São Paulo -- O fim do ano está logo aí e é hora de fazer um balanço de quem passou vexame na área de tecnologia. Como o ano não terminou, a lista dos grandes fracassos de 2013 ainda pode crescer. Mas os 14 produtos e empresas que listamos, como o tablet Surface RT, da Microsoft, têm lugar garantido nela. Confira a seguir.
Lançado em 2012, o Windows RT é o sistema operacional da Microsoft para tablets leves, concorrentes do iPad e dos dispositivos com Android. Por causa da escassez de aplicativos, da limitada oferta de tablets com RT e de outros fatores, essa variante mais leve do Windows 8 não caiu no gosto do usuário. Fabricantes que a haviam adotado foram desistindo dela ao longo do ano, deixando a Microsoft quase sozinha. É possível que a empresa abandone o Windows RT em 2014.
Anunciado em 2012, o Surface RT deveria ser a resposta da Microsoft ao iPad. Seria um tablet leve e prático, de preço razoável, que também poderia ser usado como notebook graças a uma capa com teclado. Mas o Surface RT fracassou, principalmente por ter o indesejado Windows RT a bordo. A Microsoft registrou 900 milhões de dólares de perda por depreciação de estoque. Estima-se que, em junho, havia entre 3 e 6 milhões de unidades encalhadas.
Depois de anos de decadência, a BlackBerry fez uma tentativa de recuperação, neste ano, ao lançar o elegante BlackBerry Z10 e seu novo sistema operacional BB 10. Sem dúvida, esse smartphone é superior a tudo que a empresa havia feito antes. Mas o Z10 encalhou e, em setembro, a empresa teve de declarar perda de quase 1 bilhão de dólares em unidades não vendidas. É mais um sintoma de que talvez seja tarde demais para a BlackBerry.
A Samsung vendeu 800 mil unidades do Galaxy Gear em dois meses, o que faz dele o relógio inteligente mais vendido no mundo. Mas a maioria dos especialistas que o testaram fez avaliações negativas, descrevendo-o como grandalhão e pouco funcional. E 30% das pessoas que compraram o Gear nos Estados Unidos ficaram tão decepcionadas que o devolveram à loja. É uma taxa de devolução altíssima. Por isso, ele merece estar nesta lista.
Anunciado em abril, o Facebook Home chegou a ser descrito como uma ameaça ao domínio do Google e da Apple nos smartphones. Ele ocupa a tela inicial do Android, dando acesso aos apps e à rede social. É compatível com poucos smartphones. Mesmo assim, teve 1 milhão de downloads em um mês. Mas muitos usuários logo se cansaram da torrente de notificações na tela e removeram o app. O Facebook pode até tentar novamente em 2014 e se sair bem. Mas, por enquanto, a importância do Home é quase zero.
Anunciado pelo Google em fevereiro, o Chromebook Pixel tem design elegante, ótimo desempenho e tela com a maior densidade de pixels entre todos os laptops. Como outros chromebooks, ele só roda aplicativos da web. Mas seu maior problema é o preço, que começa em 1.300 dólares nos Estados Unidos. Com esse dinheiro, compra-se um MacBook Pro com tela Retina ou meia dúzia de chromebooks básicos da Samsung ou da Acer. O resultado é que quase ninguém se interessou pelo Pixel.
A Nintendo esperava vender 5,5 milhões de unidades de seu novo console para jogos Wii U até março. Mas muitos jogadores o acharam pouco atraente perto dos concorrentes PlayStation 4 e Xbox One, que já estavam a caminho. Alguns produtores de jogos também não se convenceram e abandonaram o Wii U. Em julho, a Nintendo declarou prejuízo de 50 milhões de dólares por causa das vendas fracas do Wii U. Ela havia vendido apenas 3,6 milhões de unidades.
A Nokia liderou o mercado de celulares durante anos e chegou a ter mais de 30% de participação nele. Neste ano, suas vendas caíram tanto que ela deixou a lista dos cinco maiores fabricantes de smartphones. Por isso, a empresa, comprada pela Microsoft por 7,2 bilhões de dólares, merece estar nesta lista. Os finlandeses podem se consolar com o sucesso dos smartphones Lumia na Europa e na América Latina. Em diversos países nessas regiões, as vendas do Lumia superam as do iPhone.
Graças a Edward Snowden, agora temos uma ideia do enorme alcance das ações de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, a NSA. Mas isso só foi possível porque a segurança da NSA falhou. Ninguém esperava que um simples técnico fosse capaz de subtrair tantas informações altamente secretas dos arapongas americanos. Nesse episódio, os espiões foram os espionados.
O PlayStation 4 foi aplaudido pelas boas características técnicas e fez sucesso em muitos países ao ser lançado em novembro. No Brasil, porém, ele chegou por 3.999 reais, mais de quatro vezes o preço nos Estados Unidos, onde o console custa 399 dólares. A Sony reconheceu que o preço é “absurdo” mas não o baixou em nem um centavo. Pôs a culpa nos impostos e ainda disse que vende o PS4 com prejuízo no Brasil.
Elogiado por suas características avançadas, o Xbox One foi alvo de muitas reclamações quando a Microsoft anunciou, em junho, uma série de restrições que seu novo console teria. Ele exigiria acesso permanente à internet para validação de copyright e não permitiria empréstimo e nem revenda de games. Apesar da reação negativa, a Microsoft ainda tentou resistir. Mas voltou atrás e eliminou os bloqueios quando a Sony começou a divulgar que o PS4 não teria restrições desse tipo.
O jogo SimCity fez enorme sucesso nos anos 90 e deu origem a títulos como The Sims, outro grande sucesso. Em março, retornou em nova edição, mas o lançamento foi um desastre. O jogo exige conexão com a internet. Os servidores não aguentaram a carga de trabalho e falharam repetidamente durante vários dias. A publicadora Electronic Arts pediu desculpas e deu outro jogo grátis como compensação a quem havia comprado o SimCity.
O app Twitter #Music, lançado em abril em alguns países, foi uma tentativa do Twitter de conquistar espaço no mercado de música. Ele mostra sugestões musicais, mas o usuário só pode ouvi-las se for assinante do Rdio ou do Spotify. Senão, tem de se contentar com 30 segundos de cada faixa. Esses dois serviços de música oferecem seus próprios apps. Assim, quase ninguém viu razões para usar o do Twitter. Depois de uma breve passagem pela lista dos mais baixados da App Store, o Twitter #Music foi caindo no esquecimento. O site AllThingsD diz que a empresa deve matá-lo em breve.
Desenvolvido ao longo de três anos a um custo estimado em 634 milhões de dólares, o site Healthcare.gov, portal do novo sistema de saúde americano, apelidado Obamacare, deveria ser uma das grandes realizações do governo Obama. Mas sua estreia foi um desastre. Pouquíssimas pessoas conseguiram se cadastrar para usar o serviço. A situação ficou tão vergonhosa que empresas como Google, Oracle e Red Hat juntaram uma tropa de elite de especialistas para ajudar a consertar o site.
16. Veja também os jogos que deram o que falar em 2013:zoom_out_map
Ferramenta que permite navegar visualmente pelo mundo tornou-se peça-chave na investigação de um caso de homicídio em Tajueco, um pequeno município espanhol com apenas 56 habitantes