Revista Exame

O segredo da Salesforce para colocar a diversidade em prática

Priscila Castanho, da Salesforce, fala sobre como o gigante americano de software tem construído uma cultura corporativa mais diversa, igualitária e inclusiva

Priscila Castanho, diretora regional sênior de sucesso do colaborador da Salesforce no Brasil: equipe dedicada à diversidade (Marcelo Justo/Divulgação)

Priscila Castanho, diretora regional sênior de sucesso do colaborador da Salesforce no Brasil: equipe dedicada à diversidade (Marcelo Justo/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2022 às 06h00.

Última atualização em 30 de junho de 2022 às 15h16.

Desde o começo, os fundadores da Salesforce tinham um pensamento: criar um modelo diferente de empresa de tecnologia. Mais de 20 anos depois de Marc Benioff e Parker Harris escreverem as metas e os valores da companhia no verso de um envelope, essa visão permanece forte.

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A companhia sediada na Califórnia e conhecida por revolucionar a computação em nuvem é mais do que a líder global em CRM. Tem se tornado também uma referência mundial na construção de uma cultura corporativa mais diversa, inclusiva e igualitária.

O objetivo é se tornar uma organização que espelhe a comunidade ao redor. Para chegar lá, as estratégias incluem, por exemplo, um redesenho do sistema de recrutamento, uma equipe dedicada à diversidade, a parceria estreita com os grupos de igualdade, ferramentas de mapeamento do perfil dos colaboradores, treinamentos, além de uma força-tarefa para entender as lacunas e influenciar mudanças sistêmicas.

Na entrevista a seguir, Priscila Castanho, diretora regional sênior de sucesso do colaborador da Salesforce no Brasil, fala um pouco sobre como a empresa tem colocado tudo isso, de fato, em prática.

Não se discute mais a necessidade de diversidade, equidade e inclusão nas empresas. No entanto, as políticas crescem de forma lenta. O que ainda precisa evoluir?

Entre os principais pontos que ainda precisam ser avançados está o de realmente viver aquilo que se prega. Muitas empresas olham para a diversidade e a igualdade da porta para fora, mas as práticas internas e o ambiente de trabalho não refletem essas mensagens. Esses valores precisam estar incorporados no centro da estratégia e ser ativamente praticados pelas mais diferentes áreas.

Em um segmento geralmente associado a pouca diversidade como o de software, a Salesforce lidera uma mudança global. Qual é o segredo?

A igualdade é um de nossos valores centrais desde a fundação da companhia, em 1999. Acreditamos que as empresas podem ser verdadeiras plataformas para mudanças sociais profundas e, em virtude disso, promover a igualdade e a diversidade é uma de nossas responsabilidades. Promovemos a igualdade salarial desde 2015, nos esforçamos para apoiar causas importantes e criamos uma cultura de filantropia que potencializa os esforços de nossos colaboradores em doar tempo ou recursos para causas de seu interesse.

Nos Estados unidos, mais da metade dos funcionários é de grupos sub-representados. O que foi feito para atingir esse resultado?

Quando abrimos novas vagas, elas são para qualquer profissional, independentemente de raça, gênero, religião ou condição física. O ambiente de trabalho que nos esforçamos para criar é um que seja reflexo verdadeiro da sociedade, e isso só é possível quando promovemos a diversidade e a igualdade em nossos processos de contratação. Outro ponto importante é que, sem a obrigatoriedade da presença física nos escritórios para diversos cargos na companhia, conseguimos ampliar a busca por talentos para cidades e estados que antes não eram tão explorados, aumentando a representatividade dentro de nossas equipes.

No Brasil há alguma meta nesse sentido?

Embora não haja um mapeamento detalhado por etnia e gênero como ocorre nos Estados Unidos, a posição da Salesforce no Brasil é a mesma: promovemos a igualdade de oportunidades, de salário, de busca de novos talentos fora dos grandes centros urbanos e no processo de promoção interna. Temos, entre outras coisas, equipes de recrutadores que se dedicam a encontrar talentos em comunidades sub-representadas, analisar dados internos para identificar lacunas, além da criação de programas de indicação de talentos sub-representados.

Como o RH da Salesforce tem olhado para a experiência dos diferentes grupos — raciais, de gênero, etários — para reter talentos e promover seu desenvolvimento?

Não é possível criar um ambiente de trabalho verdadeiramente diverso e igualitário se não estivermos em contato com os desafios enfrentados por diferentes grupos da sociedade. Para isso, temos os grupos de igualdade dentro da empresa, os Employee Resource Groups. São diversas equipes, formadas e lideradas por colaboradores voluntários, que trabalham para transformar suas experiências de vida, origens ou interesses em comum em igualdade dentro da empresa, contando sempre com um patrocinador da liderança para ajudar a levantar a bandeira da causa e dar mais tração à iniciativa.

Como é estimulada a representatividade nas altas lideranças?

A representatividade em cargos de liderança e conselhos administrativos é muito importante. Diversidade na liderança inspira mais diversidade nas equipes e vai tornando esse processo cada vez mais autossustentável. A transparência em relação aos números também facilita a adoção de práticas para elevar a igualdade. A Salesforce mantém uma página onde atualiza anualmente seus dados sobre igualdade. Por lá é possível saber, por exemplo, que 28,5% dos cargos de vice-presidência ou superiores são ocupados por mulheres.

Um dos compromissos da companhia, desde 2015, é o de igualdade salarial entre a força de trabalho global. Como isso funciona?

A iniciativa partiu de um conceito simples: salários iguais para cargos iguais, independentemente de gênero. Apesar de sermos pioneiros na indústria de tecnologia nesse sentido e termos inspirado outras empresas a seguir o mesmo caminho, percebemos que ainda temos muito a fazer. Sempre que realizamos alguma aquisição, adquirimos também uma nova folha de pagamentos que possivelmente foi influenciada pelas dinâmicas do mercado e pelo cenário econômico. Por isso, realizamos auditorias anuais para garantir salários iguais. Divulgamos recentemente os resultados da análise do salário de quase 70.000 funcionários ao redor do mundo e notamos que 8,5% precisavam ser ajustados. Destes, 92% precisavam de ajuste por causa de gênero, e os 8% restantes eram com base em raça ou etnia. Como resultado, investimos 5,6 milhões de dólares para igualar pagamentos, ultrapassando a marca dos 22 milhões de dólares desde 2015.

Grupo de voluntários da Salesforce no estado americano da Califórnia: sete dias de folga remunerada por ano (Divulgação/Divulgação)

A Salesforce está entre os melhores lugares para trabalhar. quanto dessa reputação está relacionado à valorização da diversidade?

Quando, como empresa, nos esforçamos para criar um ambiente de trabalho seguro para que cada colaborador possa deixar transparecer sua verdadeira essência e para oferecer oportunidades iguais a todos, é natural que esse reconhecimento aconteça. Enxergamos isso como um resultado de todos os nossos esforços, e não como um objetivo a ser conquistado.

Quais são os próximos passos para continuar evoluindo nesse trabalho?

Para tornar o ambiente de trabalho cada vez mais inclusivo, a Salesforce se concentra em alguns pilares, como liderar com um mind­set global, acelerar a representação, projetar sistemas intencionais, melhorar nossos sistemas de talentos e engajar stakeholders. Todo esse trabalho não acontece de forma isolada. Vamos seguir escutando e investindo em nosso rico ecossistema de clientes, parceiros e trailblazers do mundo todo que também estão em suas jornadas de igualdade.

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