EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h40.
EXAME - Mais do que clientes, a Apple tem verdadeiros fãs, pessoas que vestem a camisa da empresa e sempre compram e defendem seus produtos. Qual o segredo para conseguir tamanha fidelidade?
Tim Bajarin - A Apple desenvolveu um grupo de seguidores leais do Mac - isso é uma história que remonta aos seus primeiros dias. Essa lealdade foi estendida a toda sua plataforma de produtos nos últimos 25 anos. A razão principal é que seus produtos são fáceis de usar - e, talvez tão importante quanto, porque vêm da Apple e não da Microsoft. Há um público muito grande que tem sentimentos anti-Microsoft. Para essas pessoas, o Mac sempre foi uma alternativa viável. Mas desde que a Apple mudou para a plataforma Intel (a empresa trocou os processadores IBM e Motorola por chips da Intel) e tornou mais fácil rodar programas baseados na tecnologia Microsoft num Mac, ela está chamando ainda mais atenção.
EXAME - Apesar da áurea de visionário, Steve Jobs é uma pessoa pragmática. Ele mostrou isso muitas vezes - inclusive no exemplo que o senhor mencionou, ao adotar os processadores da Intel, tradicional parceira da Microsoft. Até que ponto esse pragmatismo é importante para a Apple?
Bajarin - Sim, nos últimos anos Steve Jobs tornou-se um executivo muito mais realista. Como resultado, ele conduziu a Apple apenas para os caminhos que fazem sentido de negócios e que beneficiarão a empresa no longo prazo. É por isso que ele fechou acordo com a Intel. Este é um bom exemplo de como Jobs ajudou a Apple a se tornar mais bem sucedida num mundo dominado pelo Windows.
EXAME - A Apple conseguiu se reinventar e hoje não é mais apenas uma empresa de computação, mas uma companhia de eletrônicos de consumo. Como a Apple conseguiu ver qual caminho deveria seguir - e como chegou lá com tanto sucesso?
Bajarin - Ao longo de sua história, nem sempre a Apple foi pragmática. Na verdade, falhou diversas vezes por culpa própria. Um grande erro foi tentar forçar o Mac a ser um produto de massa para negócios no começo dos anos 90, o que apenas deixou seus tradicionais clientes bravos e levou a Apple a perder seu foco. Mas eles aprenderam com os erros. Quando Jobs voltou ao comando, ele conseguiu fazer a Apple retornar a suas raízes: oferecer grandes produtos a seus clientes principais e aproveitar esse sucesso como base para ampliar o alcance do Mac.
EXAME - Como a Apple consegue lançar tantos produtos que se tornam objetos de desejo?
Bajarin - A resposta está no foco em inovação e em estilo de Steve Jobs. E em sua insistência de que os produtos da Apple precisam ter uma excelente aparência em termos de design industrial.
EXAME - É correta a afirmação de que, mais do que criar coisas, a Apple é boa em reunir inovações de terceiros em um grande projeto?
Bajarin - Sim. A Apple entende que é preciso ter um grande equipamento, grande software e serviços empacotados juntos e bem amarrados para criar produtos que realmente façam sucesso.
EXAME - Isso explica por que a empresa consegue produzir tantos hits, mesmo não contando com um orçamento de pesquisa e desenvolvimento particularmente alto?
Bajarin - Sim. Eles estão mais interessados e focados em design - e sabem como empacotar produtos e serviços. Esse conhecimento permite que a Apple tenha performance melhor que empresas com grandes orçamentos de pesquisa e desenvolvimento.
EXAME - É possível apontar um fator que seja determinante para o sucesso da Apple?
Bajarin - A chave para seu sucesso é estilo e design industrial, amarrados junto com grande software e serviços poderosos, como o iTunes. A Apple cria seu próprio ecossistema digital, o que facilita a concepção de produtos que são bem desenhados e conectados entre si, além de serem simples de usar.
EXAME - Qual a importância de Steve Jobs para a Apple? Não é perigoso que uma empresa dependa tanto de uma única pessoa?
Bajarin - Jobs é essencial para o sucesso da Apple. Sozinho, ele garante à empresa pelo menos outros 20 bilhões de dólares em valor devido ao seu olho clínico para design e insistência em perfeição. Sim, é perigoso ter tanto poder concentrado num único indivíduo - mas essa é a realidade. Sem Jobs, a Apple seria apenas mais uma empresa de tecnologia. Mas isso não significa que a Apple fracassaria sem ele. Jobs tem líderes fortes sob seu comando, que entendem sua visão e direção e que podem atuar segundo esses preceitos por pelo menos mais três anos, se algo acontecer a Jobs.
EXAME - Qual será o impacto do iPhone para a Apple?
Bajarin - O iPhone representa um sólido terceiro negócio para a Apple, depois dos Mac e do iPod. Ele tem o potencial de adicionar mais 10 bilhões de dólares para a empresa ao longo dos próximos cinco ou sete anos. O iPhone deve ajudar a Apple a crescer e tornar-se um competidor de primeira grandeza no mercado de comunicações móveis.