Notas de real: CDBs oferecem mesmo grau de segurança da poupança para aplicações de até 250 mil reais em um mesmo banco (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 13 de fevereiro de 2014 às 16h01.
São Paulo – As corretoras vão passar a oferecer mais opções de CDBs de bancos pequenos e médios. Esses produtos são normalmente mais rentáveis que a caderneta de poupança e que muitos fundos DI e de renda fixa. Mas o nível de risco é o mesmo da caderneta para aplicações de até 250 mil reais por CPF, por instituição financeira.
Finalmente saiu do papel nesta quarta-feira a plataforma online de negociação de CDBs já planejada pelos bancos pequenos e médios há tempos. Ela foi lançada em evento aberto à imprensa.
O Cetip Trader - Captação é fruto de uma parceria da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), entidade que reúne principalmente os bancos pequenos e médios; a Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord); e a Cetip, central depositária e de registro, negociação e liquidação de ativos e títulos.
Trata-se de uma plataforma online de negociação de títulos de renda fixa privada. Num primeiro momento, apenas serão oferecidos CDBs (títulos emitidos por bancos para captação de recursos) e Letras de Câmbio (títulos emitidos por financeiras que têm por base uma transação comercial). Veja como funciona a plataforma e os cuidados que se deve ter em relação a esses investimentos.
Os dois papéis contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para quantias até 250 mil reais por CPF em títulos de um mesmo emissor.
O acesso ao Cetip Trader - Captação não é exclusivo aos bancos pequenos e médios. “A plataforma não é limitada a associados da ABBC. Pode também acolher os bancos grandes e estrangeiros interessados”, explicou Ricardo Gelbaum, diretor de tesouraria, captação e câmbio da ABBC.
Ao contrário do que possa parecer, porém, o Cetip Trader - Captação não é uma espécie de home broker para as pessoas físicas comprarem e venderem CDBs. Apenas os emissores (bancos e financeiras) e as corretoras poderão visualizá-lo.
Por meio do Cetip Trader - Captação, as corretoras poderão comprar CDBs e outros títulos de renda fixa e distribuí-los a seus clientes da forma que desejarem. As corretoras poderão ainda “quebrar” os títulos em unidades menores, de forma que seja possível investir com valores baixos.
Não haverá, portanto, valor mínimo de aporte para que os investidores pessoas físicas possam comprar esses títulos via corretora.
Atualmente, muitas corretoras independentes já oferecem CDBs, LCIs, LCAs, debêntures e outros produtos de renda fixa privada aos seus clientes. “Hoje em dia as corretoras já têm vários produtos: distribuição de fundos, ativos de bolsa, clubes de investimento e papéis de renda fixa”, observou Carlos Souza Barros, diretor-presidente da corretora Souza Barros.
Porém, o trabalho dos corretores ainda é um pouco braçal. Eles precisam entrar em contato com cada banco ou financeira individualmente, por telefone, por exemplo.
O Cetip Trader - Captação virá substituir esse processo, concentrando todos os produtos disponíveis no mercado online, para que as corretoras possam oferecer diversas opções aos seus clientes, de acordo com o seu perfil.
Serão CDBs e LCs de diferentes prazos – de alguns dias até alguns anos – com ou sem liquidez diária e com diferentes formas de remuneração.
Eles poderão ser, por exemplo, atrelados à taxa DI (mais próxima da taxa básica de juros), pré-fixados (com remuneração acordada no ato da compra) ou pagar uma remuneração acima da inflação pelo IPCA.
O que muda de fato para o investidor
O investidor pessoa física provavelmente passará a ter acesso a uma gama maior de produtos de renda fixa emitidos por bancos e financeiras, todos oferecidos por sua corretora.
Ou seja, deve aumentar o número de corretoras que oferecem papéis de renda fixa a seus clientes, e entre aquelas que já o fazem, a quantidade e a variedade de produtos devem se elevar.
Com isso, os investidores terão ainda mais opções para ganhar remunerações altas, superiores à da caderneta de poupança, à dos CDBs de bancos grandes e à dos fundos DI e de renda fixa mais acessíveis ao pequeno investidor.
A rentabilidade que os CDBs de bancos médios oferecem em geral não está acessível a quem tem pouco dinheiro.
Enquanto que num CDB de banco médio não é difícil conseguir 100% do CDI com liquidez diária, nos bancos grandes essa remuneração não é oferecida para quem tem menos de alguns milhões de reais ou não pode deixar o dinheiro investido por dois ou três anos.
Além disso, bancos grandes não costumam oferecer produtos cuja remuneração seja corrigida pela inflação.
Ainda em testes
O Cetip Trader - Captação inicia, nesta quarta, sua temporada de testes e treinamentos com as corretoras. Elas deverão aderir voluntariamente ao sistema para receberem o acesso. Todas as corretoras que desejarem poderão participar.
Durante esse período, a plataforma ainda não será usada pelas distribuidoras para fazer operações reais. Os investimentos em CDBs continuarão sendo feitos da maneira antiga até que o sistema saia da fase de testes e entre em vigor.
De acordo com a Cetip, a Ancord e a ABBC, a ideia é que o sistema entre em funcionamento o mais rápido possível, com a data-limite sendo no final do primeiro semestre deste ano.
Mais proteção para o investidor
Além da proteção do FGC, após a estreia do Cetip Trader - Captação os investidores poderão contar com uma proteção a mais.
Trata-se do Cetip Certifica, um selo lançado no fim do ano passado pela Cetip para proteger os investidores que precisarem ser ressarcidos pelo FGC em caso de quebra do banco em que investem.
Atualmente, apenas 12 corretoras detêm este selo, que garante que todas as operações de renda fixa sejam registradas e identificadas na Cetip pelo CPF de cada investidor.
Para aderir ao Cetip Trader - Captação, as corretoras serão também obrigadas a aderir ao Cetip Certifica.
O selo evita problemas de identificação do investidor na hora em que o FGC vai ressarcir os investidores de bancos que quebraram.
A falta de identificação pode atrasar bastante esse ressarcimento, como ocorreu com o Banco BVA.
Matéria atualizada em 13 de fevereiro de 2012 às 14h08.