No iPad, o Kindle Cloud Reader funciona como o aplicativo distribuído na App Store, mas oferece acesso direto à loja online para a compra de livros (Reprodução)
Maurício Grego
Publicado em 10 de agosto de 2011 às 12h32.
São Paulo — Sem alarde, a Amazon colocou no ar um novo serviço na nuvem, o Kindle Cloud Reader, que permite dispensar um aplicativo na hora de ler livros digitais no computador e no iPad. O novo serviço parece ser uma maneira de a loja escapar da comissão de 30% que a Apple cobra por livro vendido em aplicativos no iPhone e no iPad.
O Kindle Cloud Reader foi otimizado para uso com os browsers Chrome, do Google, e Safari, da Apple. Quando alguém usa o serviço pela primeira vez com um desses navegadores, o site oferece a opção de instalar uma extensão que permite ler os livros mesmo sem acesso à internet. Nesse caso, o livro é baixado e armazenado no próprio computador ou tablet.
O Kindle na nuvem é uma alternativa aos aplicativos da Amazon para Windows, Mac e iPad, que oferecem basicamente as mesmas facilidades. Em qualquer caso, os destaques, anotações e marcadores de páginas definidos pelo usuário são sincronizados entre os dispositivos. Assim, uma pessoa pode começar a ler um livro num e-reader Kindle ou iPhone, por exemplo, e continuar de onde parou no computador ou no iPad.
Fuga do pedágio
Para a Amazon, essa pode ser uma maneira de escapar do controle que a Apple exerce sobre os aplicativos distribuídos na App Store. Duas semanas atrás, a Amazon, assim como outras livrarias online, foi obrigada a remover, do seu aplicativo para iPhone e iPad, o botão que levara ao site da empresa para a compra de livros.
Agora, segundo as normas da Apple, os aplicativos distribuídos na App Store só podem vender produtos usando o sistema de pagamentos da Apple. Nesse caso, a turma de Steve Jobs fica com uma comissão de 30%. Num negócio de margens apertadas, como o de livros, essa comissão praticamente inviabiliza as vendas dentro do aplicativo.
Com o Kindle Cloud Reader, a Amazon tem um caminho alternativo para continuar vendendo livros no tablet. A experiência, para o usuário, é muito parecida com a de usar um aplicativo convencional. No iPad, o site aparece num formato otimizado para a tela do tablet. Mas o botão que leva à loja online está lá, facilitando a compra de livros.
Financial Times e Playboy
O movimento da Amazon não é surpresa. Outras empresas vêm adotando soluções – normalmente explorando os recursos da linguagem de programação HTML 5 – para escapar do pedágio e do controle da Apple. Dois exemplos são o jornal Financial Times e a revista Playboy americana. No início deste mês, noticiários divulgaram que também a livraria canadense Kobo preparava sua solução baseada em HTML 5. O único temor é que a Apple encontre uma maneira de bloquear esses aplicativos que correm por fora da App Store.