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Em lata, com screw cap ou rolha: vinho bom é vinho na taça

Cada vez mais inserido na cultura dos brasileiros, o vinho tem evoluído continuamente em todas as suas formas e sabores. Por que parar?

 (Catarina Bessel/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 05h49.

O que vou dizer agora pode ser polêmico: o valor do vinho não está na adega, mas na taça. É comum que muitos apreciadores guardem seus vinhos, os deixem envelhecer, mas o mercado brasileiro chegou a um ponto de amadurecimento que pede mais abertura para o novo, para o menos tradicional. Podemos nos despir um pouco das certezas e conhecer o diferente. Bom exemplo é o que aconteceu com o vinho rosé nos últimos anos. Brasileiros sempre preferiram os tintos, tinham preconceito contra os brancos e rosés. Hoje, registramos um crescimento de consumo absurdo nessa categoria, maior do que em boa parte do mundo. Quem provou gostou. Por que, então, não experimentar e gostar de outras coisas?

Do mesmo jeito, vejo muita gente torcendo o nariz para o screw cap, a tampa metálica de rosca que vem substituindo as rolhas de cortiça, sobretudo em vinhos que vêm do Novo Mundo. Pensam que é uma alternativa barata para vinhos ruins, o que não é verdade — as lojas estão cheias de vinhos excelentes vedados com screw cap. Também são bastante interessantes os novos formatos de embalagens para vinhos, como as latas e o bag-in-box, cada um com um propósito e um contexto particulares.

O vinho em lata, por exemplo, traz uma curiosidade: é melhor prová-lo direto da latinha, não na taça. Cerca de 70% do que sentimos ao degustar um vinho é proporcionado pelos aromas, que dependem do formato de sua volatilização para ser percebidos. Como a lata é bem fechada, os vinhos feitos para essa embalagem são mais fracos em termos de aromas, mas carregam propositalmente no paladar. Degustados na taça, não funcionam tão bem, pois não é esse o seu propósito.

Bebedores de vinho formam um público já propenso ao novo. Basta considerar que esse é um dos mercados mais pulverizados do mundo, no qual são lançados mais de 1 milhão de novos produtos a cada ano — o rótulo pode ser o mesmo, mas o vinho deste ano nunca será igual ao do ano passado, o que não se repete com nenhuma outra categoria industrial. Anos atrás, fiz uma pesquisa sobre o consumo de bebidas alcoólicas e nela ficou evidente que os bebedores de vinho eram os consumidores que mais gostavam de experimentar novos rótulos, com apenas 2% de fidelidade a uma marca. Já que o bebedor de vinho gosta de degustar rótulos sempre diferentes, mais um motivo para arriscar mais na hora da compra.

O paladar do brasileiro evoluiu nas últimas décadas. Muitos passaram do vinho de mesa para os rótulos de entrada e continuam evoluindo a cada dia. Mas essa evolução não significa necessariamente investir somente em vinhos de alta gama para encher a adega. Essa fase difícil que ainda estamos vivendo mostra que tanta coisa pode acontecer... Melhor beber agora, e curtir cada momento, do que deixar para depois.

 

(Divulgação/Divulgação)

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