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Por que fazer um consórcio pode ser melhor do que financiar?

Ao comprar um carro, entenda quando vale a pena encarar essa modalidade de negócio para economizar

Carro: Se não puder comprar à vista, consórcio é boa opção (Thinkstock/Zhz_akey)

Carro: Se não puder comprar à vista, consórcio é boa opção (Thinkstock/Zhz_akey)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 2 de agosto de 2016 às 10h48.

São Paulo - No mundo ideal, a melhor forma de comprar um carro é investir para adquiri-lo à vista. Mas, para poupadores indisciplinados, que não têm dinheiro suficiente nem pressa para ter o veículo, fazer um consórcio é mais vantajoso do que financiar.

Ao fazer esse tipo de negócio, o consumidor entra em um grupo, administrado por uma empresa, que se reúne com o objetivo de formar uma poupança. Os integrantes pagam parcelas mensais e, a cada mês, um deles é sorteado e recebe a chamada “carta de crédito” para adquirir o bem, normalmente um carro ou um imóvel.

Se quiser antecipar a sua vez, a cada mês o comprador pode dar um lance, ou seja, antecipar parcelas. Quem der o lance mais alto leva o carro.

Diferente de um financiamento, no consórcio o consumidor não paga juros. A taxa média de juros em financiamentos de automóveis em junho foi de 26% ao ano, segundo o Banco Central.

Em vez de juros, no consórcio o consumidor paga uma taxa de administração, cuja média em abril foi de 13,51% em um período de cinco anos, prazo médio dos consórcios, segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac). 

Ou seja, em média, a taxa de juros do financiamento custa dez vezes mais que a taxa de administração do consórcio (2,7% ao ano, em média). Assim como em um financiamento, o custo total das taxas de administração dependerá do prazo de pagamento.

“Para quem não tem o hábito de poupar, o consórcio é uma forma de fazer uma poupança forçada para realizar o sonho, e essa é sua principal vantagem”, explica Marcelo Prata, especialista em financiamento e presidente do Canal do Crédito.

Assim, o consórcio funciona como uma poupança para quem tem um objetivo definido, mas não fornece rentabilidade. Sua essência é o planejamento financeiro, como explica o presidente da Abac, Paulo Roberto Rossi.

“O consórcio é para quem não precisa do bem imediatamente e por isso tem um custo menor. As pessoas substituem o imediatismo do consumo pelo planejamento financeiro”, explica.

Quando o consórcio não vale a pena

Não entre em um consórcio de olhos fechados. As taxas de administração variam muito de uma administradora para outra e, dependendo da taxa de juros oferecida pelo gerente do banco, financiar pode valer mais a pena para ter o carro logo.

Como lembra Juliana Inhasz, professora de finanças do Insper, no consórcio, o consumidor precisará contar com o fator sorte, porque não há garantia de quando será contemplado com o bem.

O sorteio é um atrativo dessa modalidade de compra e serve como motivação para poupar. “Só poupar parece desmotivador”, diz Prata, do Canal do Crédito.

No entanto, do ponto de vista financeiro, é mais inteligente investir em uma aplicação financeira para comprar o carro à vista, pois além da possibilidade de não arcar com a taxa de administração, dependendo do investimento escolhido, o consumidor ainda poupa dinheiro com rentabilidade. Mesmo se o produto de investimento tiver taxa de administração, ela certamente será menor do que a taxa média dos consórcios.

“O consórcio é uma boa opção só para quem não consegue se organizar para tentar comprar o carro à vista, porque essa é a melhor alternativa de todas”, explica Juliana, do Insper.

O passo a passo de um consórcio

Para fazer um consórcio, escolha uma das 160 administradoras autorizadas pelo Banco Central (confira o ranking por índice de reclamações).

Para isso, compare taxas de administração cobradas e prazos de pagamento oferecidos. “É importante fazer uma ampla pesquisa, porque o mercado é absolutamente livre para cobrar as taxas que quiser”, sugere Paulo Rossi, presidente da Abac.

Antes de assinar o contrato, leia com atenção todas as cláusulas. Podem ser cobradas outras taxas, de seguro ou fundo de reserva para a administradora do consórcio, como lembra Rafael Boldo, gerente da Porto Seguro Consórcio.

Escolha o valor do crédito com o qual você quer ser contemplado no final e o prazo de pagamento, conforme o valor da parcela mensal que você pode pagar.

“Sugiro planejar parcelas baixas, para garantir que você não terá dificuldades de pagar, e depois usar a carta de crédito para dar entrada em um carro de valor mais alto, se for o caso”, aconselha Prata, do Canal do Crédito.

Você poderá ser contemplado com o valor do carro por sorteio ou por um lance nas assembleias, reuniões mensais em que ocorre a distribuição dos créditos.

Se for dar um lance, você deve propor um valor maior do que o mais alto lance dado na última assembleia. É essencial preparar o bolso para isso e não se descapitalizar de todas as reservas financeiras.

Ao receber o crédito por lance ou sorteio, você tem poder de barganha para comprar o veículo à vista. Também tem a opção de não usufruir desse valor e deixar o dinheiro rendendo em uma aplicação financeira, administrado pela empresa até o final do prazo do consórcio. 

*Texto atualizado às 10h45 de 02/08/2016, com correção no valor médio da taxa de administração dos consórcios. 

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