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A Beira Rio ganhou mais espaço nas vitrines

Em um ano de estagnação para o setor, a gaúcha Beira Rio aposta em novos nichos e aumenta em 11% a fabricação de calçados

Melhores e Maiores 2019: Beira Rio (Exame)

Melhores e Maiores 2019: Beira Rio (Exame)

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2019 às 04h28.

Última atualização em 29 de agosto de 2019 às 14h47.

Nos últimos quatro anos, a fabricante gaúcha de calçados Beira Rio ampliou de quatro para sete o número de marcas próprias em seu portfólio, todas voltadas para os públicos feminino e infantil. Juntas, elas responderam pela venda de quase 108 milhões de pares de calçados da Beira Rio em 2018, um crescimento de 11% em relação ao ano anterior. No mesmo período, a produção da indústria calçadista brasileira cresceu apenas 0,1%, enquanto as vendas totais do setor caíram 2,3%. “As novas marcas são uma estratégia para ampliar nossa participação no mercado”, diz Roberto Argenta, presidente da Beira Rio. “Queremos conquistar novos espaços nas vitrines dos lojistas.” Melhor empresa do setor têxtil pelo terceiro ano seguido, a Beira Rio faturou 687 milhões de dólares em 2018, 8% mais do que no ano anterior. Seu lucro, de quase 84 milhões de dólares, gerou uma rentabilidade sobre o patrimônio superior a 21%.

A mais recente aposta da Beira Rio está na marca Activitta, lançada em 2018 e dedicada à moda casual esportiva de calçados. “São tênis para passeio, não para a prática de esportes”, diz Maribel Silva, diretora comercial e de marketing da Beira Rio. “Os esportivos vêm ganhando cada vez mais evidência como produto de moda.” Com uma grande variedade de calçados para o consumidor da classe média — são 156 linhas no total —, a Beira Rio mantém um cronograma rígido de lançamentos, seguindo as tendências da moda. Quinzenalmente, cada uma de suas marcas apresenta aproximadamente 30 novos modelos de calçados, que abastecem cerca de 25.000 pontos de venda. “Essa política de lançamentos tem sido fundamental para o crescimento da empresa”, afirma Maribel. “Nosso cliente espera por inovações.”

Roberto Argenta, presidente da Beira Rio: quase 108 milhões de pares de calçados vendidos em 2018, ao preço médio de 79 reais | Marcelo Curia

No final do ano passado, a Beira Rio também fez sua estreia na produção de calçados com materiais recicláveis. Algumas linhas da sapatilha Moleca, seu carro-chefe, com um volume de vendas ao redor de 30 milhões de pares por ano, receberam solados fabricados com fibras de cana-de-açúcar e de coco em sua composição. Num primeiro momento, a estratégia da empresa é mostrar uma preocupação com o meio ambiente, mas algumas reduções no custo de produção foram possíveis com as inovações. “Buscamos sempre um diferencial de mercado”, diz Argenta. “Mas já existem pequenos ganhos em nossos custos.”

No mercado externo, o desempenho da empresa também tem se dado na contramão do setor, que viu encolher mais de 10% de suas exportações no ano passado, enquanto as da Beira Rio aumentaram 17% e alcançaram 88 milhões de dólares. Um dos diferenciais da companhia é exportar apenas calçados com marcas próprias. Nos últimos dois anos, a Beira Rio acumula um crescimento de quase 50% nos embarques ao exterior. Os principais destinos das exportações são os países da América Latina, da África e do Oriente Médio. A estratégia é procurar compradores em países quentes, com clima parecido com o do Brasil.

Por enquanto, o crescimento da Beira Rio tem sido sustentado pelas 11 unidades industriais em nove municípios do Rio Grande do Sul. Para cumprir a meta de se expandir 10% ao ano, a empresa busca aumentos de produtividade com ajustes internos. Nos últimos três anos, tem conseguido manter seus preços praticamente no mesmo patamar — a maioria dos calçados da empresa chega ao consumidor final por algo ao redor de 79 reais o par. “O desafio é continuar fabricando calçados que atendam ao desejo do consumidor por um preço que ele possa pagar”, afirma Argenta.

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