Tecnologia

O caminho do Instagram para chegar a 30 milhões de usuários

O Instagram já tem 30 milhões de usuários, número que deve crescer ainda mais velozmente com a liberação, hoje, da versão para Android

O Instagram ganhou um aplicativo para o sistema Android, presente e mais da metade dos smartphones vendidos no mundo (Reprodução)

O Instagram ganhou um aplicativo para o sistema Android, presente e mais da metade dos smartphones vendidos no mundo (Reprodução)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 4 de abril de 2012 às 14h38.

São Paulo — No primeiro trimestre deste ano, o Instagram saltou de 11 milhões para 30 milhões de usuários, confirmando sua posição entre os aplicativos para fotografia mais baixados pelos usuários do iPhone. Esse crescimento já veloz deve se acelerar ainda mais com a versão para Android, liberada nesta terça-feira pela Burbn, a empresa que desenvolve o Instagram. 

O Instagram foi criado em São Francisco, na Califórnia, pelo americano Kevin Systrom e pelo brasileiro Mike Krieger. O fato de o app ser gratuito foi, é claro, importante para ele se popularizar. Mas seu sucesso – em popularidade, já que ele ainda não dá dinheiro – deve-se principalmente a uma série de decisões acertadas dos dois jovens empreendedores. A principal delas foi uma opção radical pela simplicidade.

Diferentemente de outros apps para fotografia – como o elogiado Camera Plus, que agrada aos fotógrafos mais experientes – o Instagram investe na simplicidade para atrair um público tão amplo possível. Praticamente não há ajustes a fazer ao fotografar com o Instagram. Pode-se ligar ou não o flash e, no iPhone, usar foco seletivo (recurso chamado, erroneamente, de “tilt shift”). E é só.

Até o formato quadrado das fotos – que remete a câmeras do passado, como as Polaroid, Kodak Instamatic e Hasselblad – torna as fotos mais espontâneas. Não é preciso virar o smartphone para escolher entre posição paisagem e retrato. Basta apertar o botão. Feita a foto, uma série de filtros permite deixá-la com jeito de obra de arte.

Fotografia social

A dupla Systrom e Krieger também acertou ao dar ênfase ao compartilhamento das fotos via internet. Se o usuário quiser, a imagem pode ser publicada em sites como Facebook, Twitter, Flickr, Tumblr e Foursquare. Ela também vai para o repositório do Instagram na internet. As fotos guardadas nele podem ser vistas por meio do próprio aplicativo ou de serviços criados por outras empresas.


O usuário pode seguir outras pessoas e ver as fotos feitas por elas. Em março, a Burbn anunciou que outro aplicativo popular entre os adeptos da fotografia no iPhone, o Hipstamatic, passaria a permitir o envio de fotos para o repositório do Instagram. E os fundadores já mencionaram que têm planos para criar uma interface na web para acesso às fotos. É algo obviamente necessário, que pode transformar o Instagram numa rede social de verdade.

Foursquare com Mafia Wars

Mas a simplicidade nem sempre foi uma marca da Burbn. A primeira tentativa de Kevin Systrom – o atual CEO da empresa – de criar um aplicativo para iPhone resultou numa ferramenta complexa e pouco amigável. Sem formação acadêmica em computação, Systrom, que trabalhava na área de marketing, aprendeu a programar sozinho nas horas vagas. Ele desenvolveu um aplicativo em HTML5, o Blurbn, que ele descreve como “uma mistura de Foursquare com Mafia Wars”.

No início de 2010, Systrom mostrou um protótipo desse app a investidores das empresas Baseline Ventures e Andreessen Horowitz. Conseguiu 500 mil dólares delas, largou o emprego e passou a se dedicar integralmente ao projeto. Mark Krieger, um paulista que mora na Califórnia desde 2004, juntou-se a ele. Krieger, que já havia trabalhado em outra startup no Vale do Silício, a Meebo, define-se como especialista em projetos de interface homem-máquina.  

Os dois começaram a testar o Burbn com amigos e logo perceberam que ele era complicado demais. Segundo a descrição do próprio Systrom, o app permitia fazer check-in em lugares, como o Foursquare. Também possibilitava planejar futuros check-ins, ganhar pontos ao encontrar amigos, publicar fotos e muito mais. Era até difícil explicar para as pessoas o que o Burbn fazia. Os dois, então, reescreveram o aplicativo seguindo uma abordagem minimalista, focada na fotografia. O resultado foi o Instagram.


O aplicativo começou a ser distribuído na App Store em outubro de 2010. Em vez de recursos complexos, ele oferecia conveniência e facilidade de uso. Teve sucesso imediato e rapidamente ascendeu à lista de aplicativos mais baixados. Hoje, é o número um entre os apps gratuitos de Foto e Vídeo na App Store americana e o número dois na brasileira.

No final de 2011, a Apple escolheu o Instagram como app do ano. Em fevereiro deste ano, a Burbn conseguiu mais 7 milhões de dólares com um grupo de investidores que inclui Jack Dorsey, um dos fundadores do Twitter. Parte do dinheiro está sendo gasta no desenvolvimento da versão para Android, que Systrom demonstrou no início de março, durante o festival South by Southwest. 

Cadê o dinheiro?

A história do Instagram revela uma notável atitude zen dos fundadores frente às pressões do mercado. O Android é o sistema operacional mais usado nos smartphones. Mas só agora a Burbn passa a oferecer um aplicativo para ele. Ainda não há uma versão para iPad. E quem quiser ver suas fotos no browser ainda precisa recorrer a serviços de terceiros como o Webstagram.

A empresa diz que prefere aperfeiçoar o produto primeiro para só depois levá-lo a mais plataformas. Krieger e Systrom também costumam fugir da pergunta básica que se faz a todas as startups, aquela sobre como eles pretendem ganhar dinheiro. O site da empresa diz que ela cogita vender recursos extras, como filtros adicionais, e que pretende experimentar diferentes modelos de negócio.

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