Ciência

44% dos brasileiros relataram mais burnout durante pandemia, diz Microsoft

Desde início da pandemia, empresa tem desenvolvido ferramentas para melhorar relação de trabalho à distância e diminuir aspectos negativos.

Trabalho remoto: dados apontam ainda que o dia de trabalho aumentou e a falta de rotina, com a jornada de ida e volta, é um mal e não uma benesse (staticnak1983/Getty Images)

Trabalho remoto: dados apontam ainda que o dia de trabalho aumentou e a falta de rotina, com a jornada de ida e volta, é um mal e não uma benesse (staticnak1983/Getty Images)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 22 de setembro de 2020 às 12h00.

Última atualização em 22 de setembro de 2020 às 12h20.

Com várias pessoas ao redor do mundo trabalhando de casa há 6 meses por causa da pandemia de coronavírus, os primeiros dados sobre essa mudança começam a surgir. De acordo com uma pesquisa encomendada pela Microsoft e realizada pela empresa de análises Harris, 33% das pessoas que estão trabalhando remotamente dizem que a falta de separação entre trabalho e vida pessoal está impactando negativamente seu bem-estar.

A Harris ouviu mais de 6 mil pessoas ao redor do mundo, em 8 países, incluindo o Brasil. Foram inclusive os brasileiros que responderam ter a maior sensação de burnout de acordo com a pesquisa: 44% dos respondentes disseram que a pandemia aumentou esse sentimento de exaustão em relação ao trabalho. Na sequência, vêm Singapura (37%), Estados Unidos (31%), Índia (29%) e Austrália (28%).

Os dados são parte de novidades anunciadas pela Microsoft no Ignite, evento corporativo da empresa, que traz novidades para as ferramentas e softwares de trabalho. O Ignite este ano é totalmente online e começa nesta terça-feira, 22.

Ainda de acordo com a pesquisa, o fator mais estressante para os trabalhadores brasileiros foi a impossibilidade de se distanciar e a preocupação de contrair covid-19 durante o trabalho, motivo citado por 32% das pessoas que responderam à pesquisa. Outro motivo bastante citado foi o sentimento de isolamento e o distanciamento dos colegas de trabalho e de equipe.

A resposta mais comum dada pelos brasileiros é a mesma dada por trabalhadores na linha de frente, que fazem a interação de empresas com o público e outras companhias. Outro fator mencionado foi a carga de trabalho elevada.

Trabalho remoto veio para ficar

Além dos dados sobre exaustão, a pesquisa da Microsoft trouxe ainda outros pontos. Um deles é que o futuro do trabalho provavelmente vai ser moldado pela experiência que vivemos atualmente.

O Work Trend Index, divulgado pela gigante, aponta que 82% dos gerentes e líderes nas empresas esperam políticas mais flexíveis para trabalho remoto depois que a pandemia passar. O dado que inclui os empregadores e trabalhadores aponta que 71% desejam essa flexibilidade.

De acordo com Jared Spataro, vice-presidente responsável pelo Microsoft 365, os dados são impressionantes e apontam que as pessoas têm passado mais tempo em conferências e reuniões em ferramentas como o Teams do que antes da pandemia. “O dia de trabalho aumentou em quase uma hora na maioria dos países. Os dados mostram que as pessoas estão realmente trabalhando”, disse em conversa com a Exame. "Mas estamos percebendo que os humanos não são máquinas, a produtividade não é sobre trabalhar mais horas".

Spataro afirma ainda que cada mês da pandemia significou um ano de inovação tecnológica e adoção de ferramentas de transformação digital. O uso de vídeo como uma ferramenta de trabalho dobrou desde março, por exemplo. Nesse sentido a Microsoft tem focado em desenvolver funcionalidades para que o trabalho remoto seja facilitado.

“Nós não podemos fingir que sabemos o que fazer. Nós temos de falar com os consumidores, perguntar e entender as demandas”, disse Spataro, que afirmou que a empresa está apresentando soluções, como melhora nas chamadas de vídeo, ou o modo “Juntos”, que permite incluir todos as pessoas em uma call no mesmo cenário virtual.

Spataro terá um painel sobre futuro do trabalho, em que irá apresentar mais dados durante o Ignite nesta terça. É possível acompanhar a apresentação neste link.

Meditação e “metrô virtual”

Algumas rotinas deixaram de existir durante a pandemia, como a viagem até o trabalho (que em inglês é tratado pelo verbo "commute"). Em grandes cidades, como São Paulo, não ter mais que passar horas no trânsito ou no metrô foi uma bênção para muita gente. Mas uma pesquisa da Microsoft, realizada em 2017 e feita com ajuda de assistentes virtuais, aponta que a rotina de preparação antes do trabalho ajuda no foco, e uma rotina de decompressão ajuda a desligar. Para muita gente, a viagem até o trabalho tinha papel fundamental em se preparar e se distanciar de suas funções diárias.

Nesse sentido, a Microsoft fechou uma parceria com o aplicativo de meditação Headspace, que permite criar a experiência de "viagem de trabalho virtual" dentro do Teams, com ferramentas que encerram as tarefas e ligam a meditação guiada do app. "Precisamos de tempo para nos preparar e nos recuperar", reiterou Spataro.

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