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Após abandono de empresas, criptomoeda do Facebook flerta com o fracasso

Das 28 empresas que formavam o consórcio inicial, sete já abandonaram o projeto da Libra

Libra: criptomoeda do Facebook enfrenta abandono de empresas envolvidas no projeto (Dado Ruvic/Reuters)
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Rodrigo Loureiro

Publicado em 14 de outubro de 2019 às 19h50.

São Paulo – O plano de Mark Zuckerberg para dominar o mercado de pagamentos digitais utilizando criptomoedas pode fracassar antes mesmo da primeira transação. Anunciada em junho, a Libra já perdeu 7 dos 28 membros que formavam o consórcio comandado pelo Facebook. Nesta semana, Booking, Visa e Mastercard decidiram abandonar o barco.

Chamada de Libra Association, a organização composta por 28 empresas que participariam da criação e do gerenciamento da moeda conta atualmente apenas com 21 empresas. Além do trio, que ainda não anunciou a saída oficialmente, empresas como PayPal , eBay , MercadoPago e Stripe já não estão mais envolvidas no projeto.

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A debandada começou no dia 5 de outubro com a saída do PayPal. Sem dar muitos detalhes, a empresa de pagamentos renunciou a participação na aliança, mas afirmou apoiar – ainda que de forma discreta – o futuro do projeto. “Mantemos nosso apoio às aspirações de Libra e esperamos continuar o diálogo sobre as formas como podemos trabalhar juntos no futuro”, disse a companhia em nota.

O número de participantes ainda é alto, mas sem o mesmo peso de antes. Entre os membros restantes, destaque para empresas comoVodafone, Uber e Lyft, além de fundos de investimento e companhias ligadas ao desenvolvimento de tecnologias de blockchain – rede que dá força às transações virtuais deste tipo.

Com previsão inicial de entrar em funcionamento em 2020, a nova criptomoeda seria utilizada tanto em aplicativos como WhatsApp e Messenger, como em lojas físicas. As moedas poderiam ser armazenadas em qualquer carteira digital com suporte à tecnologia – inclusive uma chamada Calibra, em desenvolvimento pelo próprio Facebook.

O maior diferencial em relação a outras concorrentes virtuais seria o controle da volatilidade para evitar supervalorizações como no caso do Bitcoin . Descentralizada, a moeda virtual já subiu 117% desde o começo do ano e estava sendo negociada nesta segunda-feira (14) por 8.334 dólares.

A Libra, por sua vez, não flutuaria livremente no mercado. A criptomoeda seria lastrada em uma reserva de ativos reais de baixa volatilidade, tais como como depósitos bancários e títulos governamentais em moedas de bancos centrais e de boa reputação. O preço, assim, seria razoavelmente estável.

O problema é que essa debandada em massa se torna um banho de água fria nas pretensões da companhia de Menlo Park. Com cada vez menos empresas envolvidas, a empresa de Zuckerberg perde força nas batalhas que enfrenta e que ainda vai enfrentar no campo legislativo.

Em julho, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump afirmou que não era um fã da iniciativa. Na época, o mandatário americano criticou as moedas digitais por facilitarem transações ilícitas e também alfinetou o Facebook afirmando que a companhia precisaria se adequar às regulações do bancárias caso quisesse, de fato, se transformar em uma instituição financeira.

Há ainda a questão da hegemonia do dinheiro real frente ao virtual, ponto que preocupa países como Alemanha e França. As duas nações já anunciaram que pretendem banir a Libra caso a moeda se torne uma ameaça ao sistema financeiro tradicional.

Outro receio dos órgãos reguladores é o histórico de problemas do Facebook em relação a guarda e ao uso de dados dos usuários de suas plataformas. No caso mais notável, em 2018, a consultoria britânica Cambridge Analytica utilizou informações pessoais de milhões de usuários da rede social para tentar manipular as eleições americanas e o referendo do Brexit .

A ordem, porém, parece ser manter o otimismo e apostar no mantra de que “se você não quer, tem quem queira”. Segundo uma declaração da organização ao The Wall Street Journal, mais de 1,5 mil entidades já demonstraram interesse em fazer parte da associação. A previsão inicial era conseguir 100 membros até 2020.

Com um quarto a menos de membros, o Facebook sabe que a missão de transformar sua ideia em realidade está cada vez mais difícil. Na segunda-feira (21), representantes da associação vão se reunir em Genebra, na Suíça, para mais uma rodada de discussão do projeto. Resta saber quantas cadeiras estarão ocupadas no dia.

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