação americana de escritores Authors Guild, que já enalteceu a capacidade da Amazon.com para divulgar seus livros, agora terminou seu namoro com a loja virtual. O motivo? A Amazon está funcionando como um verdadeiro sebo virtual, com os internautas vendendo uns para os outros livros usados de todos os tipos.

Revoltada, a Associação mandou um e-mail para seus 8 200 membros sugerindo que eles retirem os links para seus sites pessoais da Amazon. Segundo o The New York Times, a mensagem diz que "A prática da Amazon (de estimular a venda de livros usados) danifica a indústria de livros, diminuindo o pagamento de direitos autorais aos escritores e o lucro das editoras. Não há nenhuma boa razão para que os autores sejam cúmplices em minar suas próprias vendas". Além disso, a Author Guild recomenda que os escritores, agora, se associem ao Booksense.com, site comandado por livrarias independentes, ou ainda à BarnesandNoble.com, principal rival da Amazon na venda online de livros.

O problema todo é que a Amazon não apenas está permitindo que seus clientes vendam, uns aos outros, livros já lidos - a própria BarnesandNoble oferece este recurso - mas também estimulando a prática, ao oferecer livros novos e usados em uma mesma página. E, com a queda nas vendas de livros novos (geral no mercado, não um problemas apenas da Amazon), é complicado para a indústria que, ao invés de esforços para reverter a situação, a loja virtual se dedique mais a promover a troca entre seus clientes.

A Amazon não vê a coisa desta forma. Para a empresa, diz o NYT, promover a venda de livros usados - na qual estreou em novembro de 2000 - ajuda os escritores porque a questão dos preços baixíssimos desta modalidade de comércio dá impulso para os leitores se aventurarem por estilos ou autores que até agora não tinham interesse, ou oportunidade, em conhecer. O sebo virtual tem se mostrado, inclusive, a forma mais rentável de venda de livros há experimentada pela Amazon.