Rafael Ivanisk, presidente e sócio da Natural One: investimento em rastreabilidade (Germano Lüders/Exame)
Karin Salomão
Publicado em 5 de novembro de 2020 às 05h40.
Graças a uma empresa brasileira, a Ásia, a Europa e os Estados Unidos estão provando sucos de frutas tropicais, como manga e goiaba. Criada há seis anos por Ricardo Ermírio de Moraes, herdeiro do grupo Votorantim e ex-presidente da Citrosuco, a maior exportadora de suco de laranja do Brasil, a Natural One está apostando nas exportações para impulsionar sua expansão.
Hoje, as vendas para 13 países representam 15% da receita; o plano é chegar a 18 países até o final de 2020. Crescendo cerca de 25% anualmente, a Natural One tem como meta faturar acima de 500 milhões de reais em 2021. “Apresentamos uma diversidade de sabores que não existe no mundo”, diz o ex-diretor da Ambev Rafael Ivanisk, que é presidente e sócio da Natural One.
A empresa acaba de dobrar sua capacidade produtiva na fábrica em Jarinu, interior de São Paulo, para processar 200 milhões de litros de suco por ano. O fundo de investimento Gávea também é sócio no negócio, que desde o início foca os sucos 100% naturais. Se na época da fundação da empresa esse segmento representava 5,6% do mercado, agora já está em 20%, segundo a Euromonitor.
Para conservar a bebida sem aditivos químicos, a Natural One usa o método da pasteurização. Assim, o suco pode ficar até oito meses na prateleira do supermercado, o que permitiu à empresa alcançar outros continentes. O esforço para agradar ao consumidor estrangeiro levou a um sistema sofisticado de rastreabilidade.
Por meio de um código QR nas garrafas, dá para acessar páginas na internet de todos os fornecedores, com nome e endereço catalogados pela Natural One em um trabalho que demorou dois anos. São apenas três produtores no caso da laranja, já que é necessário separar as frutas em silos diferentes na fábrica para manter o rastreamento das garrafas. A manga é de uma variedade específica, ubá, encontrada apenas no interior de Minas Gerais.
Os legumes e verduras que também são usados em alguns sucos, como capim-santo, beterraba, hortelã e couve, vêm de pequenos produtores familiares, segundo a empresa. No Brasil, a distribuição está aumentando. Presente em 20.000 pontos de venda em 2017, agora o suco está em 42.000, com dez sabores. Nos planos está ainda um suco de açaí — pedido dos chineses —, e a empresa estuda usar frutas menos conhecidas, como graviola, seriguela e umbu.