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Foodtech vê aumento de 40% na produtividade por vender alimentos 'feios'

Startup Diferente tem a proposta de mudar a lógica de desperdício de alimentos fora do padrão estético

Diferente: foodtech vende caixas com 8 quilos de alimentos orgânicos (Amanda Francelno/Divulgação)

Diferente: foodtech vende caixas com 8 quilos de alimentos orgânicos (Amanda Francelno/Divulgação)

Gilson Garrett Jr.
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 20 de abril de 2023 às 06h00.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que todos os anos no Brasil 27 milhões de toneladas de alimentos próprios para o consumo vão parar no lixo. O motivo? São considerados feios esteticamente. Se o ditado popular diz que quem ama o feio, bonito lhe parece, a foodtech de assinatura de alimentos orgânicos chamada Diferente coloca esse conceito à prova.

Com a proposta de mudar a lógica de desperdício de alimentos fora do padrão estético, a startup insere dentro das caixas semanais que entrega aos consumidores cerca de 30% de frutas, verduras, legumes e temperos orgânicos desprovidos de beleza, mas em ótimo estado de consumo.

“Queremos também reduzir os intermediários para entregar alimentos frescos. Compramos 100% da produção dos agricultores. Muitos deles são pequenos e não conseguiriam comercializar somente aqueles vegetais feios”, explica Eduardo Petrelli, CEO e um dos sócios da Diferente. 

As caixas têm itens selecionados previamente pelo consumidor, com aproximadamente 8 quilos de vegetais, e custam a partir de 70 reais. Com os alimentos, vêm informações sobre como aproveitar melhor os produtos, que, em alguns casos, podem ter validade menor. Como resultado desse esforço, em um ano os 200 produtores parceiros da startup chegaram a ter um aumento de produtividade de até 40% — e sem comprar um novo equipamento, usar novas tecnologias ou aumentar a área plantada. A mudança se deve à quebra da lógica estética presente no grande varejo. “O desperdício pode chegar a 15% na cadeia de alimentos frescos, e conseguimos reduzir esse número a quase zero”, afirma Petrelli.

Desperdício

(Arte/Exame)

O ganho não fica só do lado do produtor. Para o consumidor, os preços costumam ser, em média, 35% menores que em supermercados tradicionais. Segundo Petrelli, a redução é possível porque os produtos fora do padrão são vendidos a preços mais baixos pelos agricultores. Em 12 meses, a foodtech já vendeu mais de 100.000 caixas a moradores de São Paulo e mais 11 cidades do entorno — garantindo também que não haja grandes deslocamentos entre o campo e o consumidor, outro ponto determinante para reduzir o desperdício. 

Após captar 40 milhões de ­reais­­ em rodadas de investimento nos últimos meses, a Diferente projeta, para os próximos anos, uma expansão nacional do modelo de negócios. Pretende mostrar ao Brasil o que Machado de Assis preconizou em Dom Casmurro ao explicar os gostos de Capitu: “As pessoas valem o que vale a afeição da gente”.  

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