Homem usando um tablet em uma estação de metrô: tecidos especiais que contêm certa porcentagem de fibras metálicas cobertas por algodão ou por outras fibras custam caro (AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2013 às 11h19.
Paris - Calças antirradiações, pijamas especiais e faixas de proteção para grávidas: em um mundo saturado pelas ondas eletromagnéticas (celulares, wi-fi...), as pessoas preocupadas com o impacto disso em sua saúde buscam cada vez mais tecidos produzidos com metal.
"Este fenômeno é muito recente: tem dois ou três anos", explica Vincent Joly, fundador do E.P.E, recém-chegado no mercado antiondas e que conta com uma dezena de distribuidores na França, mas que se desenvolveu, sobretudo, no norte da Europa.
É um nicho, afirma o presidente do E.P.E., que comercializa desde 2009 um detector de ondas para todo o público. A demanda é cada vez maior, apesar dos preços elevados.
Os tecidos especiais que contêm certa porcentagem de fibras metálicas cobertas por algodão ou por outras fibras custam caro.
Os do E.P.E. são provenientes da Alemanha, país que está na vanguarda neste campo, assim como a Suíça. A tecnologia utilizada afirma bloquear até 99% das ondas, mas eleva o custo do pijama infantil a mais de 120 euros.
Os clientes são, em geral, "pessoas sensíveis às questões ambientais, outras que têm problemas de saúde, famílias com crianças que buscam se proteger".
Os principais artigos são a roupa íntima - calcinhas e camisetas - "porque podem ser cobertas por outra roupa", os pijamas, "porque as pessoas preferem se proteger durante o sono reparador", e os dorseis para cobrir a cama.
Assim como os outros fabricantes, o E.P.E proclama o caráter científico de seu produto, com tecidos controlados pelo professor P. Pauli da Universidade de Munique.
"Demonstramos que há um efeito de proteção, mas evitamos entrar no campo médico. Não demonstramos que as pessoas evitam ter leucemias ou outros tipos de câncer" com esta roupa, afirma Joly.
O impacto das ondas eletromagnéticas (celulares, wi-fi...) sobre a saúde está longe de gerar um consenso na comunidade científica. Em um relatório publicado nesta terça-feira, a agência de saúde francesa descartou qualquer efeito na saúde comprovado.
No entanto, reconhece que há casos de modificações biológicas sobre o sentido de orientação, o sono ou a fertilidade masculina.
Evelyne Rouquier diz ser hiperssensível às ondas. Sofre com sintomas (dores de cabeça, problemas de concentração, zumbido nos ouvidos) que a comunidade científica tenta explicar e que a conduziram a utilizar estes tecidos ultramodernos.
Além de pintar as paredes com carbono, colocou cortinas antiondas em seu apartamento de Paris. "Funciona perfeitamente. Quando as cortinas são abertas, o contador faz barulho. Quando as fecho, já não faz mais ruído. Impressionante!", comenta.
Apesar de tudo, prefere não utilizar estes tecidos diretamente sobre a pele, assim como Manuel Hervouet, porta-voz da associação de eletrosensíveis da França, que não os suporta.
Embora alguns gorros tenham diminuído os sintomas, as camisas provocaram formigamento. Outros se queixam de sentir cócegas, explica.
A eficácia destes objetos? "Tudo depende da sensibilidade das pessoas", afirma. "O problema das ondas é que elas entram em todos os lugares", acrescenta. E as pessoas eletrossensíveis têm que se cercar completamente de véus antiondas, embora terminem parecendo extraterrestres.
"Nunca houve uma avaliação científica", critica Christine Campagnac, responsável por um projeto da Associação para a Pesquisa Terapêutica Anticâncer (Artac), presidida pelo professor Dominique Belpomme.
"Algumas pessoas consideram que faz bem a elas, outras menos", constata. A Artac se dispõe a testar alguns produtos e afirmou que apresentará suas conclusões em um site que ajudará as pessoas a escolher seus próprios métodos de proteção.