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Trocar ou guardar: o que fazer quando sobra dólar da viagem

Quando é mais vantajoso guardar as sobras de viagem? E quando trocá-las de volta para real? Veja os cuidados que as moedas estrangeiras requerem

Euro e dólar são duas das moedas mais seguras de se armazenar (Thomas Coex/AFP)

Euro e dólar são duas das moedas mais seguras de se armazenar (Thomas Coex/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de julho de 2012 às 14h00.

São Paulo – Na volta de uma viagem ao exterior podem surgir várias dúvidas a respeito do que fazer com os dólares ou qualquer outra moeda estrangeira que tenha sobrado. Será melhor trocá-la imediatamente por reais ou guardá-la para a próxima viagem? Posso encontrar alguma dificuldade para vender o dinheiro de volta para uma casa de câmbio? E guardar moeda estrangeira em casa por muito tempo pode causar algum problema? Veja o que fazer e o que não fazer com as sobras de viagem:

Guarde só se for viajar novamente

Não existem restrições legais quanto a guardar moeda estrangeira em casa. Mas é claro que manter dinheiro vivo na gaveta, seja em moeda nacional ou estrangeira, representa um risco caso ocorra um roubo à residência. Ainda assim, se você for viajar de novo em breve, não há problema algum em aproveitar as sobras.

“Se houver perspectiva de uma nova viagem dentro de um ou dois anos é até aconselhável guardar”, diz Nelson Gasparian, diretor da casa de câmbio Cotação, do grupo Rendimento. Ele lembra que o melhor, para quem vai viajar ao exterior, é ir comprando a moeda aos poucos, para criar uma taxa de câmbio média favorável, em vez de acabar sofrendo com um pico de preços em cima da hora.

Gasparian lembra, porém, que essa ideia de dólar ou libra como reserva de valor caiu por terra. Se na época da hiperinflação brasileira comprar dólar era uma maneira de conservar o poder de compra em uma moeda estável, hoje a volatilidade da moeda americana frente ao real tornou-a um péssimo negócio para este fim. Com a inflação brasileira controlada, o risco de se especular com moeda estrangeira não compensa.

Não deixe o dinheiro criar teia de aranha na gaveta

Caso não tenha perspectiva de viajar novamente, melhor reconverter o papel-moeda novamente para reais. Deixar o dinheiro em casa por muitos anos – digamos uns cinco ou até dez anos – pode ser arriscado, e não apenas em caso de roubos ou furtos.

“É comum as cédulas passarem por atualizações de segurança para dificultar a falsificação. A nota de 50 reais, por exemplo, mudou recentemente. Quando uma pessoa guarda cédulas em casa durante anos, corre o risco de ficar com uma moeda desatualizada, que deverá ser trocada em um banco do próprio país emissor daquela moeda”, explica Gasparian.

Ele frisa que não é que o dinheiro perca o valor; ele simplesmente pode não ser mais aceito nos estabelecimentos comerciais daquele país. “Não é o caso dos Estados Unidos, onde notas emitidas em 1928 ainda circulam. Mas em outros países a moeda mais antiga pode não ser mais aceita no comércio, pois já foi recolhida ao Banco Central local”, diz o diretor da Cotação.

Esses dólares desatualizados, assim como qualquer outra moeda nesta situação, também dificilmente serão aceitos nas casas de câmbio. “Se a casa de câmbio comprar essa moeda, não terá como revendê-la, uma vez que ela não é mais aceita correntemente em seu país de origem”, completa. Ou seja, ficar com notas antigas em mãos pode acabar dando mais trabalho do que se imagina.


Cartões pré-pagos não deixam o dinheiro “envelhecer”

Já quem volta de viagem com um cartão pré-pago com sobras não precisa ter toda essa preocupação com a desatualização das notas. Só precisa ficar atento a duas coisas. Primeiro, se seu cartão tiver cobrança de taxa de inatividade por falta de uso, após determinado prazo, você vai perder um trocadinho todo mês, o que ao final de muitos anos pode zerar o seu cartão.

