Contas: os boletos podem ser fotografados para serem adicionados ao app (Reprodução/Thinkstock)
Marina Demartini
Publicado em 8 de junho de 2017 às 05h55.
Última atualização em 9 de junho de 2017 às 15h00.
São Paulo – Uma startup brasileira criou um aplicativo que promete ajudar as pessoas a serem mais organizadas e, de quebra, evitarem multas e atrasos. A plataforma, chamada de Papelada, reúne todas as contas digitais do usuário a partir de uma única informação: o número do CPF.
Na hora de fazer o cadastro no app, o usuário precisa entrar com a sua conta do Facebook ou do Google. Depois, se ele quiser receber suas contas automaticamente, basta fornecer o CPF. Desse modo, o órgão emissor irá enviar qualquer boleto diretamente para a conta do consumidor no app, sem a necessidade de impressão física da conta.
"Quase todas as operadoras de telefonia, de televisão, e companhias de água e luz em vários estados brasileiros já estão disponíveis para conexão através do website do papelada", conta Leonardo Moraes, CEO do Papelada, em entrevista a EXAME.com. Ele ainda adiciona que a startup pretende conectar o aplicativo às contas de cartões de crédito no futuro.
Além disso, o usuário também pode receber o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) pelo Papelada. Segundo Moraes, a startup já fechou parceria com 90 cidades no Brasil para a entrega do IPTU, atingindo um total de três milhões de pessoas.
Caso o usuário tenha contas de empresas que não têm conexão com o app, ele pode entrar na plataforma e solicitar a adição dos boletos da companhia desejada. “É uma conexão híbrida. O usuário vai manualmente dizer que tem uma conta de determinada empresa e a gente recolhe as informações da conta para ele”, explica Moraes.
Outra maneira de adicionar uma conta, especialmente se o usuário a recebe fisicamente em casa, é a partir da câmera do smartphone. Tanto na versão web quanto no app, há um ícone de adição (+) que permite que a pessoa tire uma foto de um documento. Além disso, também é possível fazer o upload de arquivos em PDF que chegam diretamente no e-mail do usuário.
O CEO conta que a startup, devido à vontade de deixar o app mais simples, retirou a opção de digitar o código de barras. No entanto, ele reconhece que a solução é necessária para pessoas que possuem smartphones com câmeras ruins. “Na versão web, a possibilidade de digitar ainda existe, mas queremos trazer essa opção de volta para o app.”
Tanto o modo automático, via CPF, quanto o manual, foram desenvolvidas com um objetivo específico em mente: acabar com os atrasos de pagamentos. Quando o usuário recebe uma das contas, ele pode mudar a data do pagamento para não esquecer de pagá-la antes de vencer. “Se a conta vence no dia 30, por exemplo, mas a pessoa quer pagar no dia 29, é possível pedir para o Papelada emitir um alerta nesse dia”, explica Moraes.
Além disso, o usuário também pode escolher se quer pagar a conta apenas aquela vez ou todo mês/ano – assim, o app irá enviar alertas para que o boleto seja quitado.
Outra opção bacana do aplicativo é a de compartilhamento. Com ela, o usuário pode receber ou enviar as suas contas para outros clientes do aplicativo. Dessa forma, todos recebem os alertas sobre os pagamentos – também é possível escolher a periodicidade do envio das contas.
Quando o cliente finalmente paga a conta, o app envia as informações para o banco – porém, a informação sobre o pagamento da fatura não acontece automaticamente. “Quando a pessoa entrar na conta dentro do aplicativo, o serviço vai perguntar se ela já foi paga. Porém, esse dado ainda precisa ser adicionado manualmente”, conta o CEO.
Segundo Moraes, a meta da empresa para 2018 é operar toda a transação do pagamento, sem a necessidade de o banco fazer a mediação. Ele também espera que em um futuro próximo, as contas e boletos possam ser quitados pela moeda digital bitcoin. “Queremos que o usuário tenha todas as possibilidades de pagamento para que ele se sinta empoderado.”
Para o próximo ano, a startup também quer adicionar outra funcionalidade ao aplicativo: a possibilidade de cadastrar o CNPJ. O CEO do Papelada comenta que a startup já está buscando parcerias com empresas de contabilidade para trazer esse recurso para os usuários. No entanto, ele não dá uma data específica para que isso aconteça.
Outro objetivo da startup ao criar o Papelada é diminuir a emissão de papel e, consequentemente, ajudar na preservação do meio ambiente. Por isso, a empresa reforça o uso do modo automático de adição de contas. “Nós queremos melhorar a experiência para o usuário final e reduzir todos os custos, desde o tempo de transação até o consumo de papel”, diz Leonardo Moraes, CEO do Papelada.
Além da preocupação com a sustentabilidade, Moraes conta que a startup também se preocupa com a segurança do cliente. Por isso, todos os dados enviados manualmente ao aplicativo são salvos fisicamente nos data centers da Amazon e as informações ficam criptografadas.
Segundo o CEO da startup, quando a conta é adicionada automaticamente, a partir do CPF, as informações ganham uma camada extra de segurança. “As informações recebidas não são transacionadas entre as partes. Nós recebemos os dados, geramos a imagem, e nada fica salvo no celular ou dispositivo de preferência.”
Atualmente, o Papelada tem quase 10 mil usuários ativos no país – tanto nos sistemas Android e iOS, quanto na versão web – de acordo com Moraes. Ele espera chegar a cinco milhões de clientes em cinco anos.