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Assim que morremos, genes são ativados no nosso corpo

Dois dias após passarmos desta para uma melhor, nossa fábrica molecular ainda está funcionando a todo vapor


	Moléculas: dois dias após passarmos desta para uma melhor, nossa fábrica molecular ainda está funcionando a todo vapor
 (Getty Images)

Moléculas: dois dias após passarmos desta para uma melhor, nossa fábrica molecular ainda está funcionando a todo vapor (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2016 às 16h35.

Cientistas da Universidade de Washington, em Seattle, descobriram que, após a morte, centenas de genes começam a funcionar. E que essa atividade toda continua por pelo menos 48 horas.

A pesquisa, conduzida pelos biólogos moleculares Peter Noble e Alex Pozhitkov, e relatada pela revista britânica New Scientist, acompanhou a atividade no núcleo das células de peixes-zebra e camundongos depois que os bichinhos bateram suas metafóricas botas.

Eles mediram a concentração de mRNA, ou RNA mensageiro - o mensageiro do gene para avisar a célula para ligar as máquinas da fábrica de proteínas. Como previam, o mRNA diminuiu progressivamente na imensa maioria dos genes, mas, em algumas centenas deles, houve picos post mortem. Uuuuuuu.

Os cientistas então investigaram que genes eram esses. Descobriram que alguns têm relação com o desenvolvimento do feto, e se desligam em todos nós logo depois do parto.

Em outras palavras: algum processo de antes de nascermos, e que ficou desligado durante toda nossa vida, volta a funcionar assim que morremos.

Outro achado dos pesquisadores foi que, entre os genes que são ativados depois de morrermos, alguns têm relação com câncer. Os cientistas acreditam que essa descoberta pode ser útil para a pesquisa médica sobre transplantes - ajudando a evitar que receptores tenham câncer no órgão transplantado.

Já se sabia que genes ficam vivos após o corpo morrer - e não só os de peixinhos e ratinhos. Uma pesquisa anterior havia revelado que alguns genes humanos estão ativos pelo menos 12 horas após a morte.

Os cientistas acreditam que muitos desses genes estejam envolvidos numa espécie de operação de ressuscitação: eles iniciam processos de cura, como a inflamação e cicatrização, que podem deixar o corpo pronto para abraçar uma oportunidade de reiniciar o motor.

De qualquer maneira, a descoberta deixa ainda mais vaga a definição de "morte". Cada vez fica mais claro que morrer é um longo processo, que começa bem antes da data na nossa certidão de óbito e termina muito depois dela.

Por mais mórbido que seja pensar nisso, não deixa de ser fascinante pensar que nosso corpo veio dotado de uma equipe que, quando chega a hora de fechar, recolhe os copos e coloca as cadeiras em cima das mesas.

(O crédito desta última frase é da Morte, personagem de HQ de Neil Gaiman.)

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