No caso do Visa Travel Money (VTM) emitido pelo Banco Rendimento, a taxa de inatividade só é cobrada após seis meses se houver menos de 100 dólares no cartão, e custa três dólares por mês. Já o American Express GlobalTravel Card não cobra essa taxa de inatividade. Portanto, se a sua intenção é deixar a sobra de viagem guardada no cartão, preste bastante atenção a essa informação.

“Os bancos pagam para a bandeira do cartão, então fazem essa cobrança para recuperar o valor e deixar o cartão ainda ativo”, diz Nelson Gasparian. O segundo ponto de preocupação é o fato de que o cartão pode ficar inativo após certo tempo. No caso do VTM do Banco Rendimento, após quatro anos o cartão deixa de funcionar. Mesmo assim, o usuário não perde os valores carregados. Basta comparecer a uma casa de câmbio e trocar o valor de volta para reais ou solicitar a transferência para outro pré-pago.

Outra vantagem do cartão pré-pago é a segurança, inclusive para quem quer simplesmente ir comprando moeda aos poucos antes de viajar. Ele pode ficar bloqueado em território nacional e ser desbloqueado apenas na hora de viajar. E em caso de perda, furto ou roubo, pode ser desativado e reposto, sem perda de valores.

Na hora da troca, preciso comprovar a origem de dinheiro guardado por muito tempo?

Além do problema do dinheiro ficar desatualizado, muita gente pode se perguntar se terá de comprovar a origem da moeda ao tentar trocar alguns milhares de dólares que sobraram de uma viagem feita há muitos anos. Segundo Nelson Gasparian, o portador da moeda não deve ter problemas para trocar esse dinheiro, nem precisará apresentar comprovante de origem.

“Estou falando de algo como dois, três mil reais. Mesmo que tenham se passado muitos anos desde a compra daquela moeda, é de se supor que isso é uma sobra de viagem. Agora, se o sujeito aparece com 30.000 dólares, vai ter que mostrar comprovantes emitidos por instituições financeiras brasileiras de que ele adquiriu esse valor nos últimos anos”, diz o diretor da Cotação. Ainda assim, não existe um valor máximo de troca de moeda estrangeira sem comprovação. “É uma questão de bom senso mesmo”, observa.


Não volte do exterior com moedas exóticas ou moedinhas metálicas

Casas de câmbio não trocam moedinhas metálicas nem moedas exóticas. Portanto, não volte com esses “micos” em mãos.

No primeiro caso, Nelson Gasparian explica que no Brasil ninguém quer comprar moedas metálicas, o que torna as casas de câmbio resistentes a aceitá-las. “Talvez por causa da inflação o brasileiro não desenvolveu o hábito de usar moedas no dia a dia. Aí, quando viaja, vai colocando todas as moedas em um saquinho, em vez de colocá-las para circular. Só que ao final do passeio, o saquinho virou um sacão com uma bela quantia que ele não vai conseguir recuperar”, diz o diretor da Cotação.

Em relação às moedas exóticas, de menor liquidez, Gasparian aconselha a trocá-las por dólares ou euros antes de retornar ao Brasil. O dinheiro de países como Turquia, Rússia, Peru ou Venezuela não encontram compradores no Brasil. “Um cliente outro dia chegou aqui com moeda iraniana. Eu tive de dizer que infelizmente não dava para comprá-la, e ele não tinha mais o que fazer com aquilo”, diz Gasparian.

Não guarde qualquer moeda estrangeira

Armazenar valor nessas moedas também é uma tremenda armadilha. Muitos desses países têm economias instáveis ou inflação galopante, o que pode fazer você perder muito dinheiro. É o que acontece com o peso argentino, que embora tenha bastante liquidez no Brasil, é aconselhável trocar de volta para reais imediatamente.

De acordo com Nelson Gasparian, as moedas mais líquidas e estáveis para deixar armazenadas em casa são dólar americano, dólar canadense, dólar neozelandês, dólar australiano, libra, euro, iene e franco suíço.

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