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Selic fica em 6,50% ao ano. Veja quanto R$ 5 mil rendem hoje

Patamar mais baixo da Selic reduz o retorno de investimentos de renda fixa. Veja simulação

Investir em dólar é alternativa para diversificação e proteção financeira. (wutwhanfoto/Thinkstock)

Investir em dólar é alternativa para diversificação e proteção financeira. (wutwhanfoto/Thinkstock)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 16 de maio de 2018 às 18h03.

Última atualização em 20 de junho de 2018 às 18h13.

São Paulo - O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu, nesta quarta-feira (16), manter a taxa básica de juros da economia em 6,50% ao ano —o menor patamar histórico.

A manutenção da Selic surpreendeu o mercado, que esperava por um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros na reunião deste mês, levando a Selic para 6,25% ao ano, segundo as projeções do Boletim Focus do Banco Central. Se isso acontecesse, seria o décimo terceiro corte consecutivo na taxa.

Mesmo com o fim do ciclo de corte da Selic, o baixo patamar da taxa continua demandando maior empenho dos investidores na busca por bons retornos, já que o país segue em queda livre no ranking de juros reais do site MoneYou em parceria com a Infinity Asset Management.

“Quando a Selic estava em torno de 14% ao ano, o juro real era muito alto. Tinha liquidez, alta rentabilidade e baixo risco. Agora, o investidor vai ter que abrir mão de uma dessas três coisas para continuar tendo os mesmos retornos de antes”, diz Gilberto Abreu, diretor de Investimentos do Santander. “As pessoas estão procurando alternativas. Isso explica mais gente entrando na Bolsa ou indo para opções mais sofisticadas de investimentos, como debêntures incentivadas e fundos de investimento.”

A diversificação, afirma Abreu, nunca foi tão importante. “Os investidores no Brasil estavam acostumados em ter retornos altos sem correr risco, ficando apenas na renda fixa. Agora, estão mais próximos da realidade internacional, onde é preciso lidar com várias aplicações para compor uma carteira que proporcione os mesmos retornos do passado”, diz.

Segundo Martin Iglesias, especialista em investimentos do Itaú Unibanco, além da queda da Selic, algumas incertezas no Brasil, como as eleições presidenciais deste ano, reforçam a necessidade de os investidores formarem um portfólio diversificado de aplicações.

“A grande questão é que o corte da Selic reduz os ganhos dos produtos pós-fixados. Tudo que tem remuneração indexada ao juro básico perde a atratividade. O pequeno investidor que vai diversificar pode ir para os fundos multimercados, por exemplo, que têm a característica de se ajustar às oscilações do mercado”, afirma.

“Quem for procurar um multimercado, tem que olhar para a volatilidade dele, a consistência dos retornos, como é feita a gestão, qual o histórico do gestor e a qualificação dele, por exemplo. Mas é preciso respeitar o apetite ao risco de cada um. Se a pessoa for conservadora, não adianta ter exposição ao multimercado porque pode se arrepender com uma eventual oscilação da rentabilidade”, completa Iglesias.

Investimentos

Além da queda na remuneração da poupança, o patamar mais baixo da Selic também reduz o retorno de outros investimentos de renda fixa, diminuindo a diferença de rentabilidade entre a caderneta e as demais aplicações —em alguns casos, a poupança pode até render mais, dependendo do prazo.

Vão render menos os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) com taxas pós-fixadas, os fundos DI; e o Tesouro Selic, título público negociado pelo Tesouro Direto que paga ao investidor a variação da taxa básica.

Essas três opções têm seu rendimento atrelado à taxa Selic ou à taxa DI (CDI), que é bem próxima ao patamar do juro básico.

Veja abaixo quanto seria o valor final da aplicação de 5 mil reais na poupança, no CDB, no fundo DI e no Tesouro Selic em diferentes prazos. Os cálculos foram feitos por Michael Viriato, professor do Laboratório de Finanças do Insper.

PeríodoPoupança*CDB 90% do CDI**Fundo DI com taxa de 1% ao ano**Tesouro Selic***
6 mesesR$ 5.112,48R$ 5.110,21R$ 5.103,36R$ 5.113,03
12 mesesR$ 5.227,50R$ 5.230,04R$ 5.215,60R$ 5.236,00
18 mesesR$ 5.345,10R$ 5.360,03R$ 5.337,19R$ 5.369,47
24 mesesR$ 5.465,35R$ 5.500,78R$ 5.468,65R$ 5.514,08
30 mesesR$ 5.588,30R$ 5.633,63R$ 5.592,52R$ 5.650,65

* A TR considerada foi zero. Não há desconto de Imposto de Renda nesta aplicação.
** Taxa DI considerada foi de 6,39% ao ano. 
*** Houve desconto de uma taxa de 0,5% (CBLC + corretagem)

Os valores já descontam o Imposto de Renda, que é cobrado em todas as aplicações, exceto na poupança, que é isenta. De acordo com a tabela regressiva do IR, para resgates em até 180 dias a alíquota é de 22,5%; de 181 dias a 360 dias o imposto cai para 20%; de 361 dias a 720 dias vai para 17,5%; e acima de 721 dias é aplicada a menor alíquota, de 15%.

Apesar de a poupança ser livre de Imposto de Renda, as simulações feitas acima mostram que as rentabilidades do CDB, fundo DI e Tesouro Selic ainda são maiores do que a da poupança nos prazos mais longos. Contudo, em prazos menores, de até 18 meses, a rentabilidade da poupança já é maior do que a de fundos DI com taxas de 1% ao ano. A caderneta também ganha de CDBs que pagam 90% do CDI no prazo de seis meses.

As simulações consideram taxas de administração e de remuneração normalmente praticadas no mercado.

Com a mudança nas regras de classificação dos fundos promovida pela associação de entidades de mercado, os fundos DI deixaram de ter uma denominação própria. Com isso, eles foram incorporados à classe de fundos de renda fixa.

As próprias gestoras puderam determinar para qual subcategoria os fundos DI iriam —a maioria foi para “Fundos de Renda Fixa Duração Baixa Soberano” ou “Fundo de Renda Fixa Duração Baixa Grau de Investimento”.

De todo modo, como os fundos que acompanham os juros continuam a ser chamados de fundos DI no mercado, o levantamento também manteve a nomenclatura. É preciso que o investidor consulte a estratégia de cada produto para checar se, de fato, trata-se de um fundo que acompanha a flutuação do CDI.

Quanto ao Tesouro Selic, deve-se considerar que, ao comprar qualquer título público, o investidor paga uma taxa de custódia de 0,3% ao ano para a B3, não importa a corretora escolhida.

Ele também pode ter de pagar um valor de corretagem, de até 2% ao ano, conforme a instituição. Algumas delas não cobram essa taxa. Veja no site do Tesouro Direto as alíquotas cobradas por cada corretora.

